Por Edson Rodrigues
Existe um fato que deve ser exposto antes de fazermos uma análise dos 100 dias de governo Marcelo Miranda. O Tocantins, por ser o Estado caçula da federação, não tem ainda musculatura industrial que proporcione arrecadação suficiente para cobrir os gastos de custeio da ‘máquina’, tão pouco para investimentos.
Os governos anteriores usufruíram de recursos federais que a união disponibilizou, em várias parcelas, para instalação do Estado. Esse montante contribuiu para investimentos em diversas áreas como: construção civil, projetos agrícolas, saneamento básico, construção de estradas, hospitais e reservatórios de água, entre outras. É claro que um Estado tão jovem e promissor também teve facilitado a capitação de recursos em outras áreas, como aquisição de empréstimos em nível nacional e internacional. Passado o tempo devido, findou-se essa fonte, secou esse poço de recursos.
Todos os governantes que passaram pelo Palácio Araguaia, concederam progressões e promoções e realizaram concursos públicos. Os demais poderes como; o judiciário, os tribunais eleitoral e de contas, Defensoria Pública e Ministério Público, expandiram suas instalações, tanto na capital quanto no interior do Estado.
O Tocantins figura, hoje, entre os Estados que pagam os melhores salários em diversas categorias. Junta-se a isso tudo o poder legislativo onde todos têm, constitucionalmente, seu percentual garantido no orçamento do Estado.
Como podem constatar, os compromissos a cumprir são muitos, mas a fonte é uma só, o poder executivo.
O caixa estourou
O inchamento da folha de pagamento, com o funcionalismo público [efetivos e comissionados], bem como os gastos com os demais poderes e as irresponsabilidades de gestões passadas [últimos 12 anos], não poderia ter outro resultado se não esse que aí está, déficit m todas as contas públicas.
Por outro lado, o Diário Oficial do Estado (DOE) tem demonstrado o contrário com tantas nomeações de pessoas e criação de secretarias extraordinárias, cujo intuito é única e exclusivamente ‘acomodar companheiros’. Dessa forma, ou o governador Marcelo Miranda resiste às pressões, ou não segurará a ‘batata quente’ quem terá em mãos num curto espaço de tempo.
Comportamento bipolar
Diante de tanta adversidade, o governo não pode continuar com um comportamento bipolar; pela manhã, ‘seus’ deputados falam em déficit, caixa vazio e dificuldades sem fim. À tarde, abarrotam o Diário Oficial de nomeações em cargos comissionados e assessoramento, cujos salários giram em torno de quatro, cinco, nove mil reais ou mais. Isso sem mencionar a criação de secretarias extraordinárias, simplesmente para acomodar ‘apaniguados’. Tudo isso põe em questão a veracidade dos discursos que relatam as dificuldades pelas quais o Estado passa, põe interrogações nas falas que dizem que o Estado esteja passando por dificuldades financeiras.
O governo federal já admite extinguir alguns Ministérios, secretarias gerais e cargos comissionados. Por que não seguir o mesmo caminho, dando ao povo tocantinense uma prova de que está cortando a própria carne para economizar e sair da escuridão em que se encontra?
Governo e sociedade devem ter a consciência de que estamos mergulhados em uma profunda crise econômica de recessão, pelo visto, de longa duração. Portanto, neste ano, dificilmente será feito qualquer investimento, já que será um ano de ajustes, pouca gordura.
Uma saída é sermos verdadeiros com nossos irmãos. 2015 está difícil e poderá ficar muito mais.
Comunicação: um desafio a ser vencido
O Palácio Araguaia, na pessoa do governador Marcelo Miranda e da cúpula da articulação política, tem demonstrado muita timidez e leniência nas ações de enfrentamento da crise financeira do Estado. Já é notado por parte da sociedade e formadores de opinião, um vazio dentro do governo.
Em nosso entendimento, falta atitude ao governo, um plano ousado de recuperação do Estado e, acima de tudo, falta uma comunicação direta com a sociedade para que esta se sinta motivada e incentivada a acreditar nas mudanças que o Estado necessita.
Tal leniência tem motivado e alimentado as discórdias das diversas classes de trabalhadores do setor público do Estado. Da mesma forma, o governo tem demonstrado, em determinadas situações, estar desmotivado, frio e omisso no que se refere à transparência de suas ações. Essa ‘deficiência” na comunicação, por parte do Palácio Araguaia, involuntariamente remete ao entendimento de que nada foi feito nesses 100 dias de governo. Deixa também a mensagem de que tudo de ruim que aí está, foi causado pela atual gestão.
Assim sendo, a população passa a ver, no governador Marcelo Miranda, um governo chorão, medroso, frouxo e incompetente e, caso esse mal não seja estancado, poderá virar uma epidemia.
Prestígio de Marcelo Miranda
Mesmo com tanto desgaste pessoal, adquiridos nesses 100 dias de governo, Marcelo Miranda ainda tem saldo positivo junto aos próprios funcionários públicos, sociedade e demais poderes. Porém, o limite de tolerância está chegando ao fim. É chegada a hora de o governo apresentar uma agenda positiva, um balanço do que já foi feito e o que está programado para fazer, preferencialmente em curto prazo.
O Tocantins ainda é um Estado em pleno desenvolvimento e, com a chegada da ferrovia norte sul, já em funcionamento, é visível a expansão do agronegócio e da industrialização de nossas matérias-primas agregando valores. Cabe ao governo a adoção de uma comunicação mais positiva, motivadora e incentivadora e, para isso, o melhor ‘garoto propaganda’ é o próprio governador, com seu jeito simples, humilde e carismático.
O povo necessita acreditar em dias melhores, precisa ter esperanças de que o governador Marcelo Miranda vai promover as mudanças que o Estado precisa. Já passou o tempo de chorar e lamentar e jogar a culpa no passado. É momento de olhar para o futuro e convocar homens e mulheres de bem para se juntar ao governo numa caminhada em busca de soluções e, juntos, comunicadores e governo construir um Estado com mais e melhores oportunidades, mais harmônico e mais acolhedor.
Conquistas do governo em 100 dias de administração
Há fatos positivos no governo Marcelo Miranda que, diante de tantos conflitos e desencontros, passam despercebidos aos olhos da população, já que a opinião pública evidencia, consideravelmente os fatos negativos. Involuntariamente o governo tem sido lento, no que se refere à comunicação. Falamos isso com fundamentos palpáveis.
Fatos positivos
Prodoeste
O governador Marcelo Miranda, antes mesmo de tomar posse como governador do Estado, iniciou conversas com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird) para ressuscitar o programa Prodoeste, irresponsavelmente abandonado pelos governos anteriores. O governo do Estado acaba de receber um sinal verde para dar continuidade ao projeto, com recursos internacionais.
Projeto Rio Formoso
O projeto Rio Formoso também estará, a partir de agora, se restabelecendo e passando por reestruturação com possibilidades de produzir duas safras de grãos e uma de melancia, por ano.
São duas importantes conquistas para o Tocantins, ambas frutos de um trabalho do governador Marcelo Miranda e sua equipe, com destaque para o secretário de Agricultura, Clemente Barros.
Outro fato que a população ainda não tem conhecimento e que tem recebido grande volume de investimentos é na área da saúde. Porém, o caos que se instalou no setor é tão grande que dificulta a visualização dos fatos positivos que tem acontecido por lá. São milhares de cirurgias por serem feitas, todas deixadas para trás, pelos governos anteriores. O que tem causado superlotações em todos os hospitais regionais, as farmácias dos hospitais estavam sem estoque por falta de pagamento aos fornecedores e muito outros problemas, todos evidenciados na mídia diária já começam a serem resolvidos.
Pagamento de plantões atrasados, contratação de profissionais, pagamento de fornecedores e prestadores de serviços são ações que já fazem parte da realidade do quadro da saúde.
O secretário Samuel Bonilha tem demonstrado muita competência em administrar com eficiência uma área espinhosa e que estava caótica, que é a saúde do Tocantins. Mas para isso ele não tem parado p ver o bonde passar, tem ido buscar soluções onde é necessário. Tem conversado com os diversos segmentos da área, na busca de soluções para os mais variados problemas enfrentados pela saúde do Estado. Mas infelizmente essas ações não têm aparecido na grande mídia. O que falta é mais ousadia na comunicação governamental. Falta ousadia aos deputados, na defesa do governo. Já que são tantos os que compõem a base de apoio ao governo, na Assembleia Legislativa.
Dentre os 24 deputados que compõem a Assembleia Legislativa do Tocantins, o governo já tem o apoio da maioria, então por que tem dificuldades em defender o governo e parar com os discursos amarelados [cantos de grilo gripado]. “O Estado está quebrado”; “Os governos anteriores inviabilizaram o atual governo”; “O governo chegou ao limite prudencial da folha”.
Realizam uma audiência pública para expor a situação financeira do governo, mas o Diário Oficial traz, todos os dias, centenas de nomeações.
Os membros da bancada do governo têm sim que ocupar a tribuna da Casa de Leis, mas para dizer as coisas boas que o governo está fazendo. Precisam parar com o discurso de terra arrasada.
O governo precisa se mostrar mais. É lamentável que não tenha quem faça isso, já que preferem continuar com a velha ‘cantiga de grilo rouco’.
Quem viver, verá!