OLHO NO OLHO
Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
A decisão por 5 x 0 da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que corrigiu o afastamento liminar do governador Wanderlei Barbosa, mudou de forma profunda o cenário político do Tocantins. A medida, considerada nos bastidores como uma correção de rota diante de um afastamento baseado apenas em narrativas de um processo no qual o governador sequer era réu, reposiciona forças, redefine alianças e redesenha o tabuleiro sucessório para 2026.
Com o retorno definitivo de Wanderlei ao comando do Executivo, fortalece-se automaticamente a pré-candidatura da senadora Professora Dorinha Seabra, nome apoiado pelo senador Eduardo Gomes e por grande parte dos prefeitos dos maiores colégios eleitorais do Estado, além de dezenas de gestores de municípios médios e pequenos. A decisão do Supremo jogou luz sobre a consistência do grupo governista, devolvendo a estabilidade institucional ao Tocantins, mas também o impulso político necessário para a consolidação da chapa majoritária governista.
DORINHA ASSUME O CENTRO DO TABULEIRO

Com cautela e sem precipitação, Dorinha vinha construindo sua pré-candidatura ao governo desde o início do ano, sempre com articulação profissional e política sólida. Liderando as pesquisas de intenção de voto, a senadora deve receber, nos próximos dias, a declaração pública de apoio do governador Wanderlei Barbosa, que passará a tratá-la oficialmente como sua sucessora.
Uma vez anunciada, essa aliança, somada ao peso político de Eduardo Gomes, vice-presidente do Senado e líder influente no Congresso Nacional, tende a turbinar a pré-candidatura de Dorinha, colocando-a em uma posição privilegiada na corrida eleitoral. O grupo reforça que este é o momento de agir de maneira coordenada, unindo estratégia, organização e governabilidade para construir uma campanha competitiva e bem estruturada.
A OPOSIÇÃO DESARTICULADA E O REVÉS DE LAUREZ

Se a base governista se fortalece, a oposição, ao contrário, vive um momento de desorientação. A interinidade de Laurez Moreira à frente do governo por 90 dias alimentou expectativas de uma possível consolidação de seu nome como alternativa ao Palácio Araguaia. No entanto, os acontecimentos recentes revelaram fragilidades profundas.
É consenso entre aliados que Laurez se empenhou em entregar resultados rápidos e visíveis, mas caiu nas armadilhas das promessas mal explicadas e das expectativas criadas em Brasília. Nas duas semanas mais decisivas, quando a permanência dele no cargo dependia de articulação de alto nível, Laurez assistiu ao movimento contrário: viu os senadores Eduardo Gomes e Dorinha atuando fortemente para assegurar o retorno de Wanderlei.

A situação agravou-se nos bastidores quando, em momento fundamental, sua principal madrinha política, a ex-senadora Kátia Abreu, encontrava-se no exterior, afastada das articulações por mais de uma semana. O episódio, comentado abertamente nos corredores do poder, deixou Laurez isolado e sem o suporte necessário no instante mais decisivo de sua curta gestão.
A ausência de Kátia pode ter impacto direto no futuro político de Laurez. Há avaliações de que ela tende a priorizar os projetos eleitorais dos filhos, Irajá Silvestre (candidato à reeleição ao Senado) e Iratã, cotado como candidato a deputado federal. Nesse rearranjo, Laurez pode perder espaço, sustentabilidade e protagonismo dentro do grupo.
NOMINATAS EM CRISE E PARTIDOS EM BUSCA DE TERRENO FIRME

O retorno de Wanderlei ao cargo virou do avesso o planejamento de diversos partidos que, durante a interinidade, vislumbravam condições mais favoráveis para montar nominatas competitivas. Agora, com o cenário redefinido, legendas como Podemos, MDB, PSDB e PT outras siglas médias enfrentam dificuldades para compor chapas proporcionais fortes.
Com quocientes projetados de 80 a 90 mil votos para eleger um deputado federal e 40 a 45 mil votos para estadual, a missão de recrutar nomes mínimos com potencial de 5 mil votos e ainda oferecer estrutura financeira e logística se tornou ainda mais árdua. Há quem diga que o “mercado eleitoral” secou e poucos querem se arriscar em candidaturas com baixas chances de vitória.
SENADO: CANDIDATURAS “BALEADAS” E INCERTEZAS

O impacto também se estende às pré-candidaturas ao Senado. Irajá, que havia filiado Laurez ao PSD para tê-lo como candidato ao governo com aval de Gilberto Kassab, perde agora a principal âncora de sua estratégia: o controle do Palácio Araguaia.

Já Vicentinho Júnior, que crescia nas pesquisas e buscava consolidar seu nome ao Senado, terá de deixar o PP até abril de 2026, já que o comando estadual da Federação União Brasil/PP está alinhado com Dorinha. A sigla, que detém o maior tempo de propaganda eleitoral e o maior volume de recursos do fundo partidário no Tocantins, deve permanecer sob controle de aliados do grupo governista.
A FORÇA DO GRUPO GOVERNISTA
Com o retorno definitivo de Wanderlei até 31 de dezembro de 2026, o governo planeja uma operação política unificada. O objetivo é eleger a governadora, conquistar as duas vagas ao Senado e formar as maiores bancadas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa.
O quarteto formado por Wanderlei Barbosa, Eduardo Gomes, Dorinha Seabra e o presidente da Assembleia, Amélio Cayres, já trabalha de maneira coordenada para uma vitória robusta em outubro de 2026.
A OPOSIÇÃO NÃO ESTÁ MORTA, MAS PRECISA SE REINVENTAR

Embora enfraquecida, a oposição não desaparece. Líderes de diversos partidos reconhecem que, para sobreviver, precisarão se unir em torno de uma candidatura única ao governo e duas ao Senado. Há nomes preparados, respeitados e competitivos no campo oposicionista, mas somente uma frente unificada pode impedir o apagamento total da representação oposicionista no Tocantins.
A missão é difícil, mas não impossível. Caberá às lideranças construir uma alternativa limpa, propositiva e capaz de dialogar com o eleitorado em torno de temas reais, evitando os atalhos do baixo clero e se posicionando como contraponto ao projeto governista.
VITÓRIA, EMPATE E A GUERRA FINAL
O afastamento de Wanderlei representou, para a oposição, a vitória por 1 x 0.
A decisão monocrática que determinou seu retorno em seguida equilibrou o placar: 1 x 1.
Mas a decisão colegiada da Segunda Turma do STF, não foi apenas uma vitória, foi a vitória da guerra.
Contra fatos, não há argumentos.
Os próximos capítulos desta trama política começam a se desenrolar já na próxima semana e o Paralelo 13 seguirá acompanhando cada movimento.
Família O Paralelo 13
Tocantins, política e verdade nua e crua.