UOL
O site de notícias traz uma matéria com a biografia com o novo “homem-bomba” das delações premiadas. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que vem apavorando políticos de todas as vertentes com gravações de áudio apresentadas em sua delação premiada.
Machado abalou as estruturas do poder em Brasília, mas já avisou que o grande estrago será feito pela delação premiada de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da maior empreiteira do Brasil.
Os caciques do PMDB Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney foram os primeiros alvos das gravações feitas por Sérgio Machado. Aquele que se gabava de ser o presidente mais longevo da Transpetro, uma subsidiária da Petrobras mergulhada na corrupção, hoje apavora os políticos.
Os áudios tem pouca qualidade, mas o conteúdo já sinaliza o estrago que a delação premiada de Sérgio Machado, já homologada pelo STF, poderá provocar.
O cearense comandou a Transpetro de 2003, no início do governo Lula, a 2014: foram 11 anos e 4 meses. A trajetória acabou interrompida por um pedido de licença após o nome dele ser envolvido no escândalo do Petrolão, investigado pela Lava Jato.
Sérgio Machado foi dono de uma fábrica de Jeans, no Ceará, e entrou para a política em 1986. Ele é filho de Expedito Machado da Ponte, ministro de Viação e Obras Públicas de João Goulart, presidente derrubado pelos militares em 1964.
Com fala firme e enfática, tentava se aproximar dos trabalhadores, durante o período na Transpetro. Nos anos 80, Sérgio Machado, filiado ao PSDB, trabalhou no governo de Tasso Jereissati, no Ceará.
Em 1990, se elegeu deputado federal - votou a favor do impeachment de Fernando Collor. Na legislatura seguinte, assumiu uma vaga no senado e foi líder do governo de Fernando Henrique Cardoso. Sérgio Machado fazia bem a lição de casa de "exaltar o Brasil sempre que possível".
Em 2002, já filiado ao PMDB, Sérgio Machado perdeu a disputa pelo governo do Ceará, mas com o apoio à candidatura de Lula e o auxílio do padrinho político Renan Calheiros, ele se credenciou para assumir a Transpetro.
Formado em administração, Sérgio Machado ganha status de "homem bomba". Ele está disposto a não cair sozinho em meio à corrupção investigada pela operação Lava Jato.
O GLOBO
Em editorial, o jornal carioca fala da importância de um Poder Judiciário independente para que o País possa sonhar a voltar a ter ordem e mitigar a corrupção, o grande mal que assola a nação.
O editorial apenas ressalta a importância e o papel do juiz Sérgio Moro, ao não ceder sob as pressões de todas as partes contra a Operação Lava Jato.
A circulação, em capítulos, de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, para sustentar seu acordo de delação premiada na Lava-Jato, já reúne preciosos subsídios para cientistas políticos estudiosos de plutocracias e oligarquias nacionais. Não se tem notícia de registros tão vivos da atuação nos bastidores de personagens como Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney.
Das gravações de Machado, tido como homem de Renan no grupo Petrobras, emergem, até agora, várias maquinações para tentar livrá-lo, e quem mais for, do temido juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, e ainda para tentar influenciar o circunspecto ministro do STF Teori Zavascki, já notabilizado pelo rigor técnico nas decisões que toma. Zavascki é alvo privilegiado desse lobby por ser o relator das denúncias contra deputados federais, senadores, ministros e presidente da República, cujo foro é o Supremo.
Tudo em vão até agora, para o bem do estado democrático de direito. As gravações desvendam a falta de pudor com que grupos políticos se movem em defesa própria. Mas também indicam como o Judiciário e o Ministério Público têm se comportado conforme o estabelecido na Constituição: distantes de interesses pessoais, livres para decidir com base em fatos.
E têm sido várias as tentativas de ingerência, Lembremo-nos da delação do senador Delcídio do Amaral de que a presidente Dilma o teria usado como emissário da proposta a um candidato a ministro do STJ para trocar a indicação pela concessão de habeas corpus pedido por empreiteiros presos em Curitiba. Não deu certo.
Dilma corre, inclusive, o risco ser indiciada pela Procuradoria-Geral da República, se não por esta denúncia, pela nomeação desastrada de Lula para a Casa Civil, a fim de mantê-lo distante da jurisdição de Moro, concedendo-lhe foro privilegiado. O juiz divulgou o grampo legal em que rápida conversa entre Lula e Dilma denunciava a manobra, ato que a PGR acaba de considerar legal. Surge espaço para Dilma ser denunciada por tentar obstruir a Justiça. Delcídio foi preso por isso.
A espionagem de Machado captou referências à necessidade de um amplo acordo para esvaziar a Lava-Jato. Teriam de participar de um arreglo delirante o STF, o Executivo, o MP, a Polícia Federal e a imprensa. Ficção pura. Quantas tramas a quatro paredes já não foram feitas contra o estado de direito?
Ouro aspecto positivo da Lava-Jato é jogar forte facho de luz nesses bastidores, e o que se enxerga serve para se continuar a lutar por um fortalecimento ainda maior das instituições republicanas. Chega a ser curioso o certo espanto dos gravados ao se depararem com um Judiciário de fato independente. Está na Constituição, mas eles não pareciam acreditar.
Instituições têm resistido a investidas como a da nomeação de um procurador companheiro, Eugênio Aragão, para ministro da Justiça, a fim de conter a Polícia Federal, um pedido insistente de Lula não atendido pelo antecessor de Aragão, José Eduardo Cardozo. Também em vão.
O lobby anti Lava-Jato também atua em comissões e plenários no Congresso. Uma prova é o projeto de lei do deputado lulopetista Wadih Damous (RJ), muito ligado a Lula, para impedir delação premiada de preso, como deseja Renan Calheiros, segundo gravações de Machado. Significará golpe de morte no instrumento legal da delação premiada. Portanto, são grandes os perigos que rondam a Lava-Jato.
VEJA
Veja traz uma matéria sobre a delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, que parece nadar de braçadas em sua delação premiada, chegando a arrancar gargalhadas de Sérgio Moro com sua descontração.
Entre todos os corruptos presos na Operação Lava-Jato, o ex-deputado Pedro Corrêa é de longe o que mais aproveitou o tempo ocioso para fazer amigos atrás das grades. Político à moda antiga, expoente de uma família rica e tradicional do Nordeste, Corrêa é conhecido pelo jeito bonachão. Conseguiu o impressionante feito de arrancar gargalhadas do sempre sisudo juiz Sergio Moro quando, em uma audiência, se disse um especialista na arte de comprar votos. Falou de maneira tão espontânea que ninguém resistiu. Confessar crimes é algo que o ex-deputado vem fazendo desde que começou a negociar um acordo de delação premiada com a Justiça, há quase um ano. Corrêa foi o primeiro político a se apresentar ao Ministério Público para contar o que sabe em troca de redução de pena. Durante esse tempo, ele prestou centenas de depoimentos. Deu detalhes da primeira vez que embolsou propina por contratos no extinto Inamps, na década de 70, até ser preso e condenado a vinte anos e sete meses de cadeia por envolvimento no petrolão, em 2015. Corrêa admitiu ter recebido dinheiro desviado de quase vinte órgãos do governo. De bancos a ministérios, de estatais a agências reguladoras - um inventário de quase quarenta anos de corrupção.
VEJA teve acesso aos 72 anexos de sua delação, que resultam num calhamaço de 132 páginas. Ali está resumido o relato do médico pernambucano que usou a política para construir fama e fortuna. Com sete mandatos de deputado federal, Corrêa detalha esquemas de corrupção que remontam aos governos militares, à breve gestão de Fernando Collor, passando por Fernando Henrique Cardoso, até chegar ao nirvana - a era petista. Ele aponta como beneficiários de propina senadores, deputados, governadores, ex-governadores, ministros e ex-ministros dos mais variados partidos e até integrantes do Tribunal de Contas da União.
Além de novos personagens, Corrêa revela os métodos. Conta como era discutida a partilha de cargos no governo do ex-presidente Lula e, com a mesma simplicidade com que confessa ter comprado votos, narra episódios, conversas e combinações sobre pagamentos de propina dentro do Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula, segundo ele, gerenciou pessoalmente o esquema de corrupção da Petrobras - da indicação dos diretores corruptos da estatal à divisão do dinheiro desviado entre os políticos e os partidos. Corrêa descreve situações em que Lula tratou com os caciques do PP sobre a farra nos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, o Paulinho.
Uma das passagens mais emblemáticas, segundo o delator, se deu quando parlamentares do PP se rebelaram contra o avanço do PMDB nos contratos da diretoria de Paulinho. Um grupo foi ao Palácio do Planalto reclamar com Lula da "invasão". Lula, de acordo com Corrêa, passou uma descompostura nos deputados dizendo que eles "estavam com as burras cheias de dinheiro" e que a diretoria era "muito grande" e tinha de "atender os outros aliados, pois o orçamento" era "muito grande" e a diretoria era "capaz de atender todo mundo". Os caciques pepistas se conformaram quando Lula garantiu que "a maior parte das comissões seria do PP, dono da indicação do Paulinho". Se Corrêa estiver dizendo a verdade, é o testemunho mais contundente até aqui sobre a participação direta de Lula no esquema da Petrobras.
ÉPOCA
Já a revista Época fala do estupro coletivo de uma adolescente, em uma comunidade do Rio de Janeiro, que comoveu e revoltou o Brasil.
Na noite da terça-feira (24), um vídeo abjeto foi compartilhado na imensidão das redes sociais. Durante cerca de 30 segundos aparecem imagens de uma garota nua e desfalecida em uma cama, com a vagina sangrando, com ao menos duas vozes ao fundo, que zombam da vítima. Um dos carrascos diz: “Mais de 30 engravidou (sic)”. No dia seguinte, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro já havia recebido cerca de 800 denúncias referentes ao vídeo, e a polícia tentava checar a veracidade e localizar a vítima. Uma organização feminista avisou a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e convenceu a família a levar a garota à polícia. Na madrugada da quinta-feira (26), uma jovem de 16 anos, altura mediana, foi à Central de Delegacias da Zona Norte do Rio de Janeiro denunciar que havia sido vítima de um estupro coletivo. No encontro entre o relato de quem sofreu uma violência e a frieza necessária do registro, tem-se contato com uma bestialidade ocorrida no Rio de Janeiro em pleno ano de 2016.
Na delegacia, a jovem contou o que aconteceu entre o sábado (21) e sua chegada ali. Ela disse que saiu de casa para encontrar o namorado, morador do Morro do Barão, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Lembra-se de ter acordado no dia seguinte “nua, dopada e cercada por 33 homens com fuzis e pistolas”. Ela então vestiu uma roupa masculina e voltou para casa – na verdade, chegou à residência com a ajuda de um agente comunitário, segundo sua família contou. Na terça-feira (dia 24), a jovem voltou ao morro para recuperar seu telefone celular, que havia sido roubado. No depoimento, ela dá a entender que, nessa segunda ida, relatou o que aconteceu ao chefe do tráfico local. Ainda em seu curto depoimento, a jovem disse ser consumidora de ecstasy e lança-perfume, mas que havia um mês não usava drogas.
Como é comum em episódios de estupro, o relato da jovem tem lacunas, compreensíveis pelas particularidades de um crime sexual. O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, diz que “há indícios veementes de que ocorreu estupro”. Até o final da sexta-feira havia dúvidas sobre quantas pessoas participaram da ação. A jovem diz ter visto 33 homens; o narrador do vídeo sugere que “mais de 30” participaram do estupro. Ao menos quatro suspeitos são investigados. Lucas Perdomo Duarte Santos, o Petão, é citado no depoimento como o namorado da garota. Petão tem 20 anos e é jogador de futebol profissional, disputou o Campeonato Carioca deste ano pelo Boavista, clube de Saquarema. Os outros três citados são Raphael Assis Duarte Belo, Marcelo Miranda da Cruz Correa e Michel Brasil da Silva – os dois últimos são suspeitos de propalar o vídeo na internet. Até o início da tarde da sexta-feira, ninguém havia sido preso.
ISTOÉ
Em Istoé, destacamos trechos de uma entrevista com o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, que fala sobre as intenções do governo Temer.
O ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, falava ao telefone e engolia o último naco de fruta, enquanto recebia a reportagem de ISTOÉ às 9h da manhã da quarta-feira 25. Desculpou-se pelo mau jeito: “Fui dormir às 5h da manhã, acompanhando a votação da meta fiscal e estou no meu gabinete desde às 7h30, ligando para todos os líderes para agradecer aos que votaram conosco. Não parei um segundo”, justificou.
Na entrevista, Geddel admitiu que o presidente Michel Temer ainda precisa resolver “estresses” no Congresso, mas demonstrou confiança para a derradeira votação no Senado que selará o destino da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Ela perdeu qualquer legitimidade de falar em voltar. A presidente afastada cometeu crime de responsabilidade e tenho certeza de que o Senado cumprirá seu papel histórico. A tendência é aumentar ainda mais essa votação”, afirmou.
ISTOÉ – Quais são os principais desafios do governo hoje no Congresso?
Geddel Vieira Lima – Após a vitória importante da meta fiscal, agora é a desvinculação da DRU (Desvinculação de Receitas da União), que queremos fazer na próxima semana.
ISTOÉ – O novo governo vai retirar o projeto de CPMF que foi enviado à Câmara por Dilma Rousseff?
Geddel – Isso ainda não foi firmado. O presidente Temer tem deixado claro que o governo precisa, por meio de medidas econômicas, demonstrar que não é perdulário, que tem preocupação com gasto público, que não vai cometer exageros e que é austero. Só depois, se mostrar que é necessário o aumento de arrecadação com o incremento de imposto provisório, isso será discutido.
ISTOÉ – Como o sr. avalia a relação do governo Temer com o Congresso?
Geddel – Precisamos azeitar a relação, resolver um estresse ali, outro aqui, a ansiedade natural dos parlamentares de participarem mais ativamente. Temos um novo momento, um presidente aberto ao diálogo, que permite uma proximidade maior. A sensação que eu tenho é que você vinha de uma estrutura represada para um governo aberto. Eu já ouvi até dizer que você não podia sequer andar tranquilamente aqui pelo 3º e 4º andar do Palácio do Planalto. O presidente recebe a toda hora, as portas estão abertas. Aqui, vêm 50 parlamentares por dia. A gente tenta atender todo mundo e quando não consegue saem zangados. Você vê que é um choque de diálogo e de abertura que deixa as pessoas com essa ansiedade natural.
ISTOÉ – Essa ansiedade dos parlamentares que o sr. diz é por obtenção de cargos no governo?
Geddel – Claro que tem o desejo dos partidos da base de participarem de cargos. Nós vamos tratar isso como sempre: com absoluta naturalidade e tranquilidade. Ainda que o presidente da República quisesse, ele não teria quadros. Nós precisamos fazer consultas, ouvir pessoas e os partidos políticos têm legitimidade para indicar posições. Essa legitimidade se consolida na medida em que trazem nomes com currículos respeitáveis.
ISTOÉ – O presidente Temer teve de ceder à Câmara e indicar o deputado André Moura (PSC-SE), aliado de Eduardo Cunha, para liderar o governo. Ele tem seis inquéritos, inclusive de suspeita de homicídio. Não é um preço muito caro?
Geddel – O deputado André Moura está no exercício do mandato, veio para cá eleito pelo povo de Sergipe, e se tiverem que fazer alguma crítica a ele, não façam ao presidente Michel Temer, que o indicou, façam ao povo de Sergipe. Ele não é deputado biônico, foi o povo de Sergipe que achou que ele poderia representá-lo.
ISTOÉ – Mas a decisão do Temer referenda isso.
Geddel – E o presidente vai contra o povo? Acho que essas críticas ao parlamento acabam sendo meio elitistas. Porque fica a sensação de que quem está ali não representa a sociedade brasileira. O Parlamento tem de tudo. Certamente, tem homens sérios, homens menos sérios, mulheres, representantes de minorias, negros, brancos. Fiquem todos tranquilos, a sociedade está toda representada lá. Se o povo elegeu, eu vou questionar?
ISTOÉ – O povo elegeu a presidente Dilma Rousseff.
Geddel – O povo elegeu a presidente Dilma Rousseff e ela cometeu um equívoco e saiu. Ela cometeu um equívoco e os representantes do povo a tiraram, como determina a Constituição.
ISTOÉ – A exoneração do ministro Romero Jucá foi uma resposta importante à sociedade?
Geddel – Naquele momento, foi. O Jucá teve tamanho e grandeza para construir essa saída. Lamento, porque é um quadro extremamente qualificado, que eu espero que continue contribuindo com o governo no Senado.