Luís Pires, primeiro presidente do clube de repórteres políticos de Goiás receberá dia 12 de dezembro, no auditório do Tribunal de Justiça do Estado uma homenagem da entidade. A homenagem irá comemorar os 35 anos da história do Clube. O Jornalista realizará um discurso em nome dos ex-presidentes. De acordo com o presidente do clube, Divino Olávio, “será uma oportunidade ímpar para os contemporâneos e mesmo admiradores do trabalho de Pires, se confraternizarem com ele, bem como com os demais homenageados. Aliás, a maioria deles segue na ativa, contribuindo para o engrandecimento do Estado de Goiás, sobretudo em nível político”. Olávio ressaltou ainda que Pires teve uma passagem marcante pela imprensa goiana.
Em entrevista ao O Paralelo 13, Luís Pires relembrou a época em que em parceria com demais jornalistas políticos de Goiás, fundaram o Clube. Segundo ele, foi uma honra e uma grande responsabilidade ter se tornado o primeiro presidente da instituição. “Eles apostaram em mim, mas todos nós tínhamos capacidade para exercer a função”, ressaltou o jornalista homenageado.
“Lembro-me que naquele período driblávamos a censura, era final da década de 70 início dos anos 80. No início falávamos até de receitas de bolo, não podia fazer nada, falar nada. Com o passar do tempo criamos o programa Grandes Encontros, veiculado na Tv Brasil Central, no qual tive oportunidade de entrevistar diversas personalidades políticas da época, como Mário Covas entre outras”. Pires frisou ainda que certamente o Grandes Encontros foi o divisor de águas na redemocratização da política brasileira, uma vez que era um programa de debates. Naquele período contamos também com o apoio do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, que nos ajudou consideravelmente.
Em 1984 Luís Pires retorna para o então norte de Goiás, e em 05 de dezembro funda o jornal Correio do Norte. Segundo ele “o objetivo era esse, retornar as origens contribuir com a criação do Tocantins, tendo um veículo que se identificasse com essa luta. Era um jornal municipalista, naquela época os municípios tinham força e poderiam investir não só na comunicação, mas também em todos os outros setores. Depois da constituição de 1988 o Governo Federal passou a arrecadar mais os impostos, diminuindo os repasses para os municípios. Na época da criação do Correio do Norte, contávamos também com o apoio de comerciantes de Araguaína”.
O então vereador João ribeiro e eu visitamos todos os comércios de amigos para que estes anunciassem no jornal. Fui também nos 64 municípios que fariam parte do então Tocantins. Era uma verdadeira aventura, lembro-me que existiam pontes de madeira sem condição alguma, sem para peito, sem nada, mas conseguimos com muita luta e assim o Tocantins foi criado. Na época o slogan era nortista vota em nortista, fora os paraquedistas’, lembra Pires entusiasmado.
Para que o jornal fosse impresso, pegava o carro, e as vezes ia de ônibus para Goiânia, redigia durante o dia e voltava distribuindo-o nos povoados. Em todos os lugares tínhamos apoio nessa luta conseguimos consolidar o jornal, e dividir o Tocantins.
Já nos anos 90, com o Estado criado, o início da internet no País, percebi que o jornal impresso era muito pesado para uma pessoa só fazer, então nessa época optei por investir mais na área audiovisual, na produção de documentários.
O quarto mandato e os problemas enfrentados pelo Governo
Pires que é amigo do Governador do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos lembra que antes da criação do Estado, o norte de Goiás produzia cerca de 20% do PIB – Produto Interno Bruto, mas o investimento na região não passava dos 3%. Segundo relato do jornalista, o abandono era grande, ele lembra que naquele período havia apenas 200km de asfalto nas rodovias estaduais.
Então eu vejo o Governador Siqueira Campos como um visionário, em poucos anos na política ele sentiu essa necessidade de mudança e lutou para que ela fosse possível. “Incorporou e foi o grande arquiteto da criação do Estado”, frisou o ex-presidente do clube de repórteres. Agora já em seu quarto governo, percebi muitas dificuldades nestes dois anos e meio de Gestão, mas os investimentos estão chegando, e o Tocantins está conseguindo resgatar a credibilidade.
Questionado sobre a possível candidatura do Governador a Senador da República, Pires afirmou que Siqueira Campos esta preocupado com o trabalho que tem que desenvolver neste governo, e que ainda não demonstrou interesse numa possível candidatura. “Acredito que ele está focado em trabalhar para o povo, não cabe a nós precipitarmos uma candidatura que possa nem vir a acontecer. Caso o Governador se candidate a senador, acredito eu que terá o apoio até da oposição, pois naquela época, fez pelo povo coisas que serão eternamente lembradas”, ressalta.
Em relação as necessidades do Tocantins, o jornalista enfatiza que as nossas demandas, são as mesmas dos demais estados, é necessário uma distribuição de renda igualitária por parte do Governo Federal, nos falta muito, mas a destinação destes recursos não cabe a nós, conclui o jornalista homenageado Luis Pires.