Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues No próximo 5 de outubro o Tocantins completa 37 anos e desde então busca de maturidade institucional e de estabilidade política. Desde a criação do Estado, em 1988, raros governadores conseguiram encerrar seus mandatos sem rupturas, cassações ou afastamentos. Essa marca, dolorosa para a imagem do Tocantins, impõe uma reflexão profunda: até quando a política local será dominada por crises e escândalos que minam a confiança da população? O afastamento do governador Wanderlei Barbosa, decidido pelo Superior Tribunal de Justiça recolocou o Estado nesse cenário de incertezas. A interinidade de Laurez Moreira, agora no comando do Palácio Araguaia, é fruto direto desse contexto. Mas ao contrário de outros momentos de instabilidade, a atual transição traz consigo a chance de reorganizar as prioridades do Tocantins e mostrar que é possível governar com equilíbrio, ética e responsabilidade. Laurez Moreira assume com um desafio imediato que é a construção do Orçamento de 2026, que precisa ser encaminhado à Assembleia Legislativa ainda neste ano. Não se trata apenas de uma peça técnica. O orçamento é, antes de tudo, um instrumento político e social, capaz de revelar para onde o Estado pretende caminhar, quais áreas serão priorizadas e como os recursos públicos serão aplicados. Construções dos hospitais e Gurupi e Araguaína A tarefa não é simples. O prazo é curto, inicialmente 180 dias de gestão interina, e as demandas são muitas. O Tocantins precisa ampliar investimentos em saúde, fortalecer a educação, garantir políticas sociais efetivas e avançar em obras de infraestrutura que não se limitem a promessas de palanque. Tudo isso em um cenário de limitação fiscal e de forte dependência das emendas parlamentares, tanto da bancada federal no Congresso quanto da Assembleia Legislativa. É nesse ponto que o governador interino terá de mostrar habilidade política. Construir o orçamento de 2026 exigirá diálogo amplo com prefeitos, sindicatos, servidores públicos, deputados estaduais e federais, além dos demais poderes. Será necessário abrir canais de participação popular, ouvir a sociedade e evitar que a peça orçamentária se transforme em mais um documento distante da realidade do povo. O Tocantins não pode mais se dar ao luxo do desperdício. Os escândalos que marcaram gestões anteriores feriram a autoestima da população e comprometeram a imagem do Estado. A política local precisa provar que aprendeu com os erros. Laurez Moreira, que sempre cultivou a imagem de político equilibrado e ético, tem a chance de imprimir esse selo de responsabilidade na construção do orçamento. Hidrovia no Araguaia -Tocantins Mas há um desafio que vai além da técnica e da política: a necessidade de união. O afastamento de Wanderlei Barbosa provocou fissuras e alimentou intrigas. O ambiente político está tensionado, e os “fuxiqueiros”, como sempre, encontram terreno fértil para semear boatos e intrigas. Nesse cenário, cabe a Laurez distensionar, pacificar e colocar o Tocantins no trilho do desenvolvimento. Governar, nesse momento, significa também desarmar os espíritos. A história mostra que o Tocantins, apesar das crises, não perdeu a esperança. A sociedade tocantinense continua acreditando no potencial do Estado e espera que seus líderes estejam à altura das circunstâncias. A interinidade de Laurez Moreira pode ser curta, mas o peso de suas decisões será duradouro. Se conseguir conduzir a construção do orçamento de forma participativa, transparente e focada no interesse coletivo, Laurez terá dado um passo decisivo para a sua própria biografia política, bem como para a história do Tocantins. Um Estado que já acumulou vergonha com prisões, afastamentos e cassações precisa, mais do que nunca, de maturidade e seriedade. Visita a Assembleia O presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto), deputado Amélio Cayres (Republicanos), recebeu, nesta sexta-feira, 5, uma visita institucional do governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), e de assessores diretos Essa busca por diálogo e pacificação, fundamental para a construção de um orçamento equilibrado, ganhou contornos práticos já nos primeiros dias de gestão. Em um gesto de deferência e articulação, o governador interino iniciou suas visitas institucionais pela Assembleia Legislativa, onde se reuniu com o presidente Amélio Cayres. No encontro, Laurez Moreira pregou a boa relação, bem como estabeleceu um compromisso concreto de uma agenda semanal para atender os deputados estaduais. A iniciativa, bem recebida por Amélio Cayres, sinaliza uma tentativa de construir uma base de apoio sólida e evitar as turbulências políticas que tanto marcaram o passado recente do Estado, mostrando que a habilidade para unir os poderes será fundamental para garantir a governabilidade e aprovar as pautas de interesse do Tocantins. O futuro imediato está, literalmente, nas mãos do governador interino. E o que ele fizer agora poderá significar a diferença entre mais um capítulo de instabilidade ou o início de uma nova etapa de responsabilidade política e social para o Tocantins.