A renúncia de Siqueira: mais que simples retórica, um ato de sacrifício

Posted On Sexta, 11 Abril 2014 02:55
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Mais que abrir caminho para o futuro político de Eduardo, Siqueira Campos assina, definitivamente, seu nome na história do Tocantins. Muito mais pensada, calculada ou orquestrada, a renúncia de José Wilson Siqueira Campos, teve dois atos distintos e, por mais que fosse esperada ou prevista pela oposição, surpreendeu pelo pragmatismo, pela praticidade e pelo simbolismo.

Quando o secretário da Casa Civil, Renan de Arimateia, leu, na noite Do último dia 04 de abril, durante sessão extraordinária, convocada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, Sandoval Cardoso, a mensagem de renúncia do governador Siqueira Campos, foi dado início a uma das maiores passagens a ser registradas nos anais da política nacional.

Enquanto a oposição esperneava entre declarações de “golpe” e “garupismo”, Siqueira Campos, o José Wilson, abria espaço para que seu filho, Eduardo Siqueira Campos, desse seguimento aos planos traçados pelo único político brasileiro com mais de 50 anos de vida pública sem nenhuma condenação, cujo maior patrimônio é o povo e, não, bens, propriedades ou ações na Bolsa de Valores, mesmo após uma eleição como vereador, em Colinas, nos idos de 1965, cinco para deputado federal, que começaram em 1966 e se seguiram até o mandato Constituinte, em 1988 (um ano a ser comentado á parte em sua história), e iniciaram uma séria de mandatos como governador do Estado do qual alicerçou a criação e que se encerrou não no último dia 4, como muitos pensam, mas no dia 5, como mostraremos a seguir.

Leque de opções
A renúncia, pura e simples, de Siqueira Campos, pragmaticamente, abre caminho para que seu filho, Eduardo Siqueira Campos, fique á vontade para escolher o cargo pelo qual quer ser eleito pelo povo. O único que Eduardo rejeita é o de suplente de senador, se colocando à disposição da vontade do povo e das lideranças para qualquer outra opção do leque que se abriu à sua frente, de deputado estadual a governador.
Eduardo falou na Assembleia Legislativa logo após a leitura da carta de renúncia de seu pai. Entre desabafos e revelações, fez comentários espirituosos sobre a oposição, quando falou em “garupismo”, comentando a mobilidade oportunista de adversários e em “1 quilo de sal”, sobre políticos que disseminam insinuações de “golpe” nas redes sociais.
O certo é que Eduardo Siqueira Campos é, hoje, o político tocantinense que mais reúne condições de se tornar o próximo governador. “Jamais pela via indireta”, diz ele, mas firmemente calcado na maioria que ele próprio “costurou” na Assembleia Legislativa e nos votos que isso pode resultar na hora em que o povo tocantinense for às urnas.
Enquanto o atual governador, Sandoval Cardoso, presidente da AL que assumiu com a renúncia do governador e do vice, João Oliveira, trata de dar continuidade ao processo natural, a oposição, como sabiamente disse uma articulista política, fica “dando voltas em torno de si mesma”, tentando assimilar o “golpe”– por mais que ele tenha sido ensaiado, planejado e previsto .
Já Eduardo Siqueira Campos, que, como ele próprio afirmou em seu discurso na AL, por várias vezes “padeceu por sua pouca idade”, demonstrou, durante todo o processo de gestação desta que se pode chamar de “acomodação tectônica política”, uma imensa capacidade de articulador, transformando uma minoria política na AL em maioria imbatível e intrinsecamente envolvida com o governo de seu pai que, na pior das hipóteses, aponta para um amadurecimento político e pessoal que chega a assustar.
Desde sua filiação ao PTB até a sua desincompatibilização do cargo de secretário, preparou-se para, na data fatal, poder afirmar a quem quisesse ouvir, estar capacitado para disputar “qualquer cargo. Ou nenhum!”, principalmente com a tranquilidade de poder contar com uma super coligação partidária, formada por 12 legendas .
Acaso(?)emblemático
O agora, ex-governador, Siqueira Campos pode ter, na noite da última sexta-feira (4), se despedido de seu último mandato político. Mesmo estando habilitado para disputar qualquer cargo, como seu filho Eduardo, cogita-se muito que a escolha poderia ser o Senado, ou até mesmo o Governo do Estado, mas o próprio Siqueira fez questão de jogar uma cortina de fumaça sobre as especulações a seu respeito, com duas afirmações que podem ter várias interpretações: “só sei que estou disponível, o Senado é uma hipótese distante” e “Eduardo é infinitamente melhor que eu”.
Ou seja, Siqueira segue a incógnita de sempre.
Mas, para os mais antenados, alguns detalhes emblemáticos não passaram despercebidos.
A família Siqueira Campos se instalou no Tocantins na pequeníssima Ipueiras de então, comandada pela veia pioneira de “seu” Joaquinzinho Siqueira Campos que, num paralelo histórico com a criação do Tocantins, lutou pela emancipação política de Ipueiras e teve seu legado resgatado por Israel Siqueira Campos, que fez e vem fazendo, sempre, tudo o que pode pela população da cidade.
Pois o grande sonho de Joaquinzinho Siqueira Campos era que a pequena Ipueuras tivesse chances de progredir com a melhoria das vias de ligação com as demais cidades. A obra, o último ato de Siqueira Campos e o local onde transmitiu a faixa de governador a Sandoval Cardoso, é justamente o resgate do primeiro sonho siqueirista no rincão do País onde a família decidiu viver.
Não foi à toa que a TO-458 recebeu o nome de “seu” Joaquinzinho, nem foi ao acaso que toda a comemoração, com lauto churrasco e muita festa para o povo, oferecido com emoção e orgulho legítimos por Israel Siqueira Campos,tenha ocorrido na fazenda onde as raízes da família Siqueira Campos estão fincadas no Tocantins, onde toda a história começou.
O simbolismo que envolveu o local e obra escolhidos para a passagem da faixa de governador se torna cada vez mais emblemático quando vamos avaliando a vida política de José Wilson Siqueira Campos, o único político do Brasil, com 50 anos de vida pública, sem um processo sequer por qualquer um dos motivos que envergonham a maioria dos políticos brasileiros – assim como o povo – ante a opinião pública mundial, justamente em um momento em que 85% da população brasileira repudiam a corrupção na política.
Siqueira renuncia a um mandato que lhe foi concedido pelo povo, em favor de seu grande sonho, que é ver seu filho, Eduardo, assumir o comando do Tocantins, assim como ele, pela escolha popular, e poder, do alto de sua idade, ver a semente plantada por “seu” Joaquinzinho, continuar dando frutosde importância crucial para a terra onde brotou.