Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
No filme “A Escolha de Sofia”, de 1982, uma mãe, presa em um campo de concentração nazista, é obrigada a escolher um de seus dois filhos para morrer. Caso não faça a escolha, os dois serão mortos pelos soldados alemães.
Pois, no Tocantins, a política imita a arte.
Em 2010, a então primeira-dama Dulce Miranda teve seu nome colocado à apreciação dos eleitores, numa candidatura à deputada federal que tinha tudo para dar certo.
Dona de uma simpatia sem igual e como uma vasta folha de serviços prestados ao Tocantins e ao seu povo como secretária estadual de Ação Social, Dulce Miranda, ou apenas Dona Dulce, como era conhecida, era o alvo da mais genuína gratidão de milhares de famílias carentes, de primeiras-damas dos municípios do interior e do povo tocantinense em geral, por conta da sua desenvoltura e pragmatismo em resolver problemas que há tempos assolavam as pessoas mais necessitadas. Dulce foi a responsável pela celeridade na construção de casas populares, de creches, da implantação de programas sociais e assistencialistas que deram esperança para muita gente.
Quando se ventilou a possibilidade dela disputar uma vaga na Câmara Federal, seu nome disparou em todas as pesquisas e os percentuais de intenção de votos apontavam para uma votação histórica.
Mas esse favoritismo espontâneo e imediato foi justamente a causa do martírio de Dulce Miranda.
Isso porque, desde seus adversários da oposição até os domésticos, do mesmo grupo político do qual fazia parte, viram em Dulce Miranda não a adversária a ser batida nas urnas, mas a candidata que, de tão favorita, teria que ser impedida sequer de registrar sua candidatura.
Dessa forma, o bombardeio de boatos, insinuações e de denúncias vazias foi a arma utilizada pelos que a queriam longe das urnas para desestabilizar e inviabilizar suas pretensões políticas. E foram tantos que desestabilizaram não só sua candidatura, como também sua vida pessoal e a obrigaram a deixar até a secretaria aonde vinha fazendo um dos melhores trabalhos desde a criação do Tocantins.
Volta por cima
Mas Dona Dulce, mesmo abalada e sentida, soube refazer sua fortaleza pessoal e, com auxílio de amigos verdadeiros e até da Igreja, recuperou sua autoestima, juntou os caquinhos e sacudiu a poeira.
Agora, novamente seu nome volta a ser o líder de qualquer pesquisa de intenção de voto para uma vaga de deputada federal. Sua residência virou destino de uma verdadeira romaria de pessoas que, gratas por seus préstimos, vão até lá não para pedir, mas para garantir e oferecer apoio à sua candidatura.
Para qualquer partido, esse seria um prato cheio para arregimentar o maior número de votos possível e levar outras vagas pelo voto de legenda. Mas, ao que parece, para alguns membros do PMDB do Tocantins, o favoritismo e toda a atenção dispensada à candidatura de Dulce Miranda é um defeito, uma ameaça, um ponto a ser combatido.
Parece que os demais candidatos à deputado federal têm medo de comparar seus nomes ao de Dulce Miranda na hora da eleição e estão fazendo de tudo para minar – novamente – a candidatura da ex-primeira-dama.
Marcelo Miranda
Ante esses fatos, Marcelo Miranda já começa a reconsiderar a candidatura da esposa. Será que realmente vale à pena jogar Dona Dulce aos “leões vorazes da trairagem política”?
Estará Dona Dulce disposta a enfrentar o bombardeio da oposição, o fogo amigo dos “companheiros” e até mesmo as intrigas familiares?
Como falamos no início deste artigo, essa é a dúvida, a “Escolha de Sofia” que paira sobre o lar dos Miranda.
Virou moda
Enquanto o PMDB se digladia movi pelo medo e pela inveja, outros partidos também enfrentam seus “momentos trairagem” neste início da corrida eleitoral.
Na base governista, pelos “trinta dinheiros” do apoio do “importador auxiliares”, a história política de Siqueira Campos foi esquecida e o ex-governador foi praticamente alijado da possibilidade de se candidatar a qualquer cargo e está sendo tratado como um verdadeiro “inválido político”.
Já no PT foi a figura política de Paulo Mourão quem recebeu os dejetos do jogo político interno do seu partido e foi humilhantemente descartado, sendo impedido, também, de se candidatar a qualquer cargo, vítima de uma articulação de bastidores que veio de cima para baixo, ou seja, da cúpula nacional do partido.
Depois de um começo até promissor, parece que o Tocantins foi seriamente contaminado pelo que de pior existe na política brasileira, e virou moda o uso de artifícios imorais para ganhar espaço na briga pelo poder...
Quem viver, verá!