Enquanto a população espera por respostas, Executivo e Legislativo de Palmas afundam de mãos dadas nos índices de impopularidade
Por Edson Rodrigues
Mais uma vez a cadeira do gabinete do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, gira sem rumo dentro da sala de onde deve(riam) sair a principais decisões sobre o cotidiano da nossa Capital.
Enquanto a cadeira espera pelo peso do seu ocupante, ele flutua, leve, sob as asas de Hector Franco, um paranaense que chegou para comandar a secretaria criada para organizar os I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas e que, de tão “bonzinho”, foi batizado de Whairé Sõmpré Xerente ou “Grande Águia do Clã da Lua do Povo Xerente”.
Na última vez que foram vistos, estavam sob as nuvens de algum lugar entra a Austrália e os Estados Unidos (e olha que tem chão aí!)
Todos os motivos que levaram a população palmense e o povo tocantinense a comemorar a escolha da nossa capital para sediar os I Jogos Mundiais dos Povo Indígenas, começam a ser eclipsados pelos gastos para a realização do evento, que já ultrapassam a casa dos 60 milhões de reais – 40 milhões da prefeitura – , o que significa a bagatela de oito milhões e meio de reais por dia de evento.
Fazendo um paralelo com o que o governo federal, responsável por grande parte desses recursos vem fazendo com a economia brasileira, afundando um barco que navegava por águas tranqüilas e com os timoneiros presos por corrupção e lavagem de dinheiro, pode-se, pelo menos, desconfiar desses gastos com os Jogos Indígenas.
Logo, é lógico o raciocínio de que, se há tantos recursos assim para esse evento – importante e engrandecedor, diga-se de passagem – deveria haver recursos para questões mais urgentes e condizentes com a realidade da nossa capital.
Mas, quem deveria estar atento para isso seriam os representantes do povo encarregados de fiscalizar as ações e os gastos do Executivo Municipal, que seriam os digníssimos vereadores, parecem engessados em seus atos, tais como marionetes, salvo três intrépidos mosqueteiros (lembrando que, pelo menos na literatura de Alexandre Dumas, eram quatro), trazendo à tona a frase do saudoso Golbery do Couto e Silva, que profetizava: “triste do governo que não tem uma oposição competente”.
GENUFLEXOS
Assim como os católicos, parece que os vereadores de Palmas sabem bem o que é genuflexão. Escolhemos essa palavra para revestir de alguma dignidade a situação em que se encontra a maioria dos vereadores da Capital em relação ao Executivo.
O presidente da Câmara Rogério Freitas (PMDB), com sua fidelidade canina à Amastha, está sendo omisso em relação às suas obrigações para com o povo, e vem causando descontentamento em vários segmentos da sociedade. A sessão da Câmara Itinerante que aconteceria no dia 27 passado, na Região Norte da cidade, acabou reduzida a menos de 30% das cadeiras ocupadas pela população, o que corresponde a nenhuma resposta significante à sociedade.
Enquanto isso, a Câmara Municipal de Palmas custa mais de 2 milhões de reais mensais aos bolsos dos contribuintes, para sustentar mais de 500 funcionários, 95% deles contratados pelo criterioso sistema do Q.I. – Quem Indica –, sem concurso e, às vezes, até sem escolaridade.
Será que nem essa “benevolência forçada” por parte do povo para com os parlamentares serve de “incentivo” para o presidente da Casa e seus pares encararem a população cara a cara para saber as suas demandas e suas reivindicações?
Vale lembrar que enquanto a atual administração mais que dobrou sua arrecadação, a fiscalização por parte dos vereadores é quase inexistente, ficando a cargo dos radares e dos pardais, das cobranças dos devedores do IPTU (com aumento) e de outros tributos, e em inscrições na divida ativa, que cresceram mais de 100%.
Enquanto isso, lembramos ao leitor que os meios de comunicação não se curvaram diante das pressões veladas e da falta de incentivos, e fazem questão de trazer à tona as denúncias e desconfianças levantadas pelos principais opositores de Amastha, os vereadores Lúcio Campelo, Joaquim Maia e Júnior Gel, ale do deputado estadual Wan derley Barbosa, com o rombo no PrevPlamas, com prejuízos de R$ 26 milhões, a reforma de um CEMIS (Centro Municipal de Educação Infantil) ao custo de R$ 806 milhões, valor que daria para e a contratação de shows com dinheiro publico, como o da dupla de palhaços Patati e Patatá, pelo valor de R$ 404 mil – que aqui, quem foi palhaço foi o contribuinte – um outro, de Israel e Rodolfo, por de 260 mil, entre outros descalabros que você encontra na nossa versão impressa de O Paralelo 13.
ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS
Em outras administrações que passaram pelo paço municipal, tanto Fenelon Barbosa, Eduardo Siqueira Campos, Odir Rocha, Nilmar e até Raul Filho, souberam, cada um de sua maneira, lidar como Legislativo Municipal, possibilitando que os vereadores tivessem voz e altivez.
As várias bancadas, mesmo com a eterna briga oposição/situação, proporcionavam mais movimento, discussões dos reais interesses do povo.
A realidade atual aponta que, dessa safra que ali se encontra, a maioria não retornara àquela Casa, seja por omissão, cegueira ou obediência canina, além, é claro, do eterno amém genuflexório ao executivo.
O povo sabe, dentre os 19 vereadores da capital, o que cada um fez, ou deixou de fazer. Mas, infelizmente, o sistema eleitoral brasileiro como está, privilegia os detentores de mandatos e, pelo andar da carruagem, com essa reforma política que sai/não sai, a tendência é piorar.
Mas, com dizia Lulu Santos, “para todo mal há cura”.
Alguns dos membros do Legislativo palmense, se curarem suas “bipolaridades” ainda podem ser salvos na bacia das almas.
Uma coisa é certa: o eleitor palmense não esquecera e saberá dar sua resposta nas urnas. Pois os altos impostos e tributos não há como esquecer. Tanto o meio empresarial, profissionais liberais e a população, sabem o quanto as altas cargas tributarias afetam seus bolsos.
Ainda há tempo para os nobres veadores da base do prefeito Amastha recuperarem sua dignidade e respeito e reaver o que resta de credibilidade junto à comunidade.
As vaias de mais dequatro mil pessoas recebidas pelo prefeito Carlos Amashta e pelos vereadores que o acompanharam durante uma partida beneficente de futebol, no Estádio Nilton Santos, devem ser entendidas como um aviso, um alerta de que o povo não é bobo, e sabe exatamente onde dar a resposta, afinal, a abertura do Jogos Indígenas vem aí e Amastha terá ao seu lado a presidente Dilma Rousseff. Será que o recorde de vaias será batido?
Quem viver, verá!