AMASTHA FALA EM “ATITUDE INJUSTA, VERGONHOSA, POLITICAGEM” E AXUSA SEFAZ DE DESCUMPRIR ACORDO, APÓS PACTUAÇÃO DA SAÚDE EM TAQUARUÇU

Posted On Quinta, 02 Junho 2016 08:19
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Carlos Amastha elege Marcelo Miranda como “inimigo número um” dentro do contexto da corrida eleitoral de outubro e solta o verbo contra o governo do Estado em solenidade

 

Por Edson Rodrigues

Taquaruçu  foi sendo considerada, nesta quarta-feira, 1º, a Capital do Tocantins e, como tal, foi palco de importantes indícios de como será a relação entre o Paço Municipal e o Palácio Araguaia em ano de eleições municipais. O prefeito Carlos Amastha, presidente do PSB estadual, participou da solenidade de hasteamento da bandeira e aproveitou para afirmar que irá entrar com ação contra o Estado para garantir repasses da saúde.

Carlos Amastha aproveitou a pompa e circunstância e, como bom marketeiro de si mesmo, manifestou sua insatisfação - já anunciada nas redes sociais - sobre a postura do governo do Estado em parcelar em 27 vezes os cerca de R$ 20 milhões para saúde da cidade, enquanto pagará a integralidade da dívida para outros 127 municípios. O prefeito resumiu como “falta de respeito” e anunciou que entrará com ação contra o Palácio Araguaia.

“O Poder Público tem que ter impessoalidade. Se Palmas é o maior credor, obviamente é por que é o município que mais gasta e recebe gente do Tocantins inteiro. Então, esta foi uma medida totalmente injusta, desnecessária e uma afronta e agressão ao povo de Palmas. O dinheiro tinha que ser dividido proporcionalmente à dívida. Nós vamos à Justiça procurar nossos direitos”, anunciou o prefeito de Palmas.

Amastha também não poupou críticas aos políticos que não se manifestaram contra o parcelamento da dívida, citando Claudia Lelis (PV), potencial adversária no pleito de 2016. “Eu como representante máximo da cidade não posso deixar de expressar o meu repúdio a atitude. Eu fico com pena dos que dizem que são representantes de Palmas, tanto na Assembleia Legislativa, como no próprio governo do Estado. A vice-governadora é pretensa pré-candidata à prefeitura de Palmas e não se coloca para defender os interesses da cidade”, disse o prefeito.

Deputado Ricardo Ayres, pré-candidato a prefeito e vice-presidente do PSB

Carlos Amastha foi duro com governo do Estado, que disse estar sendo “pessimamente mal administrado” e “sem dinheiro para nada”. O prefeito revelou que teria conversado com secretário da Fazenda, Edson Nascimento, sobre a dívida, e que o que lhe foi prometido não foi cumprido. “Estive pessoalmente sentado com ele, conversamos, e o que ele apertou a mão comigo, na frente de testemunhas, não foi isso. Palmas foi a única que fez o dever de casa, todo o levantamento, mostramos para o Estado o que era devido, e o secretário assumiu um compromisso com a gente que não está sendo cumprido”, comentou.

 

PALÁCIO ARAGUAIA REFUTA ACUSAÇÕES

Após as manifestações de insatisfação do prefeito de Palmas, Carlos Amashta (PSB) sobre a parcela da dívida do Estado com o município, o Palácio Araguaia divulgou nota para lamentar a “falta de respeito e sensibilidade” do gestor em “não reconhecer os esforços para saldar compromissos”. O governo do Tocantins destaca que a Capital está recebendo o maior repasse mensal de todos os municípios: R$ 560 mil.

De acordo com o Palácio Araguaia, a recém-anunciado Pactuação da Atenção à Saúde (Pase-SUS) tem o objetivo de fortalecer a parceria entre as gestão do Estado e das prefeituras, além de quitar débitos dos 139 municípios, visando o cumprimento do acordo firmado na Comissão Intergestores Regionais (CIRs) em “em oferecer os serviços de atenção básica e vigilância”.

“O primeiro município a ser beneficiado com a pactuação foi exatamente Palmas que, conforme acordo feito com a própria Prefeitura, já está recebendo pelo terceiro mês consecutivo o maior repasse mensal de todos os municípios tocantinenses, no valor de R$ 560 mil. Por isso, o prefeito dá declarações que contrariam o próprio Secretário Municipal de Saúde, Nésio Fernandes”, comenta a nota do governo do Tocantins.

De acordo com o Palácio Araguaia, o secretário da Capital teria parabenizado o governador e o estado por “assumir o compromisso de atualizar os repasses e acertar todas as contas devidas aos municípios ainda nesta gestão”. “Marcelo Miranda e o Governo do Tocantins se sentem extremamente honrados e prestigiados com as palavras dos demais prefeitos tocantinenses, que somadas às declarações do Ministério Público Estadual, da Associação Tocantinense dos Municípios e de parlamentares estaduais que estiveram presentes no evento, destacaram a postura de estadista”, acrescenta.

A nota ainda cita a parceria do Estado com a Capital, além dos repasses da saúde e “mesmo quando o município não cumpre suas obrigações”. Elencando obras de pavimentação de quadras na cidade, manutenção da cessão de uma frota de máquinas, a busca por recursos para viabilizar a pavimentação da Avenida NS-15 e em projetos habitacionais.

“O governo do Tocantins reafirma que não serão devaneios oportunistas que vão tirar o estado do foco de seus objetivos como o de trabalhar pela melhoria da qualidade de vida da nossa gente. Até porque Palmas e o Tocantins são muito maiores e mais importantes do que interesses pessoais ou conjunturais, muitas vezes fomentado pelo período eleitoral que se avizinha”, diz a nota.

 

NOSSO PONTO DE VISTA

Para nós já está claro que o prefeito de Palmas e presidente do PSB, Carlos Amastha, escolheu o governador Marcelo Miranda para ser seu “Cristo” pessoal.  Isso por que, sabedor de que estratégica e politicamente o governador estará apto, em meados de agosto, a se transformar no maior cabo eleitoral do pleito municipal, tanto em Palmas quanto nos demais 138 municípios, será necessário marcar seu território e assumir uma postura coerente já no início da corrida eleitoral, no seu caso, pela reeleição.

Amastha sabe que ante do período eleitoral, a continuar como está a administração estadual, as contas do Estado estarão em dia ou renegociadas de forma amigável com entidades classistas, fornecedores e outros credores.  Dessa forma, seus maiores adversários, que seriam Raul Filho e Marcelo Lélis – que estão inelegíveis – passam a ser os possíveis escolhidos por Marcelo Miranda para receberem as bênçãos do Palácio Araguaia.

Apesar do atual desgaste, Marcelo Miranda ainda é a única liderança política que toca o coração do eleitorado tocantinense – e palmense – o que o coloca em plenas condições de se unir a outras lideranças políticas e avalizar e dar credibilidade a qualquer liderança ou dirigente político para iniciar a engenharia de uma candidatura oposicionista única, capz de derrotar Amastha em outubro.

Graças ao seu tino empresarial e competitivo, Amastha já previu essa situação e voltou a mira de suas “metralhadoras” para os lados do Palácio Araguaia.  Se alguém tinha dúvidas, o primeiro tiro foi disparado nas declarações feitas por Amastha em Taquaruçu.  Esse tiro acertou em cheio e rompeu de vez o último fio que unia a prefeitura de Palmas e o governo do Estado, que era o relacionamento institucional.

No fundo, no fundo, esse rompimento acaba sendo ruim para Palmas, o que mostra que o prefeito está visando apenas seus interesses pessoais.  Apesar de estar com “o burro na sombra”, com recursos em caixa, oriundos  de uma taxa tributária tida como abusiva pelas entidades classistas, o rompimento com o governo do Estado fere a convivência democrática entre as duas gestões, contrariando algumas das premissas da boa vizinhança.

 

ESTRANHO

Mas, no frigir dos ovos, as declarações viscerais de Amastha acabam por levantar outra questão inerente ao Palácio Araguaia, que diz respeito á omissão e falta de compromisso de quem se diz da base de apoio ao governador Marcelo Miranda.

Já se passam algumas boas horas, mas, até agora, ninguém, nenhum deputado da “base de apoio” ou dirigente de partido ou pré-candidato à prefeitura de qualquer um dos 139 municípios que espera ser ungido pelas bênçãos do Palácio Araguaia – principalmente os de Palmas – nenhum secretário ou assessor de Marcelo Miranda sair em defesa do governador, seja com palavra, seja com atitudes.

Mas o silêncio mais gritante ainda é o do deputado estadual e pré-candidato à prefeitura de Porto Nacional, Ricardo Ayres, que espera contar com o apoio de Marcelo Miranda nas eleições, pois é membro da “base de apoio” na Assembleia Legislativa e “encolheu o pescoço” ante as declarações do presidente do seu partido contra o governador.

Isso soa á omissão pura e simples e nos faz refletir sobre a fragilidade ou falta de compromisso dessa “base de apoio”.

O tempo é sabedor da verdade...

 

Última modificação em Quinta, 02 Junho 2016 08:51