PANORAMA POLÍTICO ESTADUAL

Posted On Segunda, 20 Janeiro 2020 06:31
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“BARRIGA DE ALUGUEL” PODE INVIABILIZAR PERMANENCIA DE NILTON FRANCO NO MDB; SEM CLIMA PARA ENTENDIMENTO ENTRE DIMAS E CARLESSE; CINTHIA RIBEIRO EM VOO SOLO

Por Edson Rodrigues

 

Enrolado com a Justiça e com um julgamento marcado já paro o mês de fevereiro, por conta da Operação Reis do Gado, uma investigação da Polícia Federal que encontrou desvios de mais de 800 milhões de reais dos cofres públicos do Tocantins, o ex-governador Marcelo Miranda, presidente afastado do MDB estadual, deu lugar no comando do partido ao deputado estadual Nilton Franco.

O que não se esperava era que, nos primeiros trinta dias no comando do partido, Franco tomasse decisões pessoais em nome do MDB, que acabaram o isolando das principais lideranças modebas do Estado.  Franco deu “patadas” no senador Eduardo Gomes, não quis reconhecer a eleição do Diretório Municipal de Ipueiras, articulada por Eduardo Gomes, tentou invalidar a criação da Comissão Provisória – até hoje não reconhecida pelo partido – apenas por causa da influência de Gomes e tem laços de amizade com a classe política de Ipueiras.

Tão grave quanto, Nilton Franco tentou fazer do MDB uma “barriga de aluguel”, ao tentar enfiar “goela abaixo” o prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, no MDB portuense, apoiando sua candidatura à reeleição; concedeu entrevista à imprensa afirmando que o ex-prefeito de Palmas, Raul Filho, iria se filiar ao MDB para ser candidato a prefeito de Palmas, além de ações semelhantes em vários outros municípios, agindo de forma intempestiva, aleatória e isolada, atropelando as lideranças de deputados estaduais, federais e do senador Eduardo Gomes.

 

REAÇÕES

Nos municípios a revolta com as ações de Nilton Franco (foto) já chegou ao nível do insustentável, principalmente paras as lideranças locais de Palmas, Gurupi, em que companheiros de décadas estão de malas prontas para se filiar a outros partidos, deixando o MDB enfraquecido a ver navios.

As atitudes de Nilton Franco foram repudiadas publicamente pelo deputado estadual Valdemar Júnior, presidente do MDB de Palmas, que se referiu à entrevista de Franco quanto filiação e candidatura de Raul Filho esclarecendo que, para que isso aconteça, “só se mudar o estatuto do partido, pois a prerrogativa da escolha do candidato a prefeito cabe tão somente ao diretório municipal”.

A destituição de Nilton Franco da presidência do MDB estadual já está sendo discutida nos bastidores como a única forma de sanar os estragos, interromper os rompantes de megalomania e unir, novamente, a família emedebista.

Esta semana que começa será decisiva para o futuro do MDB nas eleições de outubro.

Aguardemos o desenrolar dessa novela...

 

DIMAS X PALÁCIO ARAGUAIA

As trocas de farpas entre o governador Mauro Carlesse e o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, entre notas oficias e entrevistas raivosas, foi o ingrediente que faltava para a explosão total da ponte institucional que ainda unia os dois, colocando um fim em qualquer possibilidade de entendimento político entre Carlesse e Dimas.

O Palácio Araguaia tem muito interesse na sucessão municipal de Araguaína  e tem seu candidato natural, o ex-deputado César Halum.  Já Dimas, tem seu candidato, o seu chefe de gabinete, Wagner Rodrigues.

Enquanto Dimas pretende concorrer ao governo do Estado, Carlesse é candidato natural ao Senado nas eleições de 2022, e a cidade de Araguaína é, justamente, o segundo maior colégio eleitoral do Tocantins.

Como Dimas jamais “rezou pela cartilha do governo do Estado”, o confronto de forças em Araguaína é inveitável e crucial para as pretensões políticas dos dois em 2022, com o agravante de que Dimas não precisa “passar o chapéu” no Palácio Araguaia em busca de recursos, com recursos calculados em mais de um bilhões de reais a serem aplicados na cidade neste ano.

Por seu lado, Carlesse também tem recursos em caixa, mas para aplicar em tôo o Estado, mas precisa fazê-lo com muito cuidado em Araguaína para que Dimas não contabilize as obras do governo do Estado para a sua administração.  Ou seja, é uma briga de gigantes, sem direito a recuos de nenhum dos lados.

Nos bastidores da política araguainense corre o boato de que o Palácio Araguaia teria uma “bala de prata” para explodir com a reputação do prefeito Ronaldo Dimas, um assunto que já foi ventilado durante a campanha à reeleição de Dimas e que continua “no cartucho” até hoje, sem nunca ter sido usada.

O motivo da não utilização, continua um mistério para todos...

 

 PALMAS

De estilingue à bazuca, todas as “armas” estão direcionadas para “o telhado” da prefeita Cinthia Ribeiro, candidata à reeleição.  As portadoras das “armas” são as diversas candidaturas, de diversos segmentos partidários, que têm a pretensão de “apear” Cinthia do posto.

A questão é que todas essas armas podem acabar atirando umas nas outras e errando Cinthia Ribeiro, deixando-a incólume, vendo do alto os outros candidatos se digladiando e dividindo os votos oposicionistas, enquanto ela “voa em céu de brigadeiro”.

E mais!  Se essas mesmas candidaturas oposicionistas decidirem, em um cenário hipotético, se unir contra Cinthia, acabarão criando um “palanque Titanic”, com tantas vertentes políticas, antagonistas entre si, juntas, que o povo, certamente, desconfiará.

Não dá para crer em um palanque único formado por Carlos Amastha, Jr. Geo, Raul Filho, Wanderlei Barbosa, Milton Neres, Thiago Andrino e Ricardo Ayres.

Dá para acreditar que um palanque assim “funcionará” da mesma forma com que funcionou o formado por Marcelo Lelis, quando, liderando as pesquisas de intenção de voto com folga pelo PV, com o apoio de Siqueira Campos, para a prefeitura de Palmas, trouxe diversas lideranças das mais diferentes vertentes políticas para seu lado, incluindo Cirlene Pugliese, do MDB para seu sua vice e esqueceu que óleo e água não se misturam, acabando por ver seu eleitorado ir abandonando o barco e amargando um terceiro lugar humilhante no resultado final das urnas.

O eleitorado tocantinense não “engoliu” o “Titanic” de Marcelo Lelis, a união dos extremos, e não engolirá de novo, caso alguém esteja pensando nessa possibilidade.  O povo não é burro e está muito bem informado quanto às práticas políticas.

 

FIEL DA BALANÇA

Independente de ter milhões em caixa para obras, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro precisa ter um “DNA” para sua campanha à reeleição.  Seu “calcanhar de Aquiles” é o pouco histórico político, por isso ter uma “DNA” de peso pode ser o “fiel da balança” para que suas pretensões políticas sejam concretizadas.

No momento, esse “DNA” tem nome e sobrenome: senador Eduardo Gomes.  Apesar de estar carreando milhões em recursos públicos para a Capital do Estado, ele está fazendo o mesmo com todos os municípios, logo, isso não quer dizer que ele esteja apoiando Cinthia Ribeiro.

Cinthia precisa desse apoio de peso o mais rapidamente possível, enquanto seu futuro político está apenas em suas próprias mãos.  O senador Eduardo Gomes é a ponte que liga as pretensões da prefeita à reeleição, pois tem cacife, experiência e é excelente articulador político.

Caso cinthia Ribeiro deixe essa possibilidade passar, sua reeleição está fadada a ser um retumbante fracasso.

 

SEM ROS

Apesar dos pesares, a sucessão municipal de Palmas ainda não tem um rosto definido e, quanto mais candidatos aparecerem, melhor para Cinthia Ribeiro, que já tem seus votos e não vai precisar dividi-los com ninguém.

Pelo andar da carruagem, quem obtiver de 26 a 28% dos votos válidos para prefeito, conseguirá ser eleito. Cinthia tem o Diário oficial nas mãos e mais de 400 milhões de reais a serem investidos em obras na Capital.  Isso aumenta suas chances, mas ainda não garante sua vitória.

No jogo da sucessão em Palmas, ainda não há derrotados nem um vencedor, todos ainda têm chances.  O grande segredo será evitar os erros de estratégia. 

Esta semana será decisiva. Os modebas têm que evitar que o partido sirva de “barriga de aluguel de quanta categoria”.

O saudoso “ex-tudo” baiano, Antônio Carlos Magalhães, foi um dos maiores estrategistas políticos do Brasil.  Segundo ele, “quanto menos um homem público falar, menor é o risco de ele errar”. ACM tinha, também, o costume de nunca responder às provocações de seus “muitos” adversários.  Ele tomava conhecimento das provocações e, no máximo, escalava um de seus  aliados de menor expressão política para “dar o troco”.

Dessa forma, mantinha-se sempre acima das picuinhas políticas baianas e dos bastidores de Brasília.

Mirem-se no exemplo de ACM!