GOVERNADORES DESAPARECEM DAS CAMPANHAS DE SEUS PRINCIPALMENTE POR CAUSA DA FALTA DE RECURSOS

Posted On Quarta, 28 Setembro 2016 15:42
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A coisa não anda nada boa para os políticos brasileiros. Nem a tradição de “fazer o sucessor” sobreviveu ao mar de denúncias e à lama da corrupção, transformando alguns governadores de “cabos eleitorais perfeitos” a personas non gratas em palanques de seus aliados.  Tudo bem que os candidatos podem até estar se beneficiando da máquina administrativa atuando em favo de suas campanhas, mas só se for duplamente “por baixo dos panos”.

 

Edson Rodrigues

 

A crise, o desgaste das gestões estaduais, a queda nos recursos repassados pela União e até operações policiais fizeram a frase "você é o candidato do governador" se tornar um dos principais ataques de adversários em campanhas de capitais brasileiras.

Mas, a principal causa do afastamento dos governadores da campanha é a falta de recursos.  Depois da quebradeira provocada pelo PT na economia nacional, muitos recursos carimbados e outros eventuais desapareceram, não caem mais nos cofres dos Estados.  Para piorar, as leis de incentivos fiscais acabaram por diminuir o percentual dos impostos repassado às unidades da federação.  No Tocantins, por exemplo, um estado novo que tem na agricultura sua principal mola econômica e é pouco industrializado, a filosofia do governo federal em incentivar os produtores de soja incluiu a diminuição dos impostos e, consequentemente, o montante dos impostos.

Piorando ainda mais a situação econômica dos estados, muitos deles enfrentam greves de servidores públicos, travando o pouco da economia que resta e diminuindo o repasse de recursos para os municípios, aumentando a insatisfação dos eleitores – e da população em geral – com os governadores.  Nem o salário do funcionalismo os estados têm conseguido pagar em dia.  Os que estão em melhor situação, apenas atrasam, mas há estados em que o parcelamento entra pelos meses seguintes.

A uma semana do primeiro turno, candidatos de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro dispensaram a presença dos governadores que os apoiam tanto no horário eleitoral quanto em atos nas ruas.

Na capital mineira, a imagem de Fernando Pimentel (PT) é usada para criticar até concorrentes, que dizem não ser aliados. Opositores de Alexandre Kalil (PHS) têm divulgado em propagandas uma foto de seu vice, Paulo Lamac (Rede), apertando a mão de Pimentel.

Lamac é ex-petista, mas a chapa tem negado qualquer relação com o governador.

O candidato oficial do partido em BH, Reginaldo Lopes, diz que Pimentel já gravou uma propaganda e irá aparecer na "reta final" de sua campanha. Até o momento, no entanto, o governador não esteve sequer nos lançamentos de pré-candidatura e candidatura de Lopes.

O próprio candidato governista usa em suas divulgações falde outros petistas como o deputado estadual Rogério Correia, o senador Lindbergh Farias (RJ), o ex-ministro Patrus Ananias e ainda faz a defesa dos ex-presidentes Lula e Dilma. Mas Pimentel não aparece.

A presidente do PT de Minas, Cida de Jesus, justifica a ausência do governador como uma consequência do formato de campanha. "As eleições deste ano são da militância, não é uma questão do governador Pimentel", diz.

Pesquisa Datafolha de agosto aponta que 54% dos eleitores rejeitariam o candidato que tivesse apoio de Pimentel.

RIO GRANDE DO SUL

No Rio Grande do Sul, um dos Estados mais afetados pela crise e onde o governador José Ivo Sartori (PMDB) foi alvo de protestos ao parcelar o salário dos servidores, o candidato peemedebista em Porto Alegre, Sebastião Melo, não o terá ao lado em seus atos de campanha.

Manifestantes de esquerda já têm usado o slogan "Melo é Sartori" em protestos para vincular o candidato ao atual governador.

Melo, no entanto, afirma que não quer "transformar este pleito em um debate sobre as questões estaduais e nacionais".

Já a assessoria de Sartori afirma que o governador participou de ato em Caxias do Sul, sua cidade natal, e gravou vídeos de apoio a candidatos do interior.

"Em Porto Alegre, [Sartori] sempre manifestou sua posição de apoio ao candidato de seu partido, Sebastião Melo. Porém, em todos os casos, procura agir com respeito à base política de apoio ao governo na Assembleia Legislativa", diz nota da coligação.

RIO DE JANEIRO

 

Dois governadores estão ausentes da campanha de Pedro Paulo (PMDB) à Prefeitura do Rio: o interino Francisco Dornelles (PP) e Luiz Fernando Pezão (PMDB), que está de licença médica.

O Estado sofre um deficit de R$ 19 bilhões neste ano e chegou a decretar estado de calamidade pública.

Oficialmente, a assessoria de Pedro Paulo diz que Dornelles está "com o tempo todo tomado em enfrentar os desafios do Estado" e Pezão não pode participar por causa da licença.

PARANÁ

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), também tem sofrido ataques da maioria dos candidatos em Curitiba, sobretudo porque a Polícia Militar entrou em conflito com professores em um protesto contra o governo, no ano passado, e deixou dezenas de feridos.

Ele apoia Rafael Greca (PMN) na capital do Estado, candidato que tem sido questionado sobre a ausência do tucano na campanha e que alega ter priorizado "a presença do candidato para divulgação de ideias".