Ao tomar posse em 1º de janeiro de 2015, o governador eleito, Marcelo Miranda terá pela frente um desafio capaz de colocar seu nome no panteão dos grandes administradores ou relegá-lo ao time dos que tentaram, mas não conseguiram vencer o “sistema”.
Explica-se: a quantidade de problemas que irá enfrentar, principalmente em seu primeiro ano de administração é tamanha, que só um grande administrador e estadista – com a ajuda de uma equipe do mesmo nível – será capaz de passar por eles e colocar a máquina pública em condições de funcionamento pleno, como requer o Estado do Tocantins.
As prisões da ex-secretária estadual da Saúde, Vanda Paiva, e do secretário executivo da pasta, Gastão Nader, pela Polícia Federal – dão uma ideia do que a equipe de Marcelo Miranda vai encontrar pela frente.
Se a Saúde gerou prisões, a Segurança Pública passa por mazelas semelhantes, sem qualquer indício de gestão comprometida com o bem-público.
Segundo o coordenador da Comissão de Transição e futuro secretário de Governo, Herbert de Brito, grandes cortes orçamentários já estão sendo cogitados, com a extinção de cargos e, até mesmo, fusão de secretarias.
A Comissão de Transição fala em situação caótica, com casos, inclusive, de falta de alimentos em alguns órgãos governamentais e de dívidas com fornecedores que beiram o absurdo.
Apesar de o governador Marcelo Miranda falar em bom relacionamento com o governo Federal, têm que se lembrar que a presidente Dilma Rousseff terá que equilibrar o orçamento e a governabilidade entre os 23 partidos que compõem a base aliada e que farão de tudo para ter seus nacos no “bolo do poder”, o que pode dificultar a liberação de verbas para que o Tocantins possa dar início à “arrumação da casa”.
“Pacote contra a governabilidade”
O que foi chamado pela imprensa de “pacote de bondades” do governador biônico, Sandoval Cardoso, ao conceder uma série de benefícios e aumentos aos servidores estaduais, está sendo tratado internamente pela equipe de transição como um verdadeiro “pacote contra a governabilidade”, que vai aumentar as dificuldades para que a máquina administrativa possa ser colocada nos eixos novamente.
Mesmo que fale em “demissões pontuais”, Marcelo Miranda sabe que haverá setores em que a limpa terá que ser grande para que a governabilidade almejada seja alcançada.
Transparência
Mas, de todos os desafios que Marcelo Miranda terá que enfrentar, o maior deles será deixar a sociedade tocantinense a par da situação em que o Estado lhe será repassado.
Auditorias, revisão de contratos e readequação no quadro de servidores terão que passar a ser assuntos cotidianos em seus primeiros dias de governo, já que o povo tocantinense o elegeu justamente para isso.
Expressar a situação do Estado no “preto no branco”, deixar claro para a sociedade o que foi feito – e o que se deixou de fazer – nos últimos quatro anos de governo e, principalmente, o grau de compromisso do grupo político que deixa o poder com o povo tocantinense será o maior legado da administração de Marcelo Miranda.
O eleitor mostrou que mudo, que está consciente do seu papel democrático e de sua força transformadora. Mas os eleitos por esse povo precisam mostrar que acompanharam essa mudança, essa evolução e que o compromisso maior dos gestores públicos voltou a ser o povo, em detrimento dos benefícios pessoais.
Cabe ao novo governo de Marcelo Miranda mostrar que o povo está certo e que fez a melhor escolha.
Marcelo Miranda e sua equipe têm um desafio hercúleo pela frente, mas têm, também, a chance de escrever seu nome de forma definitiva e honrosa na história política do Tocantins.