Em setembro, o índice oficial que mede a inflação ultrapassou os dois dígitos nos últimos 12 meses pela primeira vez desde 2016, com alta acumulada de 10,25%
Por Rayane Rocha*da CNN
A inflação já reduziu em R$ 11,1 bilhões o salário dos brasileiros nos seis primeiros meses deste ano, segundo cálculo do economista da Tendências Consultoria Lucas Assis.
Com base em previsões feitas pela empresa na primeira semana de 2021, Assis diz que a quantidade total de ganhos dos trabalhadores do país atingiria um nível muito superior ao resultado registrado.
O balanço considera a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo), relativo ao período entre janeiro e julho.
Em setembro, o índice ultrapassou os dois dígitos nos últimos 12 meses pela primeira vez desde 2016, com alta acumulada de 10,25%. O valor fica muito acima da meta estabelecida pelo governo, de 5,25%. O centro da meta é de 3,75% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Essa escalada dos preços gera impactos diretos na massa de renda habitual de todos os trabalhadores, diz o economista.
A análise da Tendência Consultoria considera apenas os ganhos reais dos rendimentos da chamada massa habitual do trabalho. Dessa forma, o levantamento não mensura os efeitos da inflação no consumo de itens essenciais, como alimentos, combustíveis e energia elétrica.
De acordo com a entidade, a inflação provoca perdas não apenas nos salários: ela afeta ainda outras fontes de renda, como o auxílio emergencial, os benefícios da Previdência e programas sociais como o Bolsa Família.
Além disso, conforme a taxa sobe, o consumo de itens de primeira necessidade também fica mais caro. “Mesmo que a população recebesse uma quantia maior, a renda disponível para consumo não contaria com incremento na mesma grandeza, pois, a despeito de haver maior salário, os custos dos bens e serviços a serem pagos também estariam mais elevados”, diz Assis.
O economista lembra ainda que a leitura dos dados também pode ser influenciada por mais variáveis. “No início do ano, as projeções levavam em conta um PIB (Produto Interno Bruto) de 2,9% em 2021. Hoje, esse número é maior, em torno de 5%”, avalia. “Ao passo que, a perspectiva para o crescimento da população ocupada no ano era superior a 5,5%. Atualmente, esse número é de 4%”.
*Sob supervisão de Stéfano Salles
Números são da Secretaria de Comércio Exterior
Por Luciano Nascimento
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,102 bilhão na segunda semana de outubro, segundo boletim preliminar divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério da Economia.
O valor é resultado de exportações somando US$ 6,183 bilhões e importações de US$ 5,081 bilhões. No mês, as exportações atingem US$ 7,899 bilhões e as importações, US$ 5,971 bi, com saldo positivo de US$ 1,929 bilhão.
Segundo a Secex, no ano as exportações totalizam US$ 221,25 bilhões e as importações, US$ 162,746 bilhões, com saldo positivo de US$ 58,504 bilhões. A balança corrente de comércio somou US$ 383,996 bilhões.
No comparativo médio entre a segunda semana de outubro de 2021 (US$ 1.316,53 milhão) e a de outubro de 2020 (US$ 882,47 milhões), houve crescimento de 49,2%. Em relação às importações, houve expansão de 50,3% na comparação entre as médias até a segunda semana de outubro/2021 (US$ 995,11 milhões) com outubro/2020 (US$ 662,27 milhões).
Números por setores
Os números foram divulgados ontem (11) em Brasília. Entre os setores, o destaque ficou com a Indústria Extrativa, com alta na média diária de US$ 117,66 milhões (52,9%) no acumulado até a segunda semana do mês, comparando com igual período no mês do ano anterior. A Indústria de Transformação atingiu crescimento de US$ 251,37 milhões (48,8%) em produtos e a Agropecuária teve expansão de US$ 63,76 milhões (45,6%) na média diária.
A Secex informou que a combinação dos resultados levou a um aumento das exportações. Esse movimento foi puxado, principalmente, pelo crescimento da soja, na Agropecuária, (+186,6% com aumento de US$ 82,63 milhões na média diária); óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (+201,7% com aumento de US$ 127,36 milhões na média diária), na Indústria Extrativa; e, na Indústria de Transformação, da exportação de óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (+584,5% com expansão de US$ 56,42 milhões na média diária).
Importações
No acumulado até a segunda semana de outubro, comparando com outubro de 2020, o desempenho dos setores pela média diária foi o seguinte: crescimento de US$ 7,18 milhões (41,0%) em Agropecuária; de US$ 25,24 milhões (134,1%) em Indústria Extrativa e de US$ 287,07 milhões (46,5%) em produtos da Indústria de Transformação.
Para a Secex, a combinação dos resultados também levou a um crescimento das importações. Os destaques ficaram para o milho não moído, exceto milho doce (+ 560,3% com alta de US$ 7,01 milhões na média diária); óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (+483,0% com aumento de US$ 23,77 milhões na média diária); e nas importações de Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos) (+209,0% com alta de US$ 75,39 milhões na média diária).
Para o final de 2022 a estimativa passou de 1,9% para 1,5%, conforme relatório da instituição
Por Cias & Cifras
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reajustou a projeção de crescimento do Brasil para baixo. Para o final de 2021 a estimativa anterior era de 5,3% e agora está em 5,2%. Já para o final de 2022 passou de 1,9% para 1,5%.
Os indicadores pertencem ao relatório Perspectiva Econômica Mundial e, para 2026, o FMI prevê uma alta de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath disse que o pequeno corte na projeção para este ano é resultado do aperto na política monetária e também do quadro nos Estados Unidos.
Ela acrescentou, ainda, que a revisão é fruto dos “efeitos que esperamos com a alta dos juros na política monetária, diante da inflação alta no Brasil e também por causa da previsão de menos crescimento nos Estados Unidos, que é um importante parceiro comercial”.
FMI
Ainda de acordo com o relatório, haverá avanço dos preços das commodities e o retorno dos setores industrial e de serviços após o auge do choque da pandemia da covid-19.
Em relação à inflação, o FMI elencou que o IPCA subirá 7,7% neste ano, acima dos 4,6% informados anteriormente, enquanto que para 2022 este índice de preços ao consumidor avançará 5,3%, superior aos 4% estimados há seis meses.
Também disse que a projeção para o déficit de transações correntes como proporção do PIB caiu um pouco para 2021, de 0,6% para 0,5%, enquanto aumentou para o próximo ano, de 0,8% para 1,7%. No caso da taxa de desemprego, ocorreram reduções das estimativas de 14,5% para 13,8% em 2021 e de 13,2% para 13,1% no próximo ano.
Após alardear de que o fato a ser exposto seria 'arrasa quarteirão', pastor citou três ministros que teriam se encontrado com o senador
Por Luiz Carlos Pavão
Após o pastor Silas Malafaia ter afirmado nesta segunda, 11, que dois ministros do governo Bolsonaro não tinham mais “condições morais” de continuar nos cargos e que seria "quentíssima" a revelação que traria, agora a tarde, em vídeo publicado em seu canal do youtube, o líder religioso explicou do que se tratava.
No vídeo, o pastor citou informações do jornal Folha de S.Paulo de que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, teria ido a um jantar com o senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, que, nas palavras de Malafia "é o cara que quer destruir Bolsonaro por interesses políticos".
Malafaia cita ministros que teriam se encontrado com Renan Calheiros
O pastor ainda reiterou que o ministro da Casa Civil 'deveria convocar a imprensa' para afirmar o apoio a indicação de André Mendonça ao STF. "O senhor é obrigado a vir a público dar uma satisfação", disse.
Com base nas mesmas informações, Malafaia também citou que o ministro das Comunicações, Fábio Faria, teria pariticipado do encontro. Porém, no vídeo, ele afirma que Faria negou que estivesse presente. Porém, da mesma forma, o pastor também afirmou que Faria era 'obrigado' a emitir uma nota em apoio ao nome que Malafaia defende à vaga no STF.
Outra a ser citada foi a ministra da Secretaria de Governo, Flavia Arruda. Todos estes, nas palavras do pastor, são considerado 'políticos' e, portanto, deveriam defender a indicação do presidente do nome de André Mendonça.
Para finalizar, Malafaia disparou. "Os ministros (citados acima), que são políticos e do Palácio, são obrigados a defenderem a indicação do presidente Bolsonaro, são obrigados a trabalharem em favor de André Mendonça. Não querem? Caiam fora daí".
Mais cedo, em publicação nas redes sociais, Malafaia havia dito que 'seria quentíssima' a revelação e que as autoridades que seriam denunciadas eram “inescrupulosas” e que a divulgação seria um “verdadeiro arrasa quarteirão”.
Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, o pastor já havia postado um vídeo no qual acusa o ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, de indicar nomes de seu interesse pessoal à vaga disponível no Supremo Tribunal Federal (STF).
O pastor tem feito campanha para que o nome de André Mendonça seja pautado pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre.
As costuras variam de estado para estado e devem levar em conta a competitividade dos candidatos em nível local e a popularidade dos presidenciáveis em cada região
Por João Pedro Pitombo
Com pré-candidaturas competitivas no Nordeste, PT e PSB devem receber apoio de legendas como o MDB e partidos do centrão como PP, PL e Republicanos.
O PP, por exemplo, deve seguir aliado ao PT na Bahia e ao PSB em Pernambuco. O cenário não deve mudar nem mesmo com a possível filiação de Bolsonaro ao PP, movimento que voltou a ganhar força na última semana.
“Essa [eventual] filiação dele não afeta de forma nenhuma em Pernambuco, porque temos diretórios constituídos nos estados. A direção nacional do PP respeita a autonomia das direções locais”, disse o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE).
Em alguns casos, como o do PSB de Pernambuco, a coalizão deve incluir no mesmo palanque petistas, adeptos da terceira via e até mesmo apoiadores de Bolsonaro.
A lógica de palanques aberto deve guiar as candidaturas do PSD, que deve lançar candidatos nos três maiores colégios eleitorais.
O presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, quer lançar o senador Rodrigo Pacheco (DEM), como candidato a presidente pelo PSD. Mas não haverá portas fechadas nos palanques estaduais.
Em Minas Gerais, por exemplo, o palanque do prefeito de Belo Horizonte e potencial candidato ao governo Alexandre Kalil (PSD) deve ter espaço para o PDT de Ciro Gomes e pode trazer até mesmo o PT de Lula.
O governador de Minas Romeu Zema (Novo), por sua vez, deve apoiar formalmente o candidato a presidente do seu partido, ainda não escolhido, mas terá em seu palanque bolsonaristas e tucanos.
O formato do palanque múltiplo deve se replicar também em São Paulo, onde o PSD quer lançar Geraldo Alckmin e negocia alianças com o MDB de Paulo Skaf e o PSB de Márcio França.
Em estados como Santa Catarina e Paraná, o partido deve ter candidaturas mais próximas ao bolsonarismo, enquanto no Nordeste a tendência é de apoio a candidatos do PT e PSB.
O PDT de Ciro Gomes e a União Brasil, que surgiu após fusão do DEM com o PSL, devem firmar pontes em pelo menos quatro estados: Goiás, Mato Grosso, Bahia e Pernambuco.
Em Goiás e Mato Grosso, estados com economia ancorada no agronegócio, a tendência é de palanques amplos com espaço para Ciro, para nomes da terceira via e bolsonaristas.
Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) é favorito para a reeleição, mas terá que enfrentar candidaturas ainda mais ancoradas no bolsonarismo, caso do empresário Jânio Darrot (Patriota).
Na Bahia e Pernambuco, os candidatos do DEM tentam se distanciar de Bolsonaro, que tem alta rejeição na região.
Pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto tem percorrido o interior do estado fazendo críticas aos 16 anos de governos do PT da Bahia, ao mesmo tempo que tenta mostrar sua desaprovação em relação à forma de governar de Bolsonaro.
Os petistas, por sua vez, fazem o caminho inverso e tentam carimbar ACM Neto como bolsonarista e aliado do presidente.
O cenário é semelhante em Pernambuco, onde o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), iniciou um movimento de distanciamento do bolsonarismo, mesmo sendo filho do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra.
Miguel quer abrir espaço no seu palanque para presidenciáveis como Ciro e João Doria ou Eduardo Leite, que disputam as prévias do PSDB.
A aliança com DEM e PDT em Pernambuco, contudo, dependerá do desenho do cenário nacional. Mas tende a se consolidar caso o PSB apoie a Lula na eleição presidencial.
“Da nossa parte, manteremos a parceria com o PSB de Pernambuco caso eles apoiem Ciro. Se decidirem por outro caminho, temos um bom diálogo com Miguel Coelho”, afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
Além de se aproximar do DEM, o PDT também deve fazer composições com o PT, mesmo frente às fagulhas entre Lula e Ciro Gomes.
No Ceará, berço político de Ciro, uma nova aliança entre os dois partidos pode resultar no apoio ao ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, do PDT.
A parceria pode se replicar no Maranhão, onde petistas defendem o nome do senador Weverton Rocha (PDT) para a sucessão de Flávio Dino (PSB) em detrimento do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), apoiado pelo governador.
PT e PDT também podem dividir o palanque no Amapá em torno da candidatura do senador Randolfe Rodrigues (Rede) a governador. A composição é defendida pela direção nacional pedetista, mas enfrenta resistência do governador Waldez Góes (PDT).
Candidatos de MDB e PSDB também devem contar com palanques heterodoxos, unindo de ciristas a bolsonaristas.
No Pará, o governador Helder Barbalho (MDB) deve concorrer à reeleição com um dos palanques mais amplos do país, unido o apoio do PT e de aliados de Bolsonaro.
Em Mato Grosso do Sul, o secretário estadual Eduardo Riedel (PSDB), candidato à sucessão do governador Reinaldo Azambuja, trabalha para trazer para o seu palanque bolsonaristas e antibolsonaristas.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), é cotada para ser a candidata ao Senado na chapa. Mas os tucanos também trabalham por uma aliança com PSD do senador Nelsinho Trad, do prefeito Marquinhos Trad e do deputado Fábio Trad, crítico ferrenho de Bolsonaro na Câmara.
Em apenas um estado, o Piauí, a eleição deve ser polarizada entre um candidato petista e uma bolsonarista.
O PT, que governa o estado desde 2015, lançará o secretário da Fazenda, Rafael Fonteles, para a sucessão do governador Wellington Dias. Do outro lado, a candidata do campo bolsonarista será a deputada federal Iracema Portella (PP), ex-mulher do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).
Elton Gomes, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco, destaca que as eleições estaduais seguem lógicas próprias.
“O país é continental, com muitas realidades locais diferentes. E o exercício do poder passa por muitas construções contextuais e factuais distintas, onde em cada estado da federação existe uma competição entre diferentes grupos”, afirma.
O especialista ainda avalia que a próxima eleição deve ser mais descolada das eleições estaduais, ao contrário de 2018, quando parte dos governadores se elegeu na onda bolsonarista.