PETROBRAS RECEBE R$ 157 MILHÕES DESVIADOS POR PEDRO BARUSCO

Posted On Terça, 12 Mai 2015 06:31
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Juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato, considerou que a empresa foi vítima do recolhimento de propina

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, repassou ontem (11) ao presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, R$ 157 milhões desviados pelo ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco. A devolução foi possível porque Barusco, investigado na Operação Lava Jato, assinou acordo de delação premiada, comprometendo-se a devolver os valores que recebeu de propina em contas secretas mantidas na Suíça.

A transferência foi autorizada semana passada pelo juiz federal Sérgio Moro. O valor total bloqueado é R$ 204 milhões. No entanto, conforme decisão de Moro, 20% foram mantidos em conta judicial, de modo a garantir o eventual pagamento de prejuízos causados a terceiros durante o esquema de corrupção.

Na cerimônia para o repasse simbólico, o  presidente da Petrobras destacou que o recebimento da primeira parcela de recursos desviados da companhia reforça que a estatal está no rumo certo para superar a crise e voltar a ser orgulho para empregados e acionistas. "A Justiça Federal já demonstrou entendimento claro de que a Petrobras foi vítima dos crimes descobertos pela Lava Jato. A Petrobras não entende que a condição de vítima deva ser tratada com facilidade. Ao contrário, estamos colaborando ativamente com as investigações desde o início, além de termos aberto, por inciativa própria, novas frentes de apurações por meio de auditorias internas", disse Bendine.

O procurador da República no Paraná Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa de investigadores da Lava Jato, considerou a devolução um marco histórico no combate à corrupção no país. Segundo o procurador, em 420 dias de investigação, a Lava Jato conseguiu recuperar cerca de R$ 580 milhões, por meio de ressarcimento e bloqueio de ativos, além de identificar R$ 6 bilhões em pagamento de propina a ex-funcionários da Petrobras e executivos da empreiteiras.

"Assim, avaliamos que não teve nada parecido na história comparado ao avanço dessa investigação em menos de um ano de trabalho. Olhando para frente, observamos que temos um longo caminho a trilhar, porque, mesmo devolvendo parte desses R$ 500 milhões, o valor ainda é pouco perto do total desviado", explicou Dallagnol.

Atualmente, a força-tarefa de investigação da Operação Lava Jato conta com 324 servidores públicos, ligados ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU), Receita Federal, Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), do Ministério da Justiça, Tribunal de Contas da União (TCU) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Rodrigo Janot esclareceu que o trabalho da força-tarefa do MPF não é somente repressivo. Segundo ele, o objetivo é garantir que o dinheiro desviado seja devolvido à Petrobras. "O trabalho está sendo impessoalmente conduzido. Aqui não se busca o alvo de uma ou outra pessoa. O que se busca são os esclarecimentos de todos os fatos, chegarmos a autoria necessária para persecução penal", concluiu.

Janot

Alvo de ataques por parte do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se defendeu nesta tarde das acusações de que tem conduzido com parcialidade as investigações da Operação Lava Jato.

"O trabalho está sendo impessoalmente conduzido", disse Janot, sobre as investigações de políticos que correm perante o Supremo Tribunal Federal, nas quais Cunha é investigado por possível participação no esquema deflagrado pela Operação Lava Jato. Desde a abertura do inquérito no STF, o presidente da Câmara acusa Janot de "escolher a quem investigar" e de existir "uma querela pessoal".

"O trabalho é absolutamente impessoal, profissional e não tem outro objetivo que não seja a elucidação dos fatos", disse Janot nesta tarde, em cerimônia de restituição simbólica à Petrobras de R$ 157 milhões desviados e repatriados pelo Ministério Público Federal após acordo de colaboração premiada firmada com o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.

Janot pediu que a equipe que conduz as investigações mantenha o foco e a calma, mesmo sob pressão, sem citar nominalmente nenhum dos políticos investigados. "Nesse momento de turbulência queria lembrar a todos que estão envolvidos nesse processo, por mais pressão que possa existir, que temos que ter muita calma, foco no que se busca", disse Janot, citando ainda música do compositor Walter Franco: "É tudo uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo".

Atualmente, 50 pessoas estão sob investigação perante o STF, conduzida pela Procuradoria-Geral da República, entre eles 48 políticos e dois operadores do esquema. Janot frisou, durante sua fala, que a investigação dos políticos teve início em 16 de janeiro neste ano e se trata de apuração "ostensiva". "Acho que os resultados são visíveis", disse o procurador-geral.