COMEÇA A “DELAÇÃO DO FIM DO MUNDO” E VEJA E ÉPOCA TRAZEM OS PRIMEIROS NOMES, ENQUANTO ISTOÉ REVELA QUE GLEISI HOFFMANN FOI BENEFICIADA NO ESQUEMA

Posted On Domingo, 11 Dezembro 2016 17:11
Avalie este item
(0 votos)

NAS REVISTAS DA SEMANA

 

VEJA

Como a Odebrecht comprava o poder

O ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, entregou à Procuradoria-Geral da República um anexo de 82 páginas nas quais ele diz que cerca de quarenta políticos receberam 68 milhões de reais pagos pelo setor que a empresa chama de Área de Operações Estruturadas, que logo ficou conhecido como “departamento de propinas”.

Entre eles estão o chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, o empresário Paulo Skaf, o então deputado Eduardo Cunha, o senador Romero Jucá e o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Ainda segundo a delação explosiva do lobista da Odebrecht, o presidente Michel Temer pediu “apoio financeiro” para as campanhas do PMDB em 2014 a Marcelo Odebrecht. Ele teria se comprometido com um pagamento de 10 milhões de reais.

Nas 82 páginas de seu depoimento de delação premiada na Lava Jato, o ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho cita os nomes de 51 políticos de 11 partidos. Ele era o responsável pelo relacionamento da empresa com o Congresso Nacional e trabalhava na Odebrecht há 27 anos, sendo 12 deles em Brasília. Cláudio era homem de confiança de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que está preso em Curitiba.

Formado em administração de empresas, Cláudio Melo Filho trabalhou em obras em Goiás e no metrô do Distrito Federal. Em 2004, assumiu a diretoria de relações institucionais substituindo o pai, Cláudio Melo – que foi quem o apresentou a alguns políticos com os quais se relacionaria.

No acordo de delação premiada com a Lava Jato, Cláudio diz que dava prioridade para as relações com políticos de grande influência no Congresso. Também identificava aqueles que chamava de “promissores”: políticos em ascensão e que, no futuro, poderiam defender os interesses da Odebrecht.

Em março, Cláudio Melo Filho foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento na 26ª fase da Lava Jato, batizada de operação Xepa, que descobriu o setor exclusivo para pagamento de propinas que funcionava na Odebrecht.

Em maio, o ex-diretor foi denunciado pelo Ministério Público Federal na operação Vitória de Pirro, acusado de oferecer R$ 5 milhões ao ex-senador Gim Argello para blindar executivos da Odebrecht na CPI da Petrobras. Porém, o juiz Sérgio Moro avaliou que as evidências eram frágeis e não aceitou a denúncia. O delator está em liberdade.

Cláudio Melo Filho também foi citado na operação Acrônimo, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais.

 

DELAÇÃO

O acordo de delação que Cláudio Melo Filho está negociando com os investigadores da Lava Jato envolve a cúpula do PMDB em um esquema de repasse de propina em troca de apoio a projetos de lei de interesse da Odebrecht.

Segundo o delator, o “núcleo dominante” no Senado era formado por Romero Jucá (RR), pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e por Eunício Oliveira (CE). Na Câmara, Cláudio afirmou que concentravam as arrecadações Eliseu Padilha, Moreira Franco e Michel Temer.

 

ÉPOCA

Na pré-delação que fez ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de assuntos institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho citou políticos de 11 partidos ao explicar o esquema que a construtora usava para ter seus interesses atendidos junto aos governos.

Jaques Wagner

Segundo ele, a imagem do ex-governador da Bahia e ministro do governo Dilma Jaques Wagner despertava certa desconfiança dentro da companhia. “A opinião sobre o êxito de sua carreira política não era unânime, mas eu pessoalmente sempre acreditei”, disse ele.

Cláudio Melo Filho afirma que em 2006, quando Jaques Wagner era candidato ao governo da Bahia, providenciou um encontro dele com o Marcelo Odebrecht: “Durante almoço marcado por mim num restaurante (...) em Brasília, Jaques Wagner solicitou apoio financeiro e Marcelo concordou, embora tenha demonstrado incômodo por não acreditar no sucesso de sua candidatura. (...) Acredito que tenham ocorrido pagamentos de até R$ 3 milhões de forma oficial e via Caixa 2.”

Na pré-delação, Cláudio Melo disse que quando Wagner assumiu o governo, encaminhou a ele os assuntos de interesse da empreiteira no polo petroquímico de Camaçari, que Jaques Wagner ajudou a destravar. Ainda segundo Cláudio, o esquema se repetiu na campanha seguinte: “A atenção demonstrada por Jaques Wagner aos temas que eram de interesse da Odebrecht reforçou a sua imagem no grupo e qualificou-o como beneficiário de melhores recebimentos financeiros. O próprio Jaques Wagner fez questão de encaminhar esse pedido de apoio financeiro mais qualificado, apoiando-se na cuidadosa atenção que demonstrou aos nossos pleitos ao longo do seu primeiro mandato como Governador da Bahia.”

Pelas contas de Cláudio Melo Filho, Jaques Wagner - que tinha o codinome “polo”, levou R$ 7,5 milhões, em dez parcelas, pagas entre agosto de 2010 e março de 2011. O esquema voltaria a se repetir em 2014, desta vez na campanha de Rui Costa para o governo da Bahia, apoiado por Jaques Wagner. Cláudio disse que não participou desses pagamentos, mas acredita que foram repassados R$ 10 milhões. A empreiteira também deu presentes caros nos aniversários de Jaques Wagner. Segundo Cláudio Melo, em 2012, por exemplo, Jaques Wagner ganhou um relógio no valor de US$ 20 mil. No acordo de delação há fotos desse relógio.

 

O ex-ministro Jaques Wagner não retornou as ligações da produção do Jornal Nacional.

Rodrigo Maia

O atual presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM), também é citado pelo ex-diretor da Odebrecht. Melo Filho conta que em 2013 pediu a Rodrigo Maia que acompanhasse a tramitação de uma medida provisória que interessava à empreiteira: essa MP dava incentivos a produtores de etanol.

Cláudio Melo Filho afirmou: “durante a fase final da aprovação da MP 613, o deputado, a quem eu pedi apoio para acompanhar a tramitação, aproveitou a oportunidade e alegou que ainda havia pendências da campanha de Prefeito do Rio de Janeiro em 2012. Solicitou-me uma contribuição e decidi contribuir com o valor aproximado de R$ 100.000,00, que foi pago no início do mês de outubro de 2013.”

Cláudio diz ainda que Maia era visto por ele como ponto de interlocução dentro da Câmara dos Deputados na defesa dos interesses da empresa. Também esclarece que Rodrigo Maia já tinha recebido um pagamento em 2010: “Sei que o pagamento, no valor de R$ 500 mil foi atendido.”

Nas planilhas da Odebrecht, o codinome de Rodrigo Maia era “Botafogo”.

O presidente da Câmara Rodrigo Maia negou com veemência ter participado de qualquer negociação com a Odebrecht. Ele disse que nunca recebeu vantagem indevida em troca de votações na câmara e que todas as doações recebidas por ele foram legais e declaradas ao TSE.

Marco Maia

Sobre o deputado federal Marco Maia, do PT, cujo codinome era “Gremista”, Cláudio Melo Filho contou que o conheceu em 2011, quando ele era presidente da Câmara. E que, em 2014, o petista pediu recursos ao ex-diretor para a campanha dele.

Melo filho afirmou que: “a referida solicitação foi autorizada por Marcelo Odebrecht e transmitida por mim ao referido parlamentar. ( ...) Foram realizados, em 2014, dois pagamentos a Marco Maia no valor total de R$ 1,35 milhão.”

O deputado não retornou às ligações da TV Globo.

José Agripino

Cláudio Melo Filho também citou o nome do senador José Agripino (DEM). Ele tinha o codinome “gripado”.

De acordo com o delator: “por ocasião ainda da campanha de 2014, a pedido de Marcelo Odebrecht, comuniquei ao Senador que a companhia iria fazer um pagamento a ele no valor de R$ 1.000.000,00. Destaco que o Senador José Agripino não era candidato a cargo eletivo nas eleições de 2014. Segundo me foi dito por Marcelo Odebrecht, esse valor teria sido solicitado a ele pelo Senador Aécio Neves como uma forma de apoio ao DEM, que era presidido à época pelo Senador José Agripino.”

Cláudio Melo explicou assim o interesse em Agripino: “Quando a mídia ventilou que (...) o Senador José Agripino poderia ser postulante ao cargo de Ministro de Minas e Energia, estive com o parlamentar.”

Agripino disse que desconhece e repele as acusações de cláudio melo filho. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que todos os pedidos de doações feitos pelo partido em 2014 se deram exclusivamente dentro da lei.

Anderson Dornelles, ex-assessor de Dilma

O ex-diretor da Odebrecht se referiu, ainda, a Anderson Dornelles que, segundo ele, foi apresentado por Marcelo Odebrecht em meados de 2012. De acordo com Melo Filho, Marcelo contou que mantinha contato com Anderson porque ele trabalhava com a presidente Dilma Rousseff e era responsável pela agenda de trabalho dela.

Segundo ele: “Posteriormente à reunião, Marcelo me comunicou que recebeu um pedido de apoio financeiro a Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil em seu benefício.”

Cláudio entregou e-mails sobre os pagamentos e apresentou planilhas que indicam sete pagamentos mensais de R$ 50 mil feitos a Anderson Dornelles, entre outubro de 2013 e julho de 2014, totalizando R$ 350 mil. Ele afirmou que o codinome de Anderson era "Las Vegas".

O ex- assessor de Dilma, Anderson Dornelles, também negou as acusações. Ele disse que nunca se reuniu na sede da Odebrecht nem solicitou ou recebeu qualquer ajuda financeira.

Negou ainda que tenha autorizado qualquer pessoa a fazer isso em nome dele.

Ciro Nogueira

O ex-executivo da Odebrecht conta ainda que manteve diversos contatos com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que ganhou o codinome de “Helicóptero” e “Cerrado” e que o senador pediu contribuição financeira.

Melo Filho relatou: “Sugeri internamente a inclusão do nome do parlamentar para receber o valor de R$ 300 mil, o que foi aprovado. O pagamento foi operacionalizado pelo setor de operações estruturadas, com o uso dos codinomes "Helicóptero" e "Cerrado".

Segundo Cláudio Melo, no segundo semestre de 2014, o senador Ciro Nogueira pediu apoio para a campanha dos candidatos do PP.

Melo afirmou: “a solicitação foi por mim encaminhada (...). O valor de R$ 1,3 milhão. O valor foi pago em setembro de 2014 através da área de operações estruturadas, como consta na planilha.” Esse setor de operações estruturadas era o departamento de propinas da Odebrecht.

O ex-executivo da Odebrecht explica que tratou com o referido parlamentar a respeito de assuntos públicos que eram do interesse da companhia. Entre eles, o projeto de mobilidade urbana em Salvador e contratos de energia para o Nordeste - previsto na MP 656.

O senador Ciro Nogueira disse que as doações recebidas pelo partido foram legais e sempre devidamente declaradas à justiça eleitoral.

Lúcio Vieira Lima

O delator afirma que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) recebeu R$ 400 mil em doação para a campanha e que o pagamento e o valor certamente possuem relação com a sua dedicação à aprovação da MP 613 de 2013, que tratava de diversos temas de interesse da Odebrecht, além do fato de ser vice-líder.

O deputado Lúcio Vieira Lima, não retornou os contatos da TV Globo.

Heráclito Fortes

Cláudio Melo Filho disse que o deputado Heráclito Fortes (PSB), então senador, que tinha o codinome “Boca Mole”, recebeu R$ 200 mil em doações em 2010 e 2014. Segundo Melo Filho, “em razão das fortes relações políticas que tem, Heráclito sempre ajudou na análise dos principais temas políticos. Esse acervo político e as suas fortes relações justificavam que fossem realizados pagamentos a pretexto de campanha.”

A assessoria do deputado disse que ele recebeu contribuições legais e já aprovadas pela justiça eleitoral, sem qualquer vinculação com propina.

Delcídio do Amaral

Segundo Cláudio, o ex-senador pelo PT Delcídio do Amaral, de codinome “Ferrari”, reclamou que não recebeu "atenção" depois da aprovação de um projeto e que por isso ficou combinado que receberia R$ 500 mil que constava no esquema de pagamento realizado em 16/08/2012.

A defesa do ex-senador Delcídio do Amaral, sem partido, disse que as informações são especulativas, não oficiais e sem credibilidade.

Francisco Dornelles

Cláudio Melo Filho citou também o nome do atual vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP), que tinha o codinome "velhinho" recebeu R$ 200 mil. A Odebrecht tinha interesse em uma emenda que mexia nas concorrências públicas. Cláudio disse também que quando era parlamentar, Francisco Dornelles tinha influência nos temas tributários e que adotava postura favorável ao setor e aos interesses da empresa.

O vice-governador do Rio de Janeiro enviou uma nota afirmando que todas as doações eleitorais recebidas pelo Partido Progressista foram feitas de acordo com a legislação eleitoral e aprovadas pela justiça eleitoral.

Jaques Wagner                  

Segundo ele, a imagem do ex-governador da Bahia e ministro do governo Dilma Jaques Wagner despertava certa desconfiança dentro da companhia. “A opinião sobre o êxito de sua carreira política não era unânime, mas eu pessoalmente sempre acreditei”, disse ele.

Cláudio Melo Filho afirma que em 2006, quando Jaques Wagner era candidato ao governo da Bahia, providenciou um encontro dele com o Marcelo Odebrecht: “Durante almoço marcado por mim num restaurante (...) em Brasília, Jaques Wagner solicitou apoio financeiro e Marcelo concordou, embora tenha demonstrado incômodo por não acreditar no sucesso de sua candidatura. (...) Acredito que tenham ocorrido pagamentos de até R$ 3 milhões de forma oficial e via Caixa 2.”

Na pré-delação, Cláudio Melo disse que quando Wagner assumiu o governo, encaminhou a ele os assuntos de interesse da empreiteira no polo petroquímico de Camaçari, que Jaques Wagner ajudou a destravar. Ainda segundo Cláudio, o esquema se repetiu na campanha seguinte: “A atenção demonstrada por Jaques Wagner aos temas que eram de interesse da Odebrecht reforçou a sua imagem no grupo e qualificou-o como beneficiário de melhores recebimentos financeiros. O próprio Jaques Wagner fez questão de encaminhar esse pedido de apoio financeiro mais qualificado, apoiando-se na cuidadosa atenção que demonstrou aos nossos pleitos ao longo do seu primeiro mandato como Governador da Bahia.”

Pelas contas de Cláudio Melo Filho, Jaques Wagner - que tinha o codinome “polo”, levou R$ 7,5 milhões, em dez parcelas, pagas entre agosto de 2010 e março de 2011. O esquema voltaria a se repetir em 2014, desta vez na campanha de Rui Costa para o governo da Bahia, apoiado por Jaques Wagner. Cláudio disse que não participou desses pagamentos, mas acredita que foram repassados R$ 10 milhões. A empreiteira também deu presentes caros nos aniversários de Jaques Wagner. Segundo Cláudio Melo, em 2012, por exemplo, Jaques Wagner ganhou um relógio no valor de US$ 20 mil. No acordo de delação há fotos desse relógio.

Rodrigo Maia

O atual presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM), também é citado pelo ex-diretor da Odebrecht. Melo Filho conta que em 2013 pediu a Rodrigo Maia que acompanhasse a tramitação de uma medida provisória que interessava à empreiteira: essa MP dava incentivos a produtores de etanol.

Cláudio Melo Filho afirmou: “durante a fase final da aprovação da MP 613, o deputado, a quem eu pedi apoio para acompanhar a tramitação, aproveitou a oportunidade e alegou que ainda havia pendências da campanha de Prefeito do Rio de Janeiro em 2012. Solicitou-me uma contribuição e decidi contribuir com o valor aproximado de R$ 100.000,00, que foi pago no início do mês de outubro de 2013.”

Cláudio diz ainda que Maia era visto por ele como ponto de interlocução dentro da Câmara dos Deputados na defesa dos interesses da empresa. Também esclarece que Rodrigo Maia já tinha recebido um pagamento em 2010: “Sei que o pagamento, no valor de R$ 500 mil foi atendido.”

Marco Maia

Sobre o deputado federal Marco Maia, do PT, cujo codinome era “Gremista”, Cláudio Melo Filho contou que o conheceu em 2011, quando ele era presidente da Câmara. E que, em 2014, o petista pediu recursos ao ex-diretor para a campanha dele.

Melo filho afirmou que: “a referida solicitação foi autorizada por Marcelo Odebrecht e transmitida por mim ao referido parlamentar. ( ...) Foram realizados, em 2014, dois pagamentos a Marco Maia no valor total de R$ 1,35 milhão.”

José Agripino

Cláudio Melo Filho também citou o nome do senador José Agripino (DEM). Ele tinha o codinome “gripado”.

De acordo com o delator: “por ocasião ainda da campanha de 2014, a pedido de Marcelo Odebrecht, comuniquei ao Senador que a companhia iria fazer um pagamento a ele no valor de R$ 1.000.000,00. Destaco que o Senador José Agripino não era candidato a cargo eletivo nas eleições de 2014. Segundo me foi dito por Marcelo Odebrecht, esse valor teria sido solicitado a ele pelo Senador Aécio Neves como uma forma de apoio ao DEM, que era presidido à época pelo Senador José Agripino.”

Cláudio Melo explicou assim o interesse em Agripino: “Quando a mídia ventilou que (...) o Senador José Agripino poderia ser postulante ao cargo de Ministro de Minas e Energia, estive com o parlamentar.”

Agripino disse que desconhece e repele as acusações de cláudio melo filho. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que todos os pedidos de doações feitos pelo partido em 2014 se deram exclusivamente dentro da lei.

Anderson Dornelles, ex-assessor de Dilma

O ex-diretor da Odebrecht se referiu, ainda, a Anderson Dornelles que, segundo ele, foi apresentado por Marcelo Odebrecht em meados de 2012. De acordo com Melo Filho, Marcelo contou que mantinha contato com Anderson porque ele trabalhava com a presidente Dilma Rousseff e era responsável pela agenda de trabalho dela.

Segundo ele: “Posteriormente à reunião, Marcelo me comunicou que recebeu um pedido de apoio financeiro a Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil em seu benefício.”

Cláudio entregou e-mails sobre os pagamentos e apresentou planilhas que indicam sete pagamentos mensais de R$ 50 mil feitos a Anderson Dornelles, entre outubro de 2013 e julho de 2014, totalizando R$ 350 mil. Ele afirmou que o codinome de Anderson era "Las Vegas".

O ex- assessor de Dilma, Anderson Dornelles, também negou as acusações. Ele disse que nunca se reuniu na sede da Odebrecht nem solicitou ou recebeu qualquer ajuda financeira.

Negou ainda que tenha autorizado qualquer pessoa a fazer isso em nome dele.

Ciro Nogueira

O ex-executivo da Odebrecht conta ainda que manteve diversos contatos com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que ganhou o codinome de “Helicóptero” e “Cerrado” e que o senador pediu contribuição financeira.

Melo Filho relatou: “Sugeri internamente a inclusão do nome do parlamentar para receber o valor de R$ 300 mil, o que foi aprovado. O pagamento foi operacionalizado pelo setor de operações estruturadas, com o uso dos codinomes "Helicóptero" e "Cerrado".

Segundo Cláudio Melo, no segundo semestre de 2014, o senador Ciro Nogueira pediu apoio para a campanha dos candidatos do PP.

Melo afirmou: “a solicitação foi por mim encaminhada (...). O valor de R$ 1,3 milhão. O valor foi pago em setembro de 2014 através da área de operações estruturadas, como consta na planilha.” Esse setor de operações estruturadas era o departamento de propinas da Odebrecht.

O ex-executivo da Odebrecht explica que tratou com o referido parlamentar a respeito de assuntos públicos que eram do interesse da companhia. Entre eles, o projeto de mobilidade urbana em Salvador e contratos de energia para o Nordeste - previsto na MP 656.

O senador Ciro Nogueira disse que as doações recebidas pelo partido foram legais e sempre devidamente declaradas à justiça eleitoral.

Lúcio Vieira Lima

O delator afirma que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) recebeu R$ 400 mil em doação para a campanha e que o pagamento e o valor certamente possuem relação com a sua dedicação à aprovação da MP 613 de 2013, que tratava de diversos temas de interesse da Odebrecht, além do fato de ser vice-líder.

O deputado Lúcio Vieira Lima, não retornou os contatos da TV Globo.

 

ISTOÉ

Dilma pediu por Gleisi

Na última semana, Marcelo Odebrecht deu início aos tão aguardados depoimentos à Procuradoria-Geral da República. Acompanhados dos advogados do empresário, homem-chave da chamada mãe de todas as delações, três procuradores tomaram as confissões detalhadas do empreiteiro na sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde ele está preso há um ano e seis meses. Lá, Marcelo começou a esmiuçar as histórias que se comprometeu a contar nos anexos assinados com a PGR, na sexta-feira 2. Dentre elas, a denúncia, de que o ex-presidente Lula recebeu propina da Odebrecht em dinheiro vivo. Nos próximos dias, em mais uma de suas inúmeras revelações bombásticas, muitas delas capazes de colocar a República de ponta cabeça, o empresário irá envolver a ex-ministra da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffmann (PT), numa trama nada republicana. Nas preliminares do depoimento, Marcelo Odebrecht já informou aos procuradores que detalhará como repassou a Gleisi mais de R$ 4 milhões não declarados para saldar dívidas de sua campanha ao governo do Paraná em 2014. O dinheiro saiu do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como o “departamento de propina”. Conforme apurou ISTOÉ junto aos investigadores, a transferência do montante ocorreu a mando da então presidente da República, Dilma Rousseff.

Endividada, Gleisi havia pedido socorro a Dilma, depois de amargar a derrota nas urnas, quando ficou em terceiro lugar com apenas 14,87% dos votos válidos atrás do senador Roberto Requião (PMDB) e do governador Beto Richa (PSDB). O PT negou-lhe ajuda. A prioridade da legenda era investir em candidatos competitivos, que ainda precisavam de apoio financeiro para seguir na disputa pelo segundo turno. Àquela altura, Dilma tentava se reeleger presidente da República e, para isso, contava com vultosos recursos à disposição. Tanto pelo caixa oficial como por fora, conforme apontam as investigações em curso. Gleisi, então, lhe contou que precisava de mais de R$ 4 milhões a fim de saldar pagamentos pendentes. Dentre eles, a fatura com o marqueteiro responsável por sua campanha, Oliveiros Domingos Marques Neto, dono da Sotaque Brasil Propaganda. Dilma ouviu a história e se compadeceu. Em retribuição à fidelidade incondicional devotada pela paranaense durante os anos de trabalho no Executivo e depois também no Legislativo, como senadora, Dilma, então, resolveu ajudar Gleisi.