O Brasil exportou 78,67 mil toneladas de carne bovina in natura até a segunda semana de maio, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) Com Agências Os preços dos cortes dianteiros bovinos tiveram um aumento de 39,0% na comparação anual e uma valorização de 1,3%, frente ao mês anterior. De acordo com as informações da consultoria Agrifatto, as referências para os cortes não apresentam quedas desde maio de 2018. “O dianteiro bovino já vinha surfando bem a onda da melhora dos preços pecuários apurada antes da crise do COVID-19. Agora, aproveita-se do momento como um bom custo/benefício para que o consumidor possa continuar adquirindo carne bovina e se estabelece como a proteína que está melhor performando durante a pandemia”, relatou o analista de mercado da Agrifatto, Yago Travagini. A diferença (spread) entre os preços praticados pelo traseiro e pelo dianteiro está mais estreita. Atualmente, o dianteiro valendo, em média, -16,26% que o traseiro, e caso o spread feche o mês nessa taxa, a menor diferença da história será registrada. “A justificativa mais plausível seria a migração do consumo para proteínas mais baratas, já que a crise instaurada pela COVID-19 reduziu o poder de compra da população pela redução da renda e aumento do desemprego”, informou o relatório. Os valores da carne bovina também se mostram sustentadas frente a quedas expressivas observadas nas de carnes suínas e de frango, que já caíram 31% e 18% em 2020, respectivamente. A consultoria aponta que a diferença da média histórica entre o dianteiro bovino e a carcaça suína é de 18,43%, mas em maio/20 esse spread ficou 5,5 vezes maior. Em relação ao frango congelado, o spread ficou 2,4 vezes maior, contra a diferença média de 86,05%. Demanda externa A China ainda se sobressai na compra do dianteiro em detrimento do traseiro, que possui maior valor agregado, o que ajuda a manter os preços firmes. “Com um crescimento de 39% no primeiro trimestre do ano, as exportações para a China poderão respirar eventualmente (à exemplo do que ocorreu em dez/19), mas deverão se manter sustentadas no longo-prazo”, destacou. Os estoques chineses de proteínas animais seguem comprometidos pela a disseminação da Peste Suína Africana (PSA). Outro fator que torna os chineses dependentes da carne brasileira é a briga política com a Austrália. “Os sinais para o dianteiro bovino são positivos, mas é sempre importante destacar que a grande dependência de um único cliente traz volatilidade aos preços e, consequentemente, riscos. Por isso, apoiar uma boa “experiência” do cliente será importante nesses próximos meses”, conclui a consultoria.