Por: Edson Rodrigues
Os vazamentos de várias delações do processo da Lava Jato transformaram-se em um verdadeiro "circo", pois, valendo-se do poder midiático das delações, antes de mostrar provas das declarações feitas por criminosos confessos, são expostos de maneira extremamente negativa os nomes dos possíveis envolvidos, numa espécie de “prestação de contas” antecipada ao povo, mas que pode jogar por terra a credibilidade de trabalho sério e determinado que a Justiça vem desenvolvendo para desvendar os casos de corrupção e desvio de dinheiro público que estão escandalizando o Brasil e o mundo.
Essa prática não está caindo bem para o Ministério Público Federal muito menos da Justiça Federal. O senhor Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem que por um freio em toda essa patifaria. Afinal, é um espetáculo trágico em que pessoas que são, além de bandidos, dedos-duros, delatores passam a ser vistos como pessoas “boazinhas”, arrependidos, quando só estão tomando essas atitudes porque foram pegos com a “boca na botija”, roubando, tiveram seus atos comprovados e, para pegar uma pena menor, entregam seus companheiros de quadrilha e saem atirando pra todos os lados, citando nomes que muitas vezes servem apenas para desviar o rumo das investigações, tirar o foco de seus chefes e dar-lhes tempo de esconder o butim, o fruto de seus roubos.
Afora os efeitos publicitários, esses delatores também foram e fizeram parte de uma quadrilha que assassinou homens, mulheres e crianças, que buscar um tratamento nos estabelecimentos de saúde pública e não encontraram, causaram o aumento da criminalidade em todo país, o desemprego, fome... São esses tais delatores que coordenaram toda esta patifaria da corrupção nos governos federal, estadual e municipal, que levou a falência da economia em vários estados e municípios. Este espetáculo está mostrando só a classe política como bandida, mas os empresários, doleiros e donos de empreiteiras também são e devem ser tratados como bandidos e assassinos.
CAIXA 2
O chamado “caixa2”, ou seja, dinheiro doado para campanhas políticas e que não é declarado à Justiça Eleitoral, sempre existiu e é largamente praticado por 99,99% dos políticos e dos partidos e, sem esse complemento de verba, é praticamente impossível realizar uma campanha competitiva, seja para qual cargo for. Caso a Justiça continue a punir quem o pratica, praticamente sobrará apenas 0,01% dos políticos atuais com mandato.
Não estamos, aqui, fazendo apologia a nenhum crime, mas tem que haver uma forma de a justiça separar o joio do trigo, aplicando penas alternativas a quem recebeu recursos via caixa 2 e os utilizou unicamente para a campanha, sem praticar nenhum crime de superfaturamento e, principalmente, fez lobby criminoso para aprovação de leis e ou medidas provisórias que beneficiassem o doador do dinheiro “por fora” e resultou em prejuízo ao estado.
Enquanto isso, só nos resta aguardar o próximo show da Lava Jato com outros delatores, bandidos, travestidos de bonzinhos.