Por Antônio Coelho de Carvalho Esse mês de abril, mas precisamente ontem dia 18, é aniversário de nascimento do escritor Eli Brasiliense, estaria contemplando seu centenário. Nascido aqui em Porto Nacional, sua obra foi e ainda é tema de estudos, como tese de Mestrados, Doutorados e de graduações não só na área da literatura, mas tem citações em vários outros campos do estudo para a Graduação. Nasceu em frente à Catedral de Nossa Senhora das Mercês, filho de Bernardino Ribeiro e Jesuína Silva Braga. Além da boa educação familiar, teve o privilegio de ter uma boa base escolar graças à ação educacional dos padres dominicanos, aprendeu o francês muito cedo, tanto em Porto Nacional como em Natividade, onde passou parte da infância. Tendo ele na literatura Francesa e Portuguesa seu passatempo favorito. Em 1932 mudou-se para Corumbá de Goiás, onde ficou conhecido como o tropeiro que fala francês. Seu primeiro livro, Pium que foi lançado em 1940 e é considerado por muitos como uma das melhores obras de realismo crítico já produzida em Goiás. E o relato em forma de romance do garimpo de cristal na localidade que da nome ao livro. Nele o autor relata os conflitos sociais, as dificuldades da localidade que da noite para o dia cresce como leite fervendo. Os dissabores do garimpo em uma terra distante e esquecida, com a chegada de garimpeiros, prostitutas, exploradores de todas as espécies em tempo de recessão, pois a Segunda Guerra Mundial estava em sua plenitude vê a localidade se transformar. O cristal foi valorizado por servir como elemento na construção de armamentos bélicos. Assim como os autores regionalistas queriam mostrar a seu modo como vivia o povo, seu sofrimento em terras distantes, de um brasil ainda unicamente agrário atrasado e sem perceptiva de melhoras. Eli usando da literatura como forma de sensibilizar os formadores de opinião da época na tentativa de levar um olhar mais humano e menos capitalista ao já sofrido povo. Um exemplo é o personagem Dr. Alcides, médico que se preocupava mais com seu gado do que com seus pacientes e que deixou morrer a mulher Domingos, homem serio e calado, juntamente com Silvestres o chofer, os três dentro da boleia de um caminhão trazia a tina as lembranças da localidade e assim se faz o desenrolar da historia. As falas de seus personagens, as palavras, isso é, os fonemas a linguística a forma lexical de cada um dos participes da historia. Como o médico com sua fala mais culta no sentido acadêmico da linguagem, diferentemente de outro personagem, como a inexistência de plural, e outras palavras e expressões desconhecidas do publico de outras regiões. Nesse sentido Eli mostra de forma clara outros aspectos da realidade do norte goiano mostra a geografia quando fala do relevo da paisagem do tempo da seca e principalmente dos conflitos sócias e psicológicos e existenciais de uma sociedade em transformação. Outra obra prima do autor e o romance, Chão Vermelho, ambientado na década de 50, onde conta o nascimento de Goiânia, tenta compreender os aspectos e características da nova cidade na vivencia de seus personagens, as contradições, o ambiente local a segregação sócio—espacial e como lazer, o trabalho, a politica e as expectativas de futuro. Publicou outras obras importantes como Bom Jesus do Pontal, Rio Turuna, O Perereca, O Grão de Mostarda, Eli Brasiliense foi professor, escritor, membro da Academia Goiana de Letras e Presidente da UBE-Go. Aqui em Porto Nacional não houve homenagem, ou menção de lembras alusivas a seu centenário, uma pena, pois Eli é sem duvida uma das mais importantes figura da cidade que já foi considerada berço cultural do Tocantins. O começo de sua carreira se deu em um jornal colegial “Folha dos Moços”, aqui de Porto Nacional, posteriormente foi editor da “Folha de Goyaz” , jornal que fazia parte dos Diários Associados, onde tive também a honra de trabalhar em 1981. Chequei a conhecê-lo de vista, nunca trocamos palavras, somente uma vez um bom dia. Diferentemente dos poderes locais e da sociedade portuense e porque não do Tocantins, em Goiânia Rogério Arédio Ferreira, lançou em concorrida noite autógrafos do livro “O Tropeiro Eli”, nele o magistrado e escritor goiano narra a vida do biografado e seus personagens. Das dificuldades dos longos trajetos percorridos de Porto Nacional e Corumbá; sua experiência como professor e funcionário público em Pirenópolis. Ainda não tive a oportunidade de ler, mas o farei em breve. O também escritor Bento Fleury fez belo artigo publicado no jornal Diário da Manhã, alusivos ao centenário do escritor, assim como relata a Biografia escrita pelo Desembargador Rogério Arédio Ferreira. De minha parte, deixou esse amontoado de letras na tentativa de que no futuro outros personagens que fizeram parte de nossa historia possam ser lembrados, pois Eli Brasiliense é pessoa que merece honrarias em nossa cidade. Não podemos lembrar ou recorrer a seu trabalho somente para estudos de Graduação, Mestrado e Doutorado, devemos lembrar o homem e de sua memoria. Memória no sentido literal ela não é coisa inerte, presa ao passado que ficou parada no tempo, ela evoca o presente e tem papel fundamental na construção de nossa identidade cultural que reflete o que somos como seres sociais. Antônio Coelho de Carvalho é Jornalista Foto jornal Opção