Caso o Congresso aprove a implantação do distritão para as eleições de 2022, cerca de 70% dos votos válidos para deputado federal podem ser desprezados, ou seja, não terão valor algum, equiparando-se aos nulos e brancos

 

 Por Bruno Boghossian

 

Levantamento feito pela Folha com base na eleição de 2018 aponta que, se o distritão estivesse valendo naquele ano, 68 milhões dos quase 100 milhões de eleitores que escolheram um candidato a deputado federal teriam dado um voto sem nenhuma influência na distribuição das 513 vagas da Câmara.

 

Isso ocorreria porque, diferentemente do atual modelo, o proporcional, o novo sistema tem como uma de suas principais características o descarte da maior parte dos votos válidos.

 

No formato em vigor hoje, a distribuição de vagas na Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais é feita proporcionalmente à soma total dos votos recebida por cada partido —ou seja, entram na conta os votos dos eleitos, dos derrotados e os da legenda.

 

O principal objetivo desse modelo é aumentar a representatividade no Legislativo, fortalecer os partidos e refletir de forma mais fidedigna a vontade do eleitorado como um todo.

 

O distritão é um sistema majoritário. Isso significa que são eleitos os candidatos mais votados em cada estado ou município. Não existe voto na legenda. E os votos direcionados aos derrotados, além dos direcionados em excesso aos eleitos, não têm nenhum efeito.

 

Ou seja, em 2018 apenas a opção de 30 milhões de brasileiros que escolheram um candidato a deputado federal em todo o Brasil teria tido peso —um contingente de votos válidos que representa mais do que o dobro disso, vindo de 68,4 milhões de eleitores, seria descartado.

 

Derrotado já por duas vezes pela Câmara, nos últimos anos, o distritão voltou novamente à ordem do dia pela pressão de deputados que temem não conseguir se reeleger pelo atual modelo.

 

Arthur Lira (PP-AL),  presidente da Câmara dos Deputados

 

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deu impulso à discussão, que está em uma comissão especial, mas tem dado sinais de que pode ceder à pressão de dirigentes partidários que são contra a mudança.

 

Para valer em 2022, o novo modelo tem que ser aprovado e promulgado até o início de outubro pelo Congresso, com o apoio de pelo menos 60% dos deputados federais e senadores.

 

Especialistas apontam que o distritão enfraquece os partidos e fortalece o personalismo, com tendência de beneficiar políticos bem colocados e celebridades.

 

Os números de 2018 mostram o impacto dessa possível mudança. Caso o distritão fosse o sistema vigente naquela disputa, 16 milhões de votos dados pelos eleitores de São Paulo para deputado federal não teriam influência na escolha dos 70 parlamentares do estado.

 

O recordista Eduardo Bolsonaro (PSL), com 1.843.735 votos, e o 70º colocado, Abou Anni (PSL), com 69.256, teriam o mesmo peso na disputa.

 

No sistema proporcional, os 1.774.479 votos excedentes de Eduardo Bolsonaro entram na conta que define a distribuição de vagas para cada partido e ajudam a “puxar” outros candidatos da mesma sigla. No distritão, eles seriam desprezados.

 

Em 2018 houve uma onda nacional em torno da candidatura de Jair Bolsonaro, então no PSL, o que elevou o número de cadeiras do partido na Câmara dos Deputados. Se o distritão estivesse em vigor naquele ano, o PSL teria 10 vagas a menos. Na outra ponta, o PSDB teria 12 a mais.

 

O cientista político Jairo Nicolau aponta que o distritão reduz a representatividade do eleitorado na política.

 

“Eu voto em alguém que perdeu e não tenho uma repescagem para esse voto, para fazer com que ele tenha alguma representação. O distritão leva isso ao extremo. Se eu voto em alguém que não entrou, esse voto tem o mesmo peso de um voto nulo ou em branco”, diz.

 

Já Carlos Melo, professor do Insper, afirma que o país deveria esperar o resultado de reformas eleitorais recentes, como o fim das coligações —que dificultou a eleição de candidatos de partidos nanicos—, antes de votar novas mudanças.

 

Ele destaca que o distritão aumenta o personalismo nas eleições para Câmaras e Assembleias Legislativas.

 

“Favorece o BBB, a celebridade despolitizada, o cara que tem mais dinheiro ou que tem uma máquina por trás, uma igreja ou uma organização da sociedade civil. Mas prejudica muito a disputa entre iguais”, declara.

 

No modelo do distritão, o percentual de votos desprezados varia de estado para estado, a depender do desempenho dos candidatos.

 

 

No Distrito Federal, no Rio e em São Paulo, a lista de deputados eleitos seria formada com pouco mais de 20% dos votos válidos. Os demais não teriam influência na distribuição de vagas. Já no Tocantins, 45% dos votos válidos entrariam na escolha dos 8 deputados federais do estado.

 

Em 2018, o uso do distritão teria feito com que 64 das 513 cadeiras da Câmara mudassem de dono. Os principais beneficiários desse modelo seriam políticos veteranos, que acabaram ficando sem vaga com o sistema proporcional.

 

São os casos de Julio Lopes (PP-RJ), Leonardo Picciani (MDB-RJ), Marcus Pestana (PSDB-MG), Ronaldo Nogueira (PTB-RS) e Missionário José Olímpio (DEM-SP).

 

O distritão teria deixado de fora da Câmara candidatos que se beneficiaram dos votos dados em suas coligações e que não teriam votos suficientes para se eleger sozinhos.

 

Ficariam sem vagas Fábio Faria (PSD-RN), Celina Leão (PP-DF), Major Vitor Hugo (PSL-GO), Daniel Silveira (PSL-RJ), Orlando Silva (PC do B-SP) e Joenia Wapichana (Rede-RR).

 

Um dos argumentos a favor do distritão é a simplicidade de um modelo que elege apenas os mais votados, em comparação com o mecanismo complexo de distribuição de vagas do sistema proporcional.

 

O distritão também acaba com o fenômeno Enéas Carneiro ou Tiririca, grandes puxadores de voto que levaram para a Câmara colegas de partido com pequena votação.

 

Jairo Nicolau afirma que o argumento da simplificação do sistema não deveria ser suficiente para justificar a mudança.

 

“Muita gente não sabe que hoje o voto é agregado por partido e coligação; O voto é partidário, vai para uma cesta. De fato, o distritão é mais simples, mas a simplicidade é um fator lateral na escolha de um sistema eleitoral”, diz.

 

Carlos Melo afirma que “não há sistema perfeito”, mas diz que o distritão tem mais problemas do que virtudes.

 

“O voto proporcional, com todos os problemas que ele tem, traz a pluralidade da sociedade. Você respeita o poder que o partido teve. É bom saber que, quando você vota num deputado de um partido, mesmo que ele não se eleja, esse voto vai valer para um outro candidato desse mesmo partido. É um mal menor.”

 

No começo do mês um grupo de 35 entidades e especialistas lançou uma campanha para tentar barrar retrocessos na lei eleitoral, entre elas a adoção do distritão.

 

"No sistema majoritário, ocupam as cadeiras os candidatos individualmente mais votados, sem importar a quantidade de votos recebida pelo seu partido. Isso enfraquece os partidos, dificulta a representatividade de minorias no Parlamento e favorece os candidatos que já são muito conhecidos ou que têm dinheiro para fazer campanhas mais caras", diz manifesto feito pelo grupo.

 

Proporcional x distritão

 

Congresso avalia, mais uma vez, aprovar emenda à Constituição para alterar o sistema de eleição de vereadores, deputados estaduais e deputados federais

 

COMO É HOJE

 

Sistema proporcional 

 

O eleitor vota em candidatos ou na legenda

 

As cadeiras são distribuídas com base na votação total do partido e de todos os seus candidatos, mesmo aqueles que não forem eleitos

 

Por isso, às vezes um candidato é eleito mesmo recebendo menos votos do que um concorrente. Basta ele pertencer a um partido que tenha reunido, no total, mais votos (na legenda e na soma dos candidatos)

 

PROPOSTA

 

Distritão

 

São eleitos os mais votados em cada estado

 

Por exemplo: em São Paulo, os 70 candidatos mais votados preenchem as 70 cadeiras do estado na Câmara

 

Os votos em candidatos não eleitos não influenciam a distribuição das cadeiras. Os votos dados em excesso aos eleitos também não —se um candidato recebeu 500 mil votos, mas bastariam 100 mil para se eleger, os 400 mil excedentes não têm peso

 

SE O DISTRITÃO ESTIVESSE VALENDO EM 2018

 

30,5% dos votos válidos elegeriam os 513 deputados

69,5% dos votos válidos não teriam nenhum peso nessa eleição

Com isso, 68 milhões de votos para deputado seriam desprezados

 No Distrito Federal, 78% dos votos não teriam peso

No Acre, esse índice seria de 55%

 

Exemplos de parlamentares que teriam ficado sem vaga na Câmara:

 

Daniel Silveira (PSL-RJ)

Fábio Faria (PSD-RN)

Joenia Wapichana (Rede-RR)

 

Exemplos de parlamentares que​ teriam conseguido vaga na Câmara:

 

Missionário José Olimpio (DEM-SP)

Leonardo Picciani (MDB-RJ)

Ronaldo Nogueira (PTB-RS)

 

 

Posted On Segunda, 21 Junho 2021 06:02 Escrito por

Diante da completa paralisia de instituições e agentes políticos que poderiam colocar em risco o mandato de Jair Bolsonaro, a CPI da Pandemia se transformou na principal aposta da oposição para tentar enfraquecer o governo.

 

Por Rafael Moraes Moura 13 horas atrás

 

O diagnóstico dos oposicionistas é que nem a Procuradoria-geral da República (PGR), nem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nem a Presidência da Câmara dos Deputados, que detêm, cada um a sua maneira, armas que poderiam conter arroubos presidenciais, têm hoje disposição de bater de frente com o chefe do Executivo.

 

No TSE ainda tramitam quatro ações que investigam a chapa formada com o vice Hamilton Mourão nas eleições de 2018, mas as chances dos ministros de cassar o chefe do Executivo são praticamente nulas. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), por sua vez, está decidido a não levar adiante os 115 pedidos de impeachment protocolados contra o ex-capitão. Na PGR, Augusto Aras é criticado reservadamente por colegas por, na visão deles, poupar Bolsonaro de investigações sobre a atuação do governo no enfrentamento da pandemia.

 

Desde que foi criada, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI se tornou um palanque para expor as trapalhadas em série do Executivo no combate ao coronavírus. “A CPI tem incomodado muito o governo. Não é a toa que toda semana o presidente faz algum tipo de manifestação contra seus integrantes”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE). Para o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a inércia da PGR, que pouco se mobilizou para apurar a responsabilidade do governo federal no colapso do sistema de saúde durante a pandemia, levou o Senado a assumir a linha de frente na investigação das falhas da administração Bolsonaro. “Se a PGR tivesse atuado quando o presidente disse que era uma gripezinha e tentou obstruir medidas sanitárias não estaríamos com essa tragédia”, diz Randolfe.

 

Aras já sinalizou nos bastidores que pretende arquivar outra pedra no sapato do presidente: o inquérito que investiga se o chefe do Executivo tentou intervir politicamente na Polícia Federal. O caso foi aberto em abril do ano passado após Sergio Moro deixar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas até agora o Supremo não decidiu de que forma o ex-capitão deve prestar esclarecimentos sobre o tema, se pessoalmente ou por escrito. Bolsonaro não esconde o que considera uma escolha acertada para a chefia do Ministério Público Federal e a interlocutores já sinalizou a disposição de reconduzir o procurador-geral para mais dois anos no cargo.

 

No Tribunal Superior Eleitoral, embora ainda tramitem ações que pedem a cassação da chapa presidencial por supostamente ter se beneficiado eleitoralmente com o disparo em massa de mensagens na última campanha, os processos carecem de provas mais robustas. É que o relator do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ainda não decidiu compartilhar com a Justiça Eleitoral evidências que colheu na investigação feita pelo STF. Moraes é um personagem central no desfecho da pendenga eleitoral porque partiu dele a ordem para a quebra de sigilos de empresários bolsonaristas e para a coleta de material que poderia responsabilizar o presidente pelos disparos. O mais provável é que a discussão sobre o envio ou não das provas para vitaminar os pedidos de cassação ocorra nos próximos meses, quando o Planalto espera a recuperação da popularidade do presidente com o avanço da imunização contra a Covid-19 e uma melhora no cenário econômico.

 

Apesar de, neste cenário, a CPI da Pandemia ser o caminho mais promissor da oposição para desgastar o governo, a estratégia pode não surtir os efeitos esperados. “O problema da comissão, a meu ver, é que ela não encontra ainda um eco forte nas ruas”, opina o cientista político Paulo Kramer, que ajudou a formular o programa de governo de Bolsonaro em 2018. Mesmo com baixa popularidade, o presidente conta com um núcleo aguerrido de bolsonaristas dispostos a mantê-lo no cargo e surfa na onda antipetista, que segue forte mesmo com o desmanche da Lava-Jato.

 

 

Posted On Domingo, 13 Junho 2021 05:43 Escrito por

Denunciar hipócritas. Essa talvez seja uma das principais missões do meu trabalho como comentarista desde que lancei meu best-seller Esquerda Caviar. Posso compreender que nada na vida, muito menos na política, será totalmente transparente. Não sou ingênuo a esse ponto. Mas deveria haver um limite para a cara de pau de quem vive de aparências falsas

 

Por Rodrigo Constantino

 

O governador João Agripino Doria, por exemplo, ultrapassa e muito esse limite. Basicamente tudo nele remete a uma personagem artificialmente criada para fins eleitorais. O homem é uma farsa, em suma. Assumiu o figurino de "bastião da ciência" e ninguém aguenta viver 24 horas por dia com máscara. Aí ele é flagrado em Miami sem o pedaço de pano e foge pela tangente.

 

Dessa vez não há como colocar a culpa em reuniões - entre Natal e Réveillon! Doria mantém as fases coloridas em São Paulo, impossibilitando trabalhadores de ganharem seu pão diário, mas achou adequado ir para um hotel de luxo no Rio se bronzear na piscina - sem máscara. Vitamina D para ele, prisão para os outros?

 

O governador alega que "não causou aglomerações". Fecha parcialmente o estado que administra e vai ao Rio pegar sol em hotel. Segue sendo um hipócrita. E o problema de se criar uma personagem de olho apenas em eleição é que cedo ou tarde a máscara vem abaixo. Aliás, eis sinônimos para máscara no dicionário: fachada, aparência, fingimento, falsidade, hipocrisia, disfarce, dissimulação. Sim, Doria é um político mascarado!

 

Ex-presidente Lula e ex-presidente Jose Sarney 

 

E por falar em máscaras... Doria disse que ligou para a Dra. Luana Araújo após a CPI e a convidou para o Comitê de Combate ao Covid de SP. Então é assim que ele escolhe seus especialistas? Por dizer o que ele quer ouvir? Não busca experiência, publicações relevantes, atendimento prático? É só lacrar que importa?

 

Se fosse para formar uma dupla musical, Agripino e a Leoa, tudo bem, ninguém tem nada com isso. Mas estamos falando de saúde pública, de vidas! Basta chamar, como faz o próprio Agripino, milhares de médicos de "terraplanistas" que é contratada? Qual a real experiência dessa senhora, que afastava a máscara o tempo todo no depoimento para ser flagrada pelas câmeras, e depois ficou deslumbrada com os novos seguidores? Eis o que ela dizia sobre máscaras antes:

 

Alexandre Garcia comentou sobre o assunto: "A CPI da Covid está em uma encruzilhada. Os senadores ainda não conseguiram nada e estão fazendo o maior fiasco. Teve até parlamentar dizendo que uma das médicas, que se revelou uma impostora, era um feixe de luz."

 

Guilherme Fiuza partiu para a ironia diante do descalabro. Em sua coluna, ele apontou para a tremenda hipocrisia dos que demonizavam a Copa América, mas aplaudem todos os outros jogos que acontecem no país. É tudo politicagem barata. Diz Fiuza:

 

Renan Calheiros disse que a Copa América é o campeonato da morte. Alerta importante. Como já notou qualquer um que acompanha o noticiário nacional, hoje a principal referência científica no país é Renan Calheiros. Os brasileiros estavam perdidos em meio à pandemia até aparecer o oráculo das Alagoas para dar-lhes o norte (e o sul, o leste e o oeste). O que ele por ventura não saiba (o que é raríssimo) aquela médica-cantora que fez um sensacional dueto com ele na CPI explica em uma frase. Isso é o bom da ciência moderna: não tem muita conversa, é tudo pá-pum.

 

Estamos vendo um show macabro de canalhice em plena pandemia, com oportunistas explorando a doença para seus objetivos políticos. A turma "doriana" tem sido a mais oportunista nessa história toda. Os tucanos, em geral, são petistas envergonhados. Percival Puggina escreveu um texto afirmando que FHC é um petista enrustido, e constata: "FHC sempre viu Lula e o petismo como subprodutos de seu próprio projeto para o Brasil e para o continente. Há diferenças, por certo, entre ambos. A maior delas é de natureza psicológica. Lula gostaria de ter sido FHC e este gostaria de ter sido Lula."

 

Por falar em FHC... a Gazeta do Povo publicou uma reportagem do Gabriel de Arruda Castro sobre a montanha de dinheiro que o bilionário especulador George Soros doa para entidades brasileiras. Todas de esquerda, claro. Entre elas, o Instituto FHC. A Fundação Open Society, comandada pelo bilionário George Soros, distribuiu cerca de US$ 32 milhões a organizações brasileiras entre 2016 e 2019. O valor equivale a aproximadamente R$ 117 milhões.

 

O montante da Open Society aplicado no Brasil muito provavelmente é ainda maior, já que algumas das entidades internacionais financiadas pela Open Society atuam em diversos países ao mesmo tempo. Além disso, a organização distribui recursos diretamente a pesquisadores individuais. Esse montante não foi incluído no cálculo feito pela reportagem. Eis uma lista de beneficiados:

 

A legalização das drogas talvez seja o tema mais turbinado pela fortuna do bilionário. Aos idiotas (ou dissimulados) que debocham de quem fala em globalismo, eis aí a prova viva do fenômeno. A esquerda radical é muito organizada e conta com financiamento centralizado. Tem método!

 

Enquanto isso, no fim de semana, o colunista da Folha questiona sobre a necessidade de existência do Exército. Helio Schwartsman, o mesmo que desejou a morte de Bolsonaro com argumentos "racionais" e "pragmáticos", alegou que o custo pode não compensar o benefício.

 

O sujeito ainda publicou essa peça de estupidez no dia 6 de junho, aniversário do D-Day em 1944, quando as forças aliadas desembarcaram na Normandia para derrotar nazistas. Eram militares, não dementes disfarçados de jornalistas que ganham a vida escrevendo besteira. É mais fácil viver assim quando se tem a liberdade protegida por militares como acontece no Ocidente, não é mesmo?

 

A esquerda é basicamente isso: muita hipocrisia, uma visão puramente estética de mundo, onde as aparências importam muito mais do que os resultados concretos, e tudo isso turbinado por uma montanha de recursos de bilionários que fizeram suas fortunas no capitalismo. A esquerda é tão sincera e verdadeira quanto uma nota de três reais...

 

Do site Gazeta  do Povo

 

*As opiniões não representam necessariamente a opinião do site

 

Posted On Segunda, 07 Junho 2021 11:29 Escrito por

O assunto já não é novinho, mas confesso que sofri um certo bloqueio para falar dos julgamentos do STF sobre Lula e a Lava Jato, na semana passada. Eu estava irritado, frustrado, o que pode ser útil para um post nas redes sociais, mas não para o que pretende ser uma coluna de análise política. Quem continua falando quando está irritado acaba soando como Jair Bolsonaro, ou como um ministro do STF batendo boca com os colegas...

 

Por Carlos Graieb

 

Deixei passar o fim de semana, assisti umas séries no Netflix e resolvi recomeçar hoje, voltando aos princípios.

 

Esta coluna procura sempre expressar um ponto de vista moderado. Isso não significa ficar em cima do muro, nem falar de forma sempre branda e comportada. Se você tiver interesse e paciência, pode dar uma espiada em um texto que escrevi há algum tempo sobre a política da moderação. Mas, para o que interessa neste momento, basta dizer que nada é mais importante na política da moderação do que defender e respeitar as regras do Estado de Direito.

 

Isso implica fazer um esforço para separar os aspectos jurídicos e políticos do caso de Lula na Lava Jato.

 

Não é fácil, porque em diversas passagens dessa história parece ter havido uma contaminação do jurídico pelo político. Mas, no fim do dia, é preciso que a gente se contente com isto: os processos cumpriram o seu trajeto e tiveram seu desfecho decidido no plenário do STF, depois dos devidos debates e justificativas.

 

Não havia nada de inescapável nas decisões tomadas pelo STF nas últimas semanas. Em cada uma delas, o desfecho poderia ter sido diferente. A Lava Jato foi um caso tão grande, tão complexo e tão sem precedentes que muitas teses e muitos consensos mudaram no correr do processo.

 

A questão da competência da Justiça Federal de Curitiba, por exemplo. Não haveria absolutamente nada de absurdo em concentrar as ações da Lava Jato em Curitiba, uma vez que o esquema de corrupção descoberto pela operação se espraiou por diversas estatais. Há regras de conexão e continência no processo penal que poderiam embasar essa escolha.

 

No entanto, depois de muita ida e vinda, o STF fechou questão: só crimes ligados à Petrobras seriam julgados na vara de Sérgio Moro. Como já disseram vários ministros, foi uma “construção” que se deu ao longo do tempo. E também não há nada de absurdo nela, mesmo que o resultado tenha sido a anulação dos processos de Lula, por não se haver estabelecido uma ligação direta entre o dinheiro do petrolão e os benefícios supostamente recebidos pelo petista. A tese acata o importantíssimo princípio do juízo natural.

 

Outro tema: a suspeição de Moro. Ele foi declarado suspeito para julgar Lula por apenas três juízes da Segunda Turma do STF. Edson Fachin levantou uma tese que poderia tornar essa decisão sem efeito, fazendo com que a parcialidade ou imparcialidade de Moro voltasse a ser discutida em outro momento, possivelmente com outro desfecho. O colegiado poderia ter aderido à sua tese. Seria uma decisão legítima.

 

Mas não foi o que aconteceu. A maioria dos ministros (entre eles, alguns que não considerariam Moro suspeito, se tivessem a oportunidade de votar sobre o assunto) concordou que sentenças proferidas em uma das duas turmas do tribunal, em ações semelhantes, jamais passam por revisão no plenário. Fazer diferente seria dar a Lula um tratamento que outros réus, para o bem ou para o mal, não recebem. São razões sólidas. A suspeição foi mantida, sem discussão de seu mérito. Ponto final.

 

Sim, tudo poderia ser diferente. Mas as decisões estão aí. Foram tomadas no plenário do STF, com o necessário embasamento. E, repito, isso tem de bastar.

 

Lula está livre. Nada o impede de participar das eleições de 2022. Digo mais: quase nada o ameaça de ser declarado culpado pelas tramoias do petrolão.

 

É verdade que o juízo de que Sérgio Moro não foi imparcial ao processar o ex-presidente só vale, por enquanto, para o caso do triplex do Guarujá. Mas são altíssimas as chances de que ele seja estendido aos processos do sítio de Atibaia, do Instituto Lula e do apartamento de São Bernardo.

 

Pode haver novas ações contra Lula, agora conduzidas pela Justiça Federal em Brasília. Assumindo que a suspeição de Moro seja estendida, no entanto, qualquer novo processo terá de começar do zero. Será difícil, a esta altura do campeonato, coletar evidências de atos praticados vários anos atrás. Ainda que se consiga, a investigação vai demorar bastante. Assim, ficam próximas de 100% as probabilidades de já estarem prescritos os crimes que por acaso sejam atribuídos a Lula, se ocorrer um julgamento.

 

A Lava Jato morreu para Lula. Ele está livre, e tudo indica que assim vai ficar. Como todo mundo é inocente até que se prove o contrário, ele pode até mesmo se gabar de sua inocência. Nem sequer há processo correndo contra ele.

 

Mas tudo isso tem a ver com a Justiça. Não é preciso que o mesmo julgamento se aplique à política.

 

Se hoje não se pode dizer que Lula recebeu propina por meio da reforma de um sítio ou de um apartamento na praia – pois as provas para sustentar essas teses deixaram inclusive de existir para a Justiça – ninguém precisa acreditar que ele não sabia que o PT, que ele controlava com mão de ferro, se beneficiou de um esquema que desviou bilhões de reais da Petrobras. Ninguém precisa acreditar que ele não colheu vantagens políticas desse esquema, nas eleições presidenciais e na manutenção de uma base de apoio no Congresso.

 

Eu acho que os protagonistas da Lava Jato se perderam a certa altura. O fato de Moro aceitar um cargo de ministro no governo Bolsonaro foi um erro brutal. As conversas entre ele e os procuradores da operação revelam mais do que pecadilhos. Eles parecem ter sido mesmo tomados pela sanha de condenar. A condenação de Lula numa ação capenga como a do triplex não deveria ter acontecido: se não se conseguiu provar o crime, paciência.

 

Mas isso não significa que Lula, o petista, o chefão de um partido político, seja um pobre de um perseguido. Para o julgamento da política, continuam existindo os milhares de páginas de depoimentos de empreiteiros, todas as anotações do departamento da propina da Odebrecht e documentos afins.

 

Quem aperta os botões da urna eletrônica não manda ninguém para a cadeia, mas impede que chegue ao poder. Para mim, já é bastante coisa que Lula seja julgado pelas urnas.

 

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PS: Antes que alguém se confunda, não quero a reeleição de Bolsonaro. Vade retro. Mas também não quero Lula de volta ao Planalto. Vade retro, idem. Se 2022 nos condenar à horrível escolha, voltamos a conversar. Hoje, torço para que surja uma outra opção.

 

* Carlos Graieb - Foi secretário de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo (2017-2018)

Posted On Terça, 27 Abril 2021 03:21 Escrito por

Por Antônio Augusto de Queiroz*

 

As CPIs perderam destaque como meio de investigação com as novas leis de transparência – conflito de interesse, lei de acesso à informação, de responsabilização da pessoa jurídica e de delação premiada – mas continuam importantes, especialmente quando o tema tem apelo popular e o governo investigado não conta com maioria no colegiado, como na CPI da Covid.

 

O resultado dessa CPI, de maioria oposicionista, dependerá, em grande medida, de dois atores-chave: o senador Omar Aziz, cotado para ser presidente, e senador Renan Calheiros, possível relator. O primeiro, considerado independente, possui poder de agenda e controla as reuniões, as votações e as convocações de autoridades, mas não tem como impedir eventual prorrogação, que depende de requerimento de 1/3 da Casa. O segundo, crítico feroz do governo, possui o principal poder, que é o de inquirir os investigados, elaborar o relatório e propor punições e mudanças legais para evitar que as irregularidades se repitam.

 

A sorte do governo Bolsonaro será selada nessa CPI, mas ele poderá ser beneficiado: a) pela ampliação do escopo da CPI, b) pela perda de poder das CPIs em geral, e c) pelo fato de contar com um aliado na presidência, já que o natural seria que fosse presidida pelo autor do requerimento, senador Randolfe Rodrigues, um opositor contundente, que teria aceitado o cargo de vice-presidente. Consequências certas: paralisia da agenda governamental e pressão por verbas e cargos.

 

* ANALISTA E CONSULTOR POLÍTICO EM BRASÍLIA.

 

Posted On Sábado, 17 Abril 2021 06:04 Escrito por
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