Existe na administração pública brasileira um dilema histórico, que é a separação entre o público e privado, “dilema” que não é tão difícil de entender. O público significa o que é de interesse geral, da coletividade. O exercício de uma função pública, ou estar investido em cargo público, onde decisões são tomadas dentro de um regimento, pressupõem que o interesse do povo esteja em primeiro plano.
Muitas nações trazem em suas DNAs o dilema da separação entre o público e o privado, esses conflitos já levaram a revoluções e a troca de comandos de chefias de Estados e muitos ocupantes de cargos públicos. No Brasil assim, a nossa grande diversidade étnica e intensa miscigenação.
Historicamente no Brasil nossos primeiros moradores brancos eram aventureiros interessados em somente fazer fortuna a qualquer preço. O pode do Governo de então sempre foi caracterizado pela omissão, a ausência à ineficácia, sendo que para o recolhimento de impostos sempre se mostrou muito eficaz, assim como nas gastanças com as mordomias pessoais e o uso da maquina para o benefício de poucos em detrimento dos demais.
Outras marcas profundas em nossa recente historia que levam ao “dilema” é o descaso com o sistema educacional brasileiro. Por muito tempo a função da escola foi de ajudar a manter os privilégios das classes dominantes. Ao contrário de países outros países que priorizam a educação. Aqui se vê um esforço até mitológico para mediocrisar, dificultar a produção do ensino e pesquisa. O sucateamento do sistema educacional é visível, no discurso é fácil, mas definitivamente a educação não foi e nunca será prioridade nas políticas públicas no Brasil, infelizmente.
Aliado a esses fatores o papel da Igreja Católica durante o período colonial e até o Estado Novo, sempre serviente aos governos. Mas, sempre exerce grande influência nos aspectos político, social e cultural dos brasileiros. Sendo ela uma das responsáveis pela redemocratização, a força de mobilização da Igreja pode um canal para esse debate. Uma outra chaga mais profunda na nossa sociedade foi a escravidão, ela também marcou e faz parte da formação cultural brasileira. Bem ou mal, políticas de reparação (ou populistas) estão em andamentos.
Uma pratica que representa bem essa cultura são o uso de aeronaves da FAB, (Força Aérea Brasileira), por autoridades. Recentemente o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB), devolveu R$ 27 mil reais, por ter usado avião para fazer um implante de cabelo. A devolução só foi feita devido à pressão popular e dos meios de comunicação. Anteriormente ele fez uso de um jatinho da FAB para ir a um casamento.
Semana passada durante o carnaval o ministro da Saúde Arthur Chioro (PT), por ir a três estado acompanhado da esposa. Nesses locais, o ministro participou de ações pelo uso de preservativos, em campanha pela prevenção da Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, mas precisava levar a mulher a tira colo.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pagou R$ 9,7 mil depois de o jornal Folha de S. Paulo revelar que deu carona a parentes em viagem de Natal ao Rio de Janeiro, na qual assistiram à final da Copa das Confederações e fizeram passeios. Primo do deputado, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB-RN), também voou à capital fluminense para ver o jogo e restituiu R$ 2.545 aos cofres públicos. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi de Maceió a Trancoso (BA) para a festa de casamento do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), desembolsou R$ 32 mil, depois de revelada a viagem.
O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, (PMDB), mandava buscar a babá de suas filhas de helicóptero e usava a mesma aeronave para levar seu cachorro ao veterinário. O governador do Ceará, Cid Gomes usou uma aeronave alugada com dinheiro público fazer dar um rolezinho na Europa e levar a sogra para respirar ares de outra cultura.
Como podemos constatar a falta de ética, de respeito com o que de todos, isso é o que público, esta se tornando uma característica comum entre quem deveria zelar e cuidar, fiscalizar dar exemplo. A situação é estarrecedora, os intermináveis casos de corrupção envolvendo diferentes setores dos poderes legislativo, executivo, judiciário e também do setor privado é um descalabro. O cidadão não sabe mais a que recorrer. A Polícia Federal com o empenho e eficiência que lhes são comuns vêm, (ou vinham) realizado centenas de operações batizadas com nomes sugestivos, investigando e prendendo muitos corruptos, causado forte impacto na opinião pública.
O Alzheimer, é uma doença degenerativa atualmente incurável mas, que possui tratamento. O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, (esquecimento). O Tratamento para nossos representantes, é as escolha que faremos em outubro deste ano. Mais uma vez vamos escolher Governadores, Senadores, deputados federais e estaduais, muitos desses políticos e candidatos vêm apostando que os eleitores terão uma amnésia coletiva, isso é, que o eleitor lembrar-se-á apenas e exclusivamente daquilo que interessa, mas interessa a quem? Todas as direções apontam que será usada da mais absoluta desfaçatez das mazelas e tudo será esquecido na hora de pedir seu voto.
Antonio Carvalho é jornalista