Justiça deflagra 4ª fase da Operação Ápia, sequestra mais de 460 milhões, e nos faz questionar até sobre a corrupção social

Posted On Domingo, 30 Abril 2017 07:26
Avalie este item
(0 votos)

Por Edson Rodrigues

Estamos tão acostumados com desvios, trapaças, desonestidade, pobreza de alguns em prol do enriquecimento ilícito de outros que pouca coisa tem nos assustado. Aprendemos a conviver com a tal “normalidade”, que pouco temos refletido sobre a situação do País. A classe política com os inúmeros escândalos caiu em total descrédito, com raríssimas exceções, pois seria leviano generalizar, e diante deste cenário o eleitor também mudou o seu comportamento, indiretamente vende o seu voto, troca-o por benefícios individuais, pequenos, e elegem pessoas que não os representarão posteriormente.  Paralelo a isso inúmeras operações tem acontecido e inacreditavelmente muita gente punida. “O País do jeitinho”, parece estar tomado jeito.

O Poder
Conquistar o “Poder”, distingue-se de mantê-lo. Permanecer com um status, condição social e principalmente reconhecimento custa caro, diante disto a corrupção tornou-se o principal caminho para a realização deste objetivo. O céu é o limite, a ambição não tem fim, o deslumbramento, e os fins justificam os meios. Será?

Vamos usar um exemplo simples. Uma criança que rouba uma bicicleta, ela é considerada menor infratora. Nada acontece. Torna-se adulto e ao invés daquela bicicleta sua necessidade agora é maior, precisa de uma moto, e posteriormente um carro. Trabalhar requer tempo e a colheita dos frutos é lenta, ele precisa de dinheiro rápido. Segue uma vida no crime e na impunidade. Conhece o tráfico, conclui-se que precisa de um avião para transportar mercadoria, sonega, mente, mas a desejo de querer mais não para. Até que um dia é descoberto, preso, julgado e condenado. A casa caiu!
Assim é o político. A ilusão do status social, de ter poder, ser conhecido, desfrutar dos melhores lugares, conhecer as pessoas mais influentes. Assim como aquele infrator, pouco se preocupou com a devastação causada na sociedade. E também não imaginou que poderia ser descoberto. Não há limites. Mas cenário que o País está se formando, a vida útil de um político corrupto pode ser tão breve quanto a de um criminoso. O mundo evoluiu, e assim como os desvios aumentaram, os órgãos fiscalizadores também possuem ferramentas eficazes. Contamos hoje com Tribunais de Contas, Ministérios Públicos, Portais da Transparência, em todas as esferas, e leis, dentre elas, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei da Ficha Limpa. Além disso aquele que atualmente é considerado o quarto poder, a imprensa.

Hoje é comum vermos políticos que perderam o direito de candidatar-se, presos, deixando a família em dificuldade financeira e sendo expostos e envergonhados diante de toda a sociedade por crimes que cometeram. Por incrível que pareça, são poucos os que desfrutam dos produtos de seus roubos. São chantagens, gastos, falta de paz. Além da punição dos homens, com o cumprimento das leis, pode-se citar ainda muitos casos de doenças incuráveis que atingem a eles mesmos e seus familiares. Os benefícios do Poder paga o seu sacrifício?

A Lei Vale Para Todos
Um novo Brasil tem surgido diante da nação. Um País que sonhamos. A passos lentos, mas há esperança. Desejamos que a partir de 2018 possamos ter no Senado, Câmara Federal, Assembleia Legislativa, Prefeituras e Câmaras Municipais os representantes que tanto desejamos, homens e mulheres que trabalham pelo povo, pessoas honestas e conscientes. Queremos ainda que a justiça continue sendo feita, que aqueles corruptos, corruptores, cúmplices sejam punidos com todo o rigor da lei. O Brasil precisa viver isso para que a nação volte a acreditar, e para que aqueles que são honestos tenham certeza que fizeram e fazem o dever de casa.

Aos prefeitos que recém chegaram, tomaram posse há quatro meses: cautela, honestidade. Vocês serão julgados conforme seus atos administrativos, sejam exemplos para este País. Saibam que até o crime mais perfeito, será descoberto. Aos políticos tocantinenses que ainda não foram contaminados, todo cuidado é pouco. O momento não é de achincalhar quem já está morto, mas de refletir sobre valores éticos, morais e espirituais.

Operação Ápia
Na sexta-feira, 28, a Justiça deflagrou no Estado mais uma etapa da Operação Ápia. Segundo o que foi divulgado pela Polícia Federal ocorreram 17 mandados de busca e apreensão e 17 de condução coercitiva. A Operação segue em segredo de Justiça e portanto pouco se sabe sobre os detalhes da investigação. Nomes como do deputado estadual Eduardo Siqueira Campos, o ex-governador Sandoval Cardoso e José Wilson Siqueira Campos fazem parte da lista dos 38 envolvidos.

A investigação é uma operação conjunta da Polícia Federal, Procuradoria da República e Controladoria Geral da União, e trata-se de um esquema de corrupção de desvio de R$ 200 milhões em construção e manutenção em estradas tocantinenses que aconteceram entre 2013 e 2014.

Na lista empresários, empreiteiras, servidores públicos, ex-secretários, diretores. Para evitar maior dano ao patrimônio público e claros indícios de desvio de verba para o custeio de campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito dos investigados, o juiz federal Leão Aparecido Alves determinou o sequestro de R$ 460 milhões dos envolvidos. Diferente do bloqueio de bens, o sequestro é utilizado para apreender bens dos investigados para que se julgados e condenados devolvam com correção monetária o valor aos cofres públicos. Além do bloqueio de bens, foram apreendidos celulares, computadores, e documentos em algumas residências. Ainda conforme o juiz, a decisão busca evitar a dissipação ou ocultação do patrimônio adquirido de forma ilícita, além de possibilitar a retomada de bens.

Investigados
Cabe ressaltar ainda que conforme a execução das leis, a investigação analisa os fatos e posteriormente cabe à justiça transformar o investigado em réu ou não. Caso seja considerado réu, o indivíduo tem direito a julgamento, condenação ou absolvição e principalmente de recorrer das decisões judiciais. “Todos são inocentes até que se prove o contrário”. Não cabe a este veículo julgar, condenar e tampouco omitir os fatos, ao contrário damos notoriedade aos acontecimentos, e principalmente refletirmos enquanto cidadãos, eleitores, sociedade contribuinte de impostos. Vale lembrar que este espaço estará sempre aberto a manifestação ou resposta de todos. Não queremos estragar o final de semana de ninguém, mas se esta investigação for comprovada como verídica, nós tocantinenses entramos para o mapa da corrupção do País.