O governador em exercício Laurez Moreira assumiu o comando do Tocantins em um dos momentos mais críticos da história política e administrativa do Estado
Por Edson Rodrigues
Com coragem e senso de responsabilidade, Laurez anunciou, nesta segunda-feira (3), que está elaborando um decreto de emergência financeira e administrativa, que expôs o tamanho do problema herdado: R$ 580 milhões em dívidas apenas na Saúde e um rombo total que chega a R$ 1 bilhão.
Mais do que uma medida de gestão, o decreto é um ato de transparência. A decisão de convidar o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Tribunal de Contas do Estado para participar da elaboração e do acompanhamento do documento foi um passo institucional que blinda o governo de interpretações políticas e acusações infundadas.
Com isso, Laurez terá amparo legal para agir, bem como divide com os órgãos de controle a responsabilidade pela reconstrução do Tocantins, garantindo que cada decisão tenha respaldo técnico, jurídico e ético. “Sai um cobrador e entra outro”, disse o governador, resumindo o quadro de caos fiscal que encontrou. “Tem muita coisa errada na aplicação do dinheiro público”.
DIAGNÓSTICO

Os números revelados pela nova gestão são alarmantes. O secretário Jairo Mariano descreveu a situação como “um Estado doente” e garantiu que o governo está “no controle do descontrole”, com foco em impedir que a população fique desassistida.
Laurez foi direto e afirmou que o seu gabinete agora será na Saúde, reforçando que o atendimento à população será prioridade número um do governo. O decreto dá condições legais para renegociar contratos, parcelar dívidas e garantir o pagamento de novas compras e serviços, tudo sob fiscalização direta dos órgãos de controle.
DIÁLOGO

Governador Laurez Moreira reunido com a Banca Federal em Brasilia
Em busca de soluções, o governador Laurez Moreira reuniu-se com a bancada federal do Tocantins, coordenada pela senadora Professora Dorinha Seabra, no gabinete da vice-presidência do Senado, com o senador Eduardo Gomes. O encontro teve clima institucional e propositivo. Laurez apresentou um diagnóstico detalhado das contas do Estado e solicitou R$ 300 milhões em emendas de bancada, com foco em saúde, infraestrutura e educação.

Obras dos hospitais de Araguaína e Gurupi
Entre as prioridades estão: R$ 300 milhões para a saúde e obras hospitalares, incluindo o Hospital Geral de Araguaína; Duplicação da BR-010 (Palmas–Porto Nacional), orçada em R$ 87 milhões; Execução da BR-235 (Pedro Afonso–Lizarda–ligação com o Nordeste), estimada em R$ 320 milhões. O governador continuará em Brasília nos próximos dias em busca de socorro financeiro e apoio institucional para reequilibrar as contas públicas.
O RETORNO DE WANDERLEI BARBOSA

Enquanto Laurez trabalha para reorganizar o Estado, o retorno do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos) parece cada vez mais distante.
O habeas corpus que tenta reverter seu afastamento, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em setembro, continua sem decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo está sob a relatoria do ministro Nunes Marques, que participa de um evento internacional na Bélgica.
Fontes em Brasília apontam que o caso pode entrar em pauta na próxima terça-feira, 11 de novembro, mas a reversão é tida como improvável, já que o afastamento foi decidido de forma unânime no STJ e com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, do Conselho Nacional de Justiça e de ministros do Supremo Tribunal Federal.

A Operação Fames-19, que motivou o afastamento, apura o desvio de R$ 73 milhões de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia, ganhou destaque nacional após reportagem do Fantástico, com áudios, imagens e documentos anexados aos autos do processo.
Nos bastidores, aliados de Wanderlei avaliam que, caso ele queira seguir na vida pública, a alternativa mais viável seria renunciar e disputar um novo mandato, apresentando-se ao eleitorado como vítima política e defendendo seu legado.
Mesmo com o cenário jurídico desfavorável, aliados e simpatizantes de Wanderlei Barbosa organizaram, em Palmas, carreatas, jantares e manifestações públicas, anunciadas nas redes sociais como uma “festa de retorno ao Palácio Araguaia”.
O movimento, contudo, perdeu força diante da ausência de decisão judicial e das novas revelações sobre a situação financeira do Estado. A expectativa de um retorno “triunfal” transformou-se em frustração, e as mobilizações, previstas para esta terça-feira, devem ser adiadas para outra data.
Fontes ligadas ao grupo de Wanderlei Barbosa confirmaram que o jantar político, marcado para celebrar seu retorno triunfal, acabou sendo esvaziado. A indefinição no STF e a gravidade das acusações colocam o ex-governador em uma situação delicada.

Pacientes no HGP
Enquanto isso, o Tocantins segue com hospitais à beira do colapso, estradas deterioradas e servidores apreensivos com o futuro. O foco, neste momento, precisa ser outro: salvar o Estado e proteger vidas.
DESARMAR AS NARRATIVAS
O Tocantins não pode continuar refém de discursos e narrativas que em nada contribuem para o seu futuro. A crise é real, os números são públicos e as soluções exigem maturidade institucional. O decreto de emergência assinado por Laurez Moreira, com a presença e o aval de órgãos fiscalizadores, é o primeiro passo para colocar o Estado nos trilhos da legalidade e da transparência.
A responsabilidade agora é coletiva: governo, parlamento e sociedade precisam caminhar juntos. O Tocantins está, simbolicamente, no corredor da UTI e o que se espera dos seus líderes é que salvem o paciente, e não disputem a autoria da receita.