Por: Edson Rodrigues
PT entrega cabeça do “seu” governadoriável Paulo Mourão
Quanto mais se conhece a história pessoal e política de Paulo Sardinha Mourão mais se fica estarrecido com a recente atitude do PT em relação à esse personagem respeitado e combatido da política do Tocantins.
Nascido em Cristalândia, mas portuense de coração, Paulo Mourão entrou na política ainda muito cedo onde militou e foi líder em importantes partidos como PDC, PDS, PPR, PSDB, e mais recentemente, o PT. Em 1989 se elegeu deputado federal, conseguindo seguidas reeleições nos anos de 1991, 1995 e 2003. No Congresso Nacional participou de importantes comissões, como as de Orçamento, Agricultura, Ciência e Tecnologia, Comunicação e Constituição e Justiça. Em 2005 foi eleito prefeito de Porto Nacional, quando foi considerado um dos melhores gestores que a cidade já teve.
Apesar das derrotas nas eleições gerais de 2010, quando foi candidato a Senador e obteve 293.344 votos, e nas de 2012, quando tentou novamente se eleger prefeito de Porto Nacional e obteve 8.321 votos, Mourão não perdeu sua verve de político de difícil convivência, personalista e pouco afeito a seguir ordens, porém honesto, trabalhador, combativo e respeitado, manteve-se participativo e influente no cenário político do Estado, a ponto de sua ida para o PT ser comemorada como uma vitória pelos próprios petistas.
Pois esse mesmo Paulo Sardinha Mourão, comemorado e respeitado, foi tratado como um verdadeiro pária pelo PT do Tocantins, que lhe negou a chance de se candidatar a governador e sequer a suplente de senador, numa manobra clara de traição e subserviência à cúpula nacional do partido, uma vez que Paulo Mourão foi bajulado durante todo o processo pré-eleitoral pelos “companheiros” e deu seu sangue organizando a legenda em viagens por todo o Estado, empenhando sua credibilidade e expertise para tentar agregar valores pouco comuns e nada inerentes ao PT tocantinense.
Embora nenhum dos capazes analistas políticos de plantão ter entendido o porquê dessa atitude do PT (embora o partido já tenha alguma jurisprudência em atitudes desse nível, como foi o caso recente de Raul Filho), duas hipóteses são as mais comentadas no meio político estadual.
Versão A
Segundo essa primeira versão, Paulo Mourão teve seu nome vetado pela senadora Kátia Abreu, que não guarda boas referências políticas de Mourão, a quem considera um homem sem grupo, incapaz de arregimentar o apoio de um prefeito sequer, que dirá de um deputado, um vereador, ou um empresário. E acima de tudo, segundo uma fonte fidedigna, Kátia o considera um “Caquetá” fabricador de factoides contra os “companheiros” em Brasília, um verdadeiro “judas político”, desagregador, salto alto, que se acha o bam-bam-bam da política estadual.
Versão 2, a mais provável
Na verdade o que parece mesmo é que quem fritou Mourão foi a ala do PT que agora detém o poder do partido. Esse PT é o PT da presidente Dilma, o PT da estrela vermelha, que nunca engoliu o ex-fundador do PDS. Segundo essa versão, nas viagens pelos municípios do interior, o grupo de políticos do PT discutiu um mini-plano de governo com as comunidades, que teria sido contestado por Paulo Mourão.
Pragmaticamente, essa fritura de Mourão, além de o matar politicamente em relação ao pleito deste ano, ainda o “crema”, engessando o político em relação às articulações para as eleições de 2016.
Isso nos lembra uma piada de sogra na qual o genro que não gostava da sogra recebe uma ligação do hospital, lhe comunicando do falecimento de sua sogra repentinamente, por parada cardíaca. Do outro lado da linha, o funcionário do hospital queria saber se embalsamava o corpo, ao que o genro reagiu, mandando cremar o corpo para não dar nenhuma chance de ressuscitação à tão odiada sogra.
Humilhação
Isso tudo foi perpetrado pelo PT contra um político que já comandou a quarta cidade mais importante do Tocantins, foi deputado federal por três mandatos e é um político preparado e capaz de debater com os mais capacitados de qualquer partido.
Essa verdadeira humilhação pode, no entanto, ser o ingrediente que faltava para que Mourão renasça no melhor de sua forma, articulando uma vingança que terá reflexos tão positivos quanto negativos no cenário político do Tocantins.
Os que conhecem Mourão sabem que ele não deixará as coisas nesse pé e dará uma resposta à altura ao PT.
Mais
Segundo nossa fonte, tudo que aconteceu com ex governadoriável Paulo Mourão, já estava devidamente arquitetado dentro da ala dominante do PT, desde a convenção nacional que escolheu a presidente Dilma como a candidata a presidente da legenda, com a ajuda do PT paulista.
O PT tocantinense executou seu plano com desfaçatez e métodos quase de magia negra, com requintes de crueldade, de forma humilhante e sanguinária nas falas dos seus principais líderes partidárias, como o ex-presidente estadual Donizeth Nogueira, do atual presidente, do deputado José Roberto, e tantos outros, cada um com sua dose visceral de ira contra o ex governadoriável Paulo Mourão, que não conseguiu do “seu” PT nem uma vaga de 20° suplente, de vice, deputado federal ou estadual que fosse.
Pelo visto, abriram a porta da frente da legenda para que Mourão, espontaneamente, desconfie e procure uma outra casa, que não seja o PT.
Mais uma vez o PT do Tocantins, literalmente, defecou sobre uma brilhante biografia política!
Que deselegante!