A cada condenação do braço operacional do esquema, cresce expectativa pela punição dos políticos
Leonardo Spinelli
A Operação Lava Jato da Polícia Federal conseguiu esta semana, na Justiça Federal, por decisão do juiz Sergio Moro, a condenação em primeira instância de mais três acusados de operar o esquema que causou prejuízos aos cofres da Petrobras. A investigação se ramificou para contratos de outras estatais do setor elétrico e, mais recentemente, chegou à Esplanada, com a 18ª fase apurando contratos do Ministério do Planejamento. Nestor Cerveró (ex-diretor da Área Internacional da Petrobras), Fernando Baiano (lobista do PMDB) e Júlio Camargo (ex-consultor da Toyo Setal) foram acusados de envolvimento no esquema de fraude, corrupção, desvio e lavagem dinheiro.
No balanço geral, até hoje, o saldo do maior esquema de corrupção descoberto no Brasil totaliza 33 condenações, R$ 600 milhões devolvidos aos cofres públicos – depositados em contas da Vara Federal – e outros R$ 400 milhões bloqueados pela Justiça aguardando ressarcimento, totalizando R$ 1 bilhão. A cada condenação do braço operacional do esquema, cresce a expectativa pela incriminação e punição dos políticos que se beneficiaram do chamado Petrolão, principalmente depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot (que está em vias de ser reconduzido ao cargo), divulgou, em março, a lista de políticos com mandatos que serão denunciados e terão seus processos analisados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por desfrutarem de foro privilegiado.
Em entrevista recente à Rádio Gaúcha, o coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, o delegado federal Igor Romário de Paula, disse que a quantia de R$ 1 bilhão é o maior valor recuperado e bloqueado em toda a história do País derivado de corrupção. “Até o início da Lava jato, havia um total de R$ 100 milhões relativos a repatriação, levando em conta tudo”, afirmou.
Sobre os valores efetivamente desviados ainda não há um número fechado, mas a Polícia Federal acredita que as cifras envolvidas podem passar de R$ 19 bilhões. O que se tem de concreto são os R$ 6,2 bilhões que a Petrobras divulgou, em balanço de abril deste ano, como sendo relativos às perdas advindas da corrupção. Essa informação é baseada na delação de seu ex-diretor, Paulo Roberto Costa, que afirmou que o esquema de propina na Estatal envolvia 3% do valor dos contratos assinados com a empresa desde 2008.
“Infelizmente a gente vê que se reproduz esse modelo de contratação em todas as esferas do governo. No setor elétrico, ou operação Radioatividade, foi o momento em que reunimos um número maior de provas de forma consistente contra a Eletronuclear. Esgotou as investigações da Petrobras? Não. Num levantamento preliminar, um colega afirmou que os valores admitidos pela Petrobras não chegam nem a 30% do que ocorreu por lá”, comentou o delegado na mesma entrevista.
A afirmação se deve ao fato de que os prejuízos da Petrobras e outras estatais não se limitam às propinas. “O prejuízo já começa pela licitação, que não é legítima, para se obter o preço mais vantajoso às empresas. Com isso, o valor da corrupção tem que ter também sobrepreço para empresa. As licitações são mais altas para tirar a propina e os últimos laudos apontavam de 15% a 20% do valor dos contratos. Desses R$ 6,2 bilhões a gente pode dizer que os valores podem ser de três a quatro vezes maiores”, disse o delegado referindo-se apenas à Petrobras.
Nova lista
Auxiliares de Rodrigo Janot, da Procuradoria Geral da República, estão fazendo "suspense" sobre a publicação de uma segunda lista de políticos implicados nas investigações da Operação Lava Jato. Que deve sair após sua sabatina no senado maarcada para o dia 26 de agosto