AVELINO DEVE DISPUTAR REELEIÇÃO EM PARAÍSO

Posted On Segunda, 28 Setembro 2015 12:05
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Em entrevista ao jornal Opção, ex-governador falou sobre a perda de credibilidade do PMDB e a atuação de seu vice, cooptando lideranças disputar a prefeitura contra ele

 

“O PMDB do Tocantins está igual ao PMDB nacional. Está aí aos trancos e barrancos. Não tenho participado de reuniões, até mesmo porque nunca mais fui convidado”.

 

Essa frase de Avelino abre a entrevista ao jornaloista Gilson Cavalcante, ressaltando que “não estou reclamando disso, mas acho que eu devia, com a minha visão de vida política, dar palpites também”.

Avelino questiona a forma como a direção estadual do PMDB está articulando com as lideranças do interior do Estado. “Os que eu sei, não têm gabarito para fazer isso, porque falta credibilidade para fazer as articulações e os que fazem, estão fazendo tudo errado. E eu recebendo telefonema de lideranças do interior de todo o Estado dizendo que estão fora do processo e perguntando o que fazer. E eu respondo: eu não sei de nada, estou tão desligado, tão por fora como arco de barril”, explica Avelino, ao admitir que a representatividade do PMDB está diminuindo a cada ano que passa, porque o povo vai desacreditando no partido.

O ex-governador falou também sobre a situação dos municípios com a atual crise financeira que o País atravessa: “eu acho que não somente a prefeitura de Paraíso, mas todas as prefeituras que não têm recursos próprios, arrecadação pequena, como é o caso de 90% das prefeituras do Tocantins e do interior do Brasil, passam por grandes dificuldades, porque o Poder Central (governo federal), nas últimas décadas, jogou muitos encargos em cima das prefeituras e tirou o dinheiro das administrações municipais. Quando eu fui prefeito de Paraíso, há mais de 30 anos, fazia tudo sem ir a Brasília pedir dinheiro para governo nenhum. Realizava obras com os recursos que a prefeitura dispunha e hoje não tem mais. Hoje, é impossível a prefeitura comprar um caminhão, um trator, porque não tem recurso. Só para se ter uma noção, só no mês de setembro, o FPM caiu em média 38%, fora as quedas anteriores”, lastimou. A saída é fazer cortes e enxugar a máquina?

Estou reunindo o meu secretariado para ver o que se pode cortar; já fiz três reuniões nesse sentido. O grande problema é saber o que cortar. Na saúde, educação e assistência social não se pode cortar nada, porque depende do pessoal e da manutenção dos serviços. O que vou fazer é paralisar as obras, não iniciar as obras que estavam previstas, as que estão em andamento vamos ver o que pode continuar ou não e as que contam com recursos federais a gente vai manter com a contrapartida do município, porque não podem ser paradas. Já autorizei o recolhimento de máquinas, cortando abastecimento da frota de carros e reduzindo o número dos veículos em circulação. Estamos fazendo o possível e pedindo os órgãos para não gastar muito com energia elétrica. Fazer economia para ver se não deixamos atrasar a folha de pagamento dos servidores. Estamos na expectativa para ver o que vai acontecer com esse Brasil nos próximos seis meses.

Sobre a disputa pela reeleição, Avelino soltou mais uma de suas pérolas: “eu sempre digo: a gente entra em política por causa dos amigos e não sai por causa dos inimigos. Então, a gente está numa luta, numa guerra e se a gente não tomar cuidado é engolido pelo adversário. Eu já estou na hora de me aposentar, pela idade, pela história que eu tenho. Mas aconteceram uns fatos novos em minha cidade: o senador Vicentinho (PR) com o deputado Osires Damaso (presidente da As­sembleia), do DEM, lançaram meu vice (Ari Arraes), que era o meu sucessor – tínhamos esse entendimento – para concorrer comigo. Aí mexeu comigo. Agora eu resolvi ir para a reeleição e vamos ver o que o povo quer. E tem outros candidatos também. (Ari era do DEM e foi para o PR).

 

Mas foi sobre asituação do PMDB que Avelino abriu a “caixa de ferramentas”: “o PMDB do Tocantins está igual ao PMDB nacional: aos trancos e barrancos, o tempo passando. Quando as coisas apertam, eu sou chamado para dar palpites, mas não é essa a questão. Quem está tocando o PMDB no Estado? O companheiro Derval de Paiva assumiu o partido num acordo que fizeram, mas ele tem autonomia? Está fazendo? Quem está andando no interior do Estado conversando com as lideranças dos municípios? Não sei de nada mais decisivo que acontece com o partido, só de fofocas, de briguinhas que chegam até mim. Isso vai para frente? E o diretório nacional está em paz? Coisa nenhuma. É metade de um jeito, metade de outro. Não há patriotismo, mas interesse de grupos. E os interesses acabam com o PMDB; primeiro, acabando com a credibilidade. Vamos ver o que vai dar nas eleições do ano que vem. Quantos prefeitos e quantos vereadores o PMDB vai eleger. A nossa representatividade está minguando a cada ano que passa, porque o povo vai desacreditando.

NOSSO PONTO DE VISTA

Nós, de O Paralelo 13, sabemos que o relacionamento entre Moisés Avelino e o Palácio Araguaia nunca foi boa e tende a se distanciar cada vez mais.  Isso porque o ex-governador é da velha-guarda do PMDB, nunca saiu do partido, no qual faz parte da ala conservadora e é de poucas palavras, por isso, quando fala, suas declarações repercutem.

Logo, quando desata a falar sobre seu descontentamento, é porque é sério e deve ser levado em consideração.  Essa entrevista mostra que Avelino está mordido e vai partir pra briga, transformando a sucessão municipal em Paraíso, que até então parecia que iria transcorrer de forma tranqüila e pacífica, num caldeirão prestes a entrar em ebulição.

Estivemos em contato com um membro do primeiro escalão da prefeitura de Paraíso, que deu uma ideia de como será o tom das eleições: “será um prazer derrotar o candidato apoiado por Vicentinho e pelo deputado Damaso”.

Pelo jeito, “o bicho vai pegar”.

Quem viver verá!