Desconto vai levar em consideração preço, eficiência energética e quantidade de peças nacionais usadas na produção dos veículos Por Augusto Fernandes O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou, nesta quinta-feira (25), que o programa do governo federal para reduzir o preço dos carros populares será aplicado a automóveis de até R$ 120 mil. Segundo ele, o Executivo vai cortar impostos que incidem sobre a fabricação dos veículos, e a redução no valor de venda deve variar de 1,5% a 10,96%, a depender do modelo do carro. De acordo com o vice-presidente, o governo vai cortar impostos como IPI e PIS/Cofins a fim de viabilizar essa redução. Atualmente, o modelo mais barato à venda no país está na faixa de R$ 68 mil. Com os descontos, Alckmin disse ser possível que esse valor baixe para cerca de R$ 60 mil. Segundo o vice-presidente, o governo vai levar em consideração três fatores para aplicar os descontos, entre eles o preço do automóvel. De acordo com ele, quanto mais barato for o carro, maior será o desconto. “O carro mais barato hoje é de quase R$ 70 mil. Queremos reduzir esse valor. Os outros [automóveis mais caros] também terão redução. Mas o carro... Quanto menor, mais acessível, maior será o desconto do IPI e PIS/Cofins. O primeiro item é social, para você atender mais a essa população que está precisando mais”, afirmou Alckmin. Além disso, o vice-presidente disse que os descontos serão aplicados a veículos que emitem menos gases poluentes e a carros cuja maior parte das peças tenha sido fabricada no Brasil. “O segundo [fator] é eficiência energética, é quem polui menos. Você premia e estimula a eficiência energética, os carros que poluem menos, com menor emissão de CO₂. E o terceiro é a densidade industrial. O mundo inteiro hoje procura fortalecer sua indústria. Se eu tenho uma indústria em que 50% do carro é de peças feitas no Brasil, isso vai ser levado em consideração”, explicou. “Vamos ter uma metodologia, combinando preço mais barato [dos carros mais populares], eficiência energética e densidade industrial, para pôr esse desconto no preço do veículo”, reforçou o vice-presidente, e acrescentou que o governo vai propor uma norma para que seja possível comprar um carro novo diretamente da indústria, sem a intermediação de uma concessionária, o que pode aumentar o desconto no preço do automóvel. Alckmin informou que as medidas devem ser oficializadas em duas semanas. Segundo ele, o Ministério da Fazenda pediu 15 dias para fazer os estudos necessários. Os atos serão concretizados com a elaboração de um decreto e de uma medida provisória, que têm força de lei e entram em vigor assim que são publicados no Diário Oficial da União. “Nós temos responsabilidade fiscal. A Fazenda pediu até 15 dias para estabelecer a questão fiscal. Em até 15 dias, a Fazenda dará seu parecer, e aí sim se pode efetivamente fazer a medida provisória. A proposta de estímulo é transitória e para este momento em que a indústria está com muita ociosidade.” Alckmin participou, na manhã desta quinta, de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes do setor automotivo. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, é "muito possível" que as medidas do governo reduzam o valor de venda dos carros para a faixa dos R$ 60 mil. “O preço, cada montadora tem sua política. Mas, pelos números que vêm sendo apresentados, é muito possível termos preços abaixo de R$ 60 mil. Hoje, com as reduções tributárias que estão em discussão e o esforço conjunto de todo o setor, é bem possível que tenhamos. Mas isso é uma questão da política de cada montadora, de cada fabricante.”