A frente da Secretaria de saúde desde janeiro de 2015, Samuel Bonilha relatou os problemas da saúde pública do Tocantins. Ele afirmou ser um desafio gerir a pasta com o maior índice de demandas no Estado. Em entrevista ao O Paralelo 13, ele fez um retrospecto de suas ações nos últimos meses. A realidade é que a saúde do Estado estava deteriorada, servidores desanimados, com insalubridade e plantões extras atrasados, o que gerava um falta de compromisso. Já com os fornecedores, o problema não era muito diferente.
Da Redação
Um acúmulo de dívidas de mais de seis meses, no qual até hoje buscamos sanar, o que acarretou na falta de medicamentos e insumos cruciais. Enfrentamos inúmeros problemas, um conjunto de fatores que não deixavam o Estado fluir.
“Ao iniciar a gestão tínhamos planos que foram frustrados ao tomarmos conhecimento da situação financeira do Tocantins. Não conseguimos implantar o que gostaríamos,” ressaltou Bonilha que desabafou: “ a carga que nós sofremos é muito grande, porque não atendemos apenas os pacientes do Estado, mas do norte do Mato Grosso e sul do Pará. Além de Luis Eduardo Magalhães - MA, Bahia e Piauí. E o SUS – Serviço Único de Saúde não pode ter fronteiras, tampouco seleção. Qualquer pessoa que precisar dos nossos serviços será atendida”.
Outra situação delicada foi a dos equipamentos e insumos. O almoxarifado do estoque regulador possuía remédios que não vamos utilizar nos próximos anos, e o que era necessário de imediato faltava nas prateleiras. Os serviços foram organizados e o pagamento de plantões extras efetuado. Todos os compromissos com os profissionais foram reparados. Ainda há dívida, ela chega ao montante de 362 milhões de reais. Este ano quitamos mais de R$ 80 milhões, com empresas que fornecem alimentação,roupa, serviços de limpeza, cooperativa dos anestesistas, o hospital filantrópico Dom Orione que até então tinha com R$ 8 milhões para receber. “Nós tínhamos nove UTIs no Hospital de Gurupi, hoje temos 20 funcionando”, frisou o secretário que afirmou está fazendo investimentos.
Fornecedores
Em abril conseguimos homologar os processos e fazer os empenhos. As empresas que não conseguimos saldar as dívidas da outra gestão e ganharam as licitações estão forçando o pagamento, uma vez que não fornecem os medicamentos. Levamos a informação ao CEMA – Comitê Estadual de Monitoramento de Ações em Saúde que orientou o Estado a acionar a justiça, uma vez que não se trata de ineficiência de gestão. Das 24 empresas ajuizadas, duas liminares já foram favoráveis ao Estado, acreditamos que não teremos objeção as demais.
Superlotação
No intuito de reduzir a superlotação do HGP, a secretaria de saúde tem investido em equipamentos e profissionais dos hospitais regionais do interior, como é o caso de Guaraí, Miracema, Paraíso, Porto Nacional e Gurupi. A exemplo disso são os ortopedistas contratados para atender as necessidades básicas dos pacientes. Fazer cirurgias de média e baixa complexidade diminui o fluxo do HGP e melhora as condições de vida dos pacientes. Com tal iniciativa proporcionamos atendimento a outras pessoas.
Negatividade na Imprensa
O Hospital de Palmas foi construído com o intuito de atender pacientes com alta complexidade, que inicialmente passariam pelos regionais ou pronto socorro. Com os anos, a sua finalidade inicial desconfigurou-se. A cidade cresceu, e não houveram investimentos nos demais hospitais, o que comprometeu a capacidade do HGP.
Ainda assim, o Regional possui mais de 30 clínicas, com cirurgias em diversas áreas como neurológicas, vascular, ortopédica, imodinamica, cardio. De acordo com Samuel Bonilha o HGP é um dos melhores hospitais prestadores de serviços no País e não esta aquém de muitos hospitais dos grandes centros, o que atraiu pacientes dos outros Estados, mas que estão mais próximos de Palmas, como é caso de Redenção – PA que fica há 600 Km de Palmas e 1000Km de sua Capital.
Os bons profissionais também atraem os pacientes que procuram cada vez mais melhores condições no tratamento. Mesmo com toda a divulgação negativa do HGP, Bonilha ressaltou que diariamente “cirurgias são feitas, e muitas vidas salvas. A orientação é estruturarmos o entorno para que o HGP atenda apenas questões de alta complexidade.”
Reforma e Ampliação
O hospital de Porto Nacional foi um dos que passou por ampliação. Em parceria com o Itpac os leitos aumentaram de 70 para 100. O projeto é instalar dez leitos de UTI para que se torne referência na região sudeste.
No caso do HGP, a ampliação consiste na construção de mais 200 leitos. A obra iniciada na gestão passada ficaria em torno de R$ 84 milhões, fruto de um financiamento do Banco do Brasil. Com a inflação, este valor já chega aos R$ 90 milhões. Destes o repasse do Banco será de 13 milhões de reais, e o Estado precisa de mais 60 milhões. Com a finalização da obra, será possível retirar as tendas e oferecer maior qualidade de vida aos pacientes.
Parcerias
Mesmo com toda a dificuldade financeira enfrentada no Tocantins, há um bom relacionamento com Ministério da Saúde, que tem feito seus repasses sem nenhum atraso. Temos recebido ainda o apoio da Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados, por meio de emendas parlamentares para compras de medicamentos e expansão dos hospitais. “Esperamos que a nossa realidade mude em 2016 onde finalmente trabalharemos com o nosso orçamento, podemos melhorar e muito as condições de prestações de serviços nos hospitais, nós tocantinense queremos uma saúde integral onde tudo que precisamos chegue as nossas unidades, nosso intuito é buscar a realização deste sonho, concluiu.
MEDICAMENTOS: Nestes 11 meses foram comprados R$ 62.276.422,11 em medicamentos e insumos de 192 empresas que venceram licitações abertas por esta pasta.
CIRURGIAS: Até o mês de outubro deste ano foram realizadas 2.978 cirurgias e em 2014 foram 2.726
SERVIÇOS- Em junho de 2015, o HGP passou a contar com primeiro Centro de Infusão Reumatológico do Tocantins. O centro atende aos pacientes com doenças autoimunes reumatológicas, condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo. Na região norte do Brasil, o Centro passa ser o terceiro a prestar esse tipo de tratamento à população.
- Assinatura de Ordem de Serviço de reforma do prédio da antiga Farmatins onde ficará nova estrutura da Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos, cujo investimento é de R$ 1.379.000,00;
RECONHECIMENTO - Em outubro, Banco de Leite do Dona Regina recebe pela terceira vez consecutiva o certificado Categoria Ouro (O certificado é resultado do desempenho do Banco de Leite no sistema de produção da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano no ano de 2015. A certificação leva em conta a estrutura física, equipamentos, qualificação profissional, produção e outros itens. O Banco de Leite do Dona Regina foi o primeiro a ser implantado no Estado e em 2015 completou 13 anos de atendimento.)
- Em novembro, o Hospital Infantil atingiu a marca de 200 atendimentos odontológicos a pacientes especiais.