JANOT PEDE VOTOS PARA 'TERMINAR O QUE COMEÇOU'

Posted On Terça, 30 Junho 2015 07:59
Avalie este item
(0 votos)

Durante o primeiro debate entre os candidatos à vaga de procurador geral da República, o candidato à reeleição, Rodrigo Janot, defendeu a condução das investigações da Operação Lava Jato; para ele, não há qualquer ilegalidade na atuação do Ministério Público no caso e sim um “descomunal caso de corrupção” na Petrobras; "Estou pronto e firme para prosseguir no desafio. (…) Sem fórmulas mágicas e sem vender ilusões peço seu voto para que possamos continuar avançando”, afirmou.

 

Rodrigo Janot, foi alvo de críticas ontem pela condução da Operação Lava Jato no primeiro debate entre candidatos a procurador-geral da República, para o qual ele tenta ser reconduzido por mais dois anos. O principal opositor de Janot, Carlos Frederico, atacou a forma de condução das investigações. Para ele, o procurador-geral poderia ter "amadurecido" mais as provas contra políticos antes de apresentar o pedido de abertura de inquérito ao STF. "Por que levamos à Polícia Federal se poderíamos ter resolvido isso dentro da nossa casa?", perguntou o subprocurador, principal crítico à atual gestão entre os candidatos.

Rodrigo Janot respondeu dizendo que a não apresentação do caso do Judiciário poderia gerar "nulidade" do caso. O procurador-geral defendeu seu trabalho dizendo que a competência da Procuradoria-Geral para investigar políticos "alcança a supervisão de investigação criminal", ou seja, é preciso que haja uma supervisão do Supremo. "Atos investigatórios sem a supervisão do STF são nulos", disse. "Prerrogativa de foro trata-se de inquérito judicial e não policial e o próprio Supremo reconhece que a ausência de supervisão dele retrata em nulidade", completou Janot. Ele disse ainda que o País vive um "grave momento" e falou em "descomunal caso de corrupção", em referência ao escândalo da Petrobras.

Entre os quatro candidatos, Janot e Frederico foram os dois com maior protagonismo no debate. Além deles, concorrem ao cargo os subprocuradores Raquel Dodge, que é vista como uma "opositora moderada"; e Mário Bonsaglia, que tem uma posição mais alinhada com a do procurador-geral. Durante o debate foram permitidas apenas perguntas dos procuradores, que poderiam fazê-las pessoalmente ou pela internet. Não foram permitidas perguntas diretas de um candidato para o outro e cada um dos concorrentes respondia a todas as perguntas sorteadas.

 

Questionamentos

No geral, as perguntas ficaram mais voltadas para questões administrativas, por advirem do público interno. Contudo, Janot e Frederico aproveitaram essas perguntas ligadas a questões internas para falar sobre a Lava Jato. Além disso, o tema foi abordado na abertura e encerramento da fala desses dois candidatos. Já Bonsaglia e Raquel não entraram nessa discussão.

Rodrigo Janot aproveitou ainda para defender que as mudanças estruturais realizadas permitiram que o Ministério Público enfrentasse a investigação com "profissionalismo". "Não foi e não está sendo fácil", afirmou Janot. O mandato do procurador-geral se encerra em setembro e a eleição interna que define a lista tríplice de candidatos a ser encaminhada à presidente Dilma Rousseff está marcada para a primeira semana de agosto. Janot pediu votos à categoria para "terminar o que começou". O procurador-geral disse que o País vive um "grave momento" e falou ainda em "descomunal caso de corrupção", em referência ao escândalo da Petrobras.

O poder de investigação próprio do Ministério Público e uma maior independência em relação à Polícia Federal também foram bandeiras discutidas entre os candidatos. Frederico disse que as investigações da Lava Jato poderiam ter sido aceleradas se Janot não tivesse levado o caso para o Supremo Tribunal Federal tão cedo.

 

Três ministros pedem acesso à delação Pessoa

Após terem sido citados por Ricardo Pessoa, dono da UTC, os ministros da Comunicação Social, Edinho Silva, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante e o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso aos trechos da delação do empreiteiro.

Os pedidos foram protocolados ontem pela defesa dos ministros e do senador e foram distribuídos para o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF. A solicitação foi feita à Suprema Corte logo após ter sido publicado nos veículos de imprensa que políticos teriam recebido de Pessoa dinheiro proveniente de "caixa dois".

O nome de Edinho Silva apareceu por ele ter sido tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014, quando ela concorreu à reeleição ao cargo de presidente. Já Mercadante teria sido beneficiário do esquema em 2010, quando disputou o governo do Estado de São Paulo pelo PT. Os dois ministros negam as acusações e se dizem vítima de "vazamento seletivo". Já Nunes, cuja citação ocorreu segundo a revista Veja desta semana, teria recebido no total R$ 500 mil, sendo R$ 300 mil em doações oficiais e os R$ 200 mil restantes de "caixa dois". Como publicou o jornal O Estado de S. Paulo, Pessoa afirmou ter dado R$ 3,6 milhões como caixa 2 para tesoureiros do PT. Entre os beneficiados estão as campanhas de Lula, em 2006, e de Dilma, em 2010 e em 2014.

Pessoa, considerado o chefe do "clube" VIP das empreiteiras, firmou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República no qual relatou casos de pagamento de propina do qual fez parte. O acordo foi homologado por Zavascki na última quinta-feira, 25, e a partir de agora poderá dar origem a novos inquéritos.

 

Da Agência Estado