Nem bem esquentou a cadeira presidencial, Michel Temer enfrenta falta de credibilidade de assessores e pressão de partidos aliados
Edson Rodrigues
Michel Temer (PMDB) é o presidente interino da república por obra da Constituição. Vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, do PT, apenas esperou que a presidente se enrolasse em seus próprios erros e ser afastada por 180 dias para assumir em seu lugar.
Mas o que o povo brasileiro mais teme em seu governo é receber mais do mesmo, ou seja, Dilma foi afastada por suspeitas de corrupção e a equipe de ministros escolhidos por Michel Temer está recheada de investigados e até réus em crimes que vão da corrupção ao estelionato, passando por um improvável homicídio.
As polêmicas levantadas por suas nomeações já o fizeram mudar de ideia e até ceder em alguns casos e o apoio que vem recebendo de alguns partidos está por um fio de cabelo.
Temer não pode se dar ao luxo de perder apoios, principalmente no Senado, onde quatro simples votos podem devolver a cadeira presidencial à Dilma. Logo, precisa saber conduzir muito bem o seu claudicante governo, sob pena de se ver em maus lençóis, se não souber buscar legitimidade e credibilidade.
ROMERO JUCÁ
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, a pedido do Ministério Público Federal, a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador Romero Jucá (PMDB-RR), atualministro do Planejamento do governo de Michel Temer.
Jucá está sendo investigado por procedimentos referentes à liberação de emendas parlamentares para obras que teriam sido superfaturadas posteriormente. O inquérito em questão tramita no Supremo desde 2004.
Nesta sexta-feira (20), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF a inclusão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de Romero Jucá, e dos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA) em um inquérito já aberto na Corte que investiga o suposto pagamento de propina na construção da usina Belo Monte. O ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA) já é investigado.
FHC PÕE RÉDEAS CURTAS
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) afirma que o PSDB não se sentirá muito satisfeito no governo Michel Temer ao ver outros partidos ganhando mais espaços que a agremiação tucana. "O PSDB tem três ministérios, mas muitos partidos da base atual já estavam antes no governo e estão aumentando sua participação. O PSDB vai ficar um pouco nervoso com isso. Relativamente, o partido vai ficar com muito menos que os outros", avaliou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
FHC também afirmou que se a gestão Temer adotar um caminho controverso, o PSDB pode desembarcar da base governista. "Se o governo for para um caminho que achamos errado, então o PSDB sai. O governo é destino inevitável para quem participa do atraso. Se o PSDB se confundir inteiramente com a política, ele vai ter problemas. Isso vale para o governo. O presidente Temer tem que negociar com o Congresso, mas ter cuidado e explicar isso para a sociedade", fez o alerta.
Ainda na entrevista, o tucano afirma que o senador José Serra (PSDB) ganha vantagem na disputa interna para ser o candidato do partido nas eleições de 2018 para presidente da República ao assumir o Ministério das Relações Exteriores. "A medir pelas semanas iniciais, sim. Ele tomou posição. Eu sempre digo que o problema dos nossos partidos é não tomar partido. Serra foi lá, tomou posição e se projetou. Ele ganhou mais força. Mas 2018 ainda está longe", ressaltou.