Advogado ajudou a costurar acordo de Yousseff com a Justiça.
Com Estadão Conteúdo
O consultor, lobista, doleiro e operador de propinas Lucio Bolonha Funaro contratou o escritório do criminalista Antonio Figueiredo Basto para negociar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Preso desde julho de 2016, como o operador de propinas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seu acordo apavora o Planalto.
Funaro promete falar o que sabe sobre as propinas para os “caciques do PMDB” e os benefícios obtidos por empresas, de A a Z”. A contratação do advogado curitibano é o mais efetivo passo do homem bomba do PMDB em busca de um acordo, em que fala o que sabe sobre os crimes e seus comparsas, em troca de redução de pena.
O lobista foi preso na Operação Sépsis, no dia 1º de julho, com base na delação de Fabio Cleto, ex-vice presidente de Fundos e Loteria da Caixa, mas é investigado nas operações Lava Jato, na Patmos, Greenfield, como operador de propinas de Cunha.
Com 30 anos de experiência, Basto tem em seu currículo dez acordos homologados na Operação Lava Jato – que ao todo, tem 151 delações feitas em Curitiba.
Foi o advogado que fechou a primeira delação premiada do doleiro Alberto Youssef, no Caso Banestado, década de 1990, e depois conseguiu novo acordo, em 2014, garantindo que o doleiro mais emblemático da Lava Jato deixasse a cadeia, menos de dois anos depois de preso.
A estratégia de defesa ainda está em negociação, mas Basto já tem tratativas anteriores com Funaro, de outras ocasiões.
Visto no Ministério Público Federal como um candidato a delator “complicado”, Funaro terá uma longa negociação para conseguir um acordo, avaliam pessoas próximas às investigações. Como operador financeiro, no entanto, ele integra um grupo de investigados da Lava Jato que mais tem obtido acordos, por levar as apurações para novas frentes ainda desconhecidas no escândalo.
As tratativas da defesa de Funaro devem ser feitas com a Lava Jato em Brasília e Curitiba, simultaneamente.
Cerco. Na quarta-feira, 7, o advogado Cezar Bittencourt informou que havia deixado a defesa de Funaro, que “estava interessado” em fazer acordo de delação premiada.
A prisão da irmã Roberta Funaro, com cerco contra ela para provar seu papel de recebedora da mesada de R$ 400 mil, em troca de seu silêncio, foi um dos fatores que mais pesaram na decisão de buscar um acordo de delação premiada.
Roberta Funaro foi presa no dia 18 de maio, alvo da Patmos, desdobramento da Lava Jato decorrente da delação premiada dos donos do Grupo J&F – que levou o apocalipse político à Brasília.
No dia 1º, o ministro Edson Fachin, da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou a conversão de sua prisão preventiva, em domiciliar, monitorada com tornozeleira eletrônica. Foi quando começaram as conversas mais aprofundadas com a nova defesa.
Funaro é citado nas delações da J&F como recebedor de um mensalinho de R$ 400 mil, para ficar em silêncio na cadeia. O lobista está preso na Papuda, em Brasília.
São suas revelações sobre o dinheiro da J&F pago até dois meses atrás – quando as operações já eram acompanhadas pela Polícia Federal e pelo MPF -, que mais interessam aos investigadores da força-tarefa.
Teria sido, segundo os delatores da J&F, essa mesada paga a Funaro de compra do silêncio um dos assuntos que levou Joesley Batista até o Palácio do Jaburu, no dia 7 de março, quando gravou de forma oculta conversa com o presidente Michel Temer.