João Santana já está na sede da PF, em Curitiba, juntamente com sua esposa, Mônica Moura. Ministro da Justiça apressou-se em dizer que é “cada um por si” As abas da toga do juiz Sérgio Moro começam a se fechar sobre o Palácio do Planalto. Denominada “Operação Acarajé” a 23ª fase da Lava-Jato trouxe da República Dominicana direto para o xadrez da sede da PF em Curitiba, o marqueteiro João Cerqueira de Santana Filho e sua mulher, Mônica Moura, adicionando um ingrediente extra e explosivo para a ação de cassação de mandato eletivo de que é alvo a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta é a avaliação dos ministros do TSE, que acompanham as primeiras explicações dadas pela força-tarefa sobre a complexa engenharia de pagamentos a Santana no exterior. De acordo com a PF e o Ministério Público Federal, a origem dos recursos era o Petrolão, o intrincado esquema de corrupção que durante uma década funcionou de forma deliberada na Petrobras. Assim que o respectivo inquérito tiver o sigilo suspenso, o que depende de decisão do juiz federal Sérgio Fernando Moro, o TSE deverá pedir o compartilhamento das provas, o que complicará ao extremo a já dificílima situação de Dilma e Temer. Fora isso, a nova fase da Lava-Jato reforça inúmeras matérias do UCHO.INFO, que sempre afirmou que as cinematográficas campanhas petistas custaram verdadeiras fortunas, perto de US$ 400 milhões cada. Esse valor é confirmado por inúmeros especialistas em marketing político, acostumados a participar de campanhas eleitorais rumo ao Palácio do Planalto. Para se defender das suspeitas de que recebeu dinheiro ilegalmente fora do Brasil, o marqueteiro João Santana vai dizer que "nenhum centavo" recebido em suas contas no exterior provêm de campanhas brasileiras. Segundo a reportagem apurou, a linha de defesa do publicitário baiano argumentará que "todos os recursos em contas do exterior provêm, exclusivamente, de campanhas feitas em países estrangeiros". Responsável pela campanha à reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, Santana tenta eximir a presidente de qualquer irregularidade e tentará justificar os pagamentos recebidos por campanha em outros países. DEPOIS DO ‘NÃO SABIA’, DESPONTA O ‘NADA A VER’ A campanha de Dilma Rousseff não tem nada a ver com os depósitos feitos por baixo da mesa em contas do marqueteiro João Santano no exterior, como não teve nada a ver com as doações eleitorais que empreiteiras fizeram com dinheiro roubado da Petrobras. Hoje, as suspeitas são reforçadas por um inédito volume de evidências documentais, incluindo uma carta da mulher de Santana, Mônica Moura, dirigida a um operador de petropropinas, e uma mensagem em que Marcelo Odecrecht recorda a um executivo de sua construtora que o melado escorreria até “a campanha dela.” Anteontem, Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, dissera que borrifou R$ 7,5 milhões no comitê reeleitoral. Mas a campanha de Dilma não tem nada a ver com isso. Depois que a ordem de prisão do primeiro-casal do marketing escalou as manchetes, Dilma reuniu-se com os ministros que lhe são mais próximos. O presidente do PT, Rui Falcão, informa que o partido também não tem nada a ver com os depósitos clandestinos em favor de João Santana, como não teve nada a ver com a conversão de verbas subtraídas dos cofres da Petrobras em doações registradas na Justiça Eleitoral. CADA UM POR SI Em estratégia definida pelo Palácio do Planalto para se descolar do marqueteiro João Santana, preso em nova fase da Operação Lava Jato, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avaliou em entrevista à imprensa que cabe ao publicitário e ao seu partido, o PT, darem explicações sobre as suspeitas de envolvimento com recursos irregulares. O ministro disse ainda ter a convicção de que não houve pagamentos no exterior à campanha da presidente Dilma Rousseff e acusou os partidos de oposição de recorrerem a uma "retórica de pé quebrado" ao tentar associar as recentes acusações às doações eleitorais feitas á petista. DELCÍDIO PEDE AFASTAMENTO O senador Delcídio do Amaral (PTMS) apresentou nesta terçafeira (23) ao Senado o pedido de licença médica pelo prazo de 15 dias. O senador tem sido aconselhado por colegas a não voltar ao Senado imediatamente porque pode ser constrangido pelos demais parlamentares, principalmente os da oposição. O petista tem feito exames desde o início desta semana e informou ao Senado que dará andamento aos procedimentos médicos neste período. No tempo em que estiver afastado, ele continua a receber o salário, de R$ 33,7 mil, e os benefícios decorrentes do mandato, como auxílio moradia (de R$ 5,5 mil) e a cota parlamentar. NAVIO NAUFRAGANDO O que se observa em toda essa situação é uma similaridade muito grande a um navio naufragando. Os ratos são sempre os primeiros a abandonar a embarcação. Com a situação do PT se agravando, os mesmos políticos que ajudaram o partido a afundar o Brasil nos últimos 13 anos (com o perdão do trocadilho numeral), correram para a “janela” que permite a troca de legenda sem a perda do mandato, para tentarem se livrar da alcunha de “petista”. Ficam duas perguntas no ar: será que os demais partidos abrirão suas portas para políticos com tanto “peso nas costas”? Será que o povo, o eleitor, vai esquecer que, um dia, aquele político ajudou, se omitiu ou participou do desmonte da economia brasileira perpetrado pelo PT e seus “aloprados”? Pelo menos uma certeza pode-se ter sobre esses petistas e aliados que tentarão mudar de partidos: a falta de caráter será a maior marca de suas carreiras políticas, pois agiram de forma indecorosa do início ao fim da era petista de poder. TOCANTINS No Tocantins já há sinais de políticos petistas e aliados correndo à Brasília para tentar mudar para partidos menos visados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Muitos deles podem, literalmente, quebrar a cara duas vezes. A primeira, sendo recusados pelos partidos aos quais pretendem “pedir asilo”. A segunda, sendo identificados pelos eleitores como verdadeiros “lobos em pelo de cordeiro”, novamente tentando enganar a população, se desvinculando do partido que quebrou o País e o Estado, trocando apenas as letrinhas que acompanharão seus nomes na eleição. Nosso povo não é bobo! Em breve estaremos publicando nomes e fotos dos que pretendem fazer essa manobra de “ilusionismo eleitoral”.