Estado não pode esperar agravamento dos reflexos do movimento que atingirão o dia a dia dos cidadãos. Vidas podem ser perdidas
Por Edson Rodrigues
Como já dissemos anteriormente, reconhecemos plenamente a legalidade da greve geral. É um direito de todo trabalhador, garantido na Constituição. Mas, não podemos deixar de falar que os médicos que prestam serviços ao Estado e os agentes do Fisco, são as categorias mais bem remuneradas. Além do salário fixo, essas duas categorias recebem por produtividade.
Estamos deixando isso claro para preencher a lacuna deixada pela comunicação do governo do Estado, que deveria expor essa situação para que a população tenha ciência da falta de senso humanitário dessas duas categorias ao aderirem à greve. Instrumentos para isso a Secom tem. Basta usar o Portal da transparência ou estimular matérias jornalísticas, mostrando um comparativo dos salários das categorias em greve entre si e em relação aos salários pagos em estados como Goiás, Bahia, Mato Grosso, Piauí e Maranhão, que estão pagando as folhas salariais com atraso ou parceladamente.
Seria interessante, também, que a Secom divulgasse o montante dos atrasados pagos pelo atual governo, que saldou dívidas de governos anteriores, principalmente para a classe médica.
O problema da Saúde do Tocantins, fica claro, não é um problema de governo, apesar de crônico. Como já citamos aqui, existe um vírus – que não podemos dizer o nome para não sermos processados – instalado entre as paredes do HGP e do Dona Regina, que ataca os secretários da Saúde de forma letal, sem chance de cura.
O atual secretário, ao que parece, já está infectado e começa a apresentar os sintomas da doença causada pelo vírus, cujos efeitos terminam em exoneração, como já aconteceu com vários outros titulares da Pasta, como o saudoso Gismar Gomes, Eduardo medrado, Raimundo Boi, Vanda Paiva, Samuel Bonilha e outros.
TERCEIRIZAÇÃO É A SAÍDA
Já passou da hora de o governo do Estado levar o histórico desse vírus ao conhecimento do Ministro da Saúde, do Presidente da República e ao Procurador-Geral da República, solicitando autorização para uma concorrência pública para a terceirização da Saúde no Tocantins, seguindo o modelo adotado no estado de Goiás.
Para garantir a lisura do processo, o governo deve solicitar, também um acompanhamento por parte do Ministério da Saúde e do Ministério Público Federal de toda a tramitação e implantação da terceirização, assim como a presença das Forças Armadas no Estado, para garantir o acesso do povo tocantinense à Saúde pública nos casos de urgência ou emergência.
Em nosso ponto de vista, essa é a saída mais indolor para o governo do Estado, mas ainda é necessário que o próprio governo se mobilize, aja como deve agir em casos assim, com a máxima urgência, pois a letargia pode resultar na perda de muitas e preciosas vidas.
GOVERNO NÃO PODE FICAR REFÉM
O governador Marcelo Miranda tem que tomar medidas drásticas e austeras de maneira pragmática, pois não pode esperar que “o leite azede” para depois tentar salvar sua imagem. O governador tem que agir com o rigor que o cargo lhe permite e buscar alternativas para esse momento complicado por que passa o Tocantins. O grande erro será deixar transparecer a impressão de que é refém dos sindicatos dos servidores.
O governo deve deixar bem claro quem está no comando da situação e mostrar, por A + B que, com a greve, não haverá pagamento de salário, pois, sem arrecadação, não haverá dinheiro em caixa para nenhuma ação, muito menos para pagar folha de grevistas em setembro, referente ao mês de agosto.
O Tocantins corre o sério risco de passar por momentos de escuridão, seca e mesas vazias. A Saneatins e a Energisa são empresas privadas. Sem o pagamento das tarifas de água e luz, os cortes serão inevitáveis. Os donos de supermercados e quitandas não têm como vender para receber sabe lá quando. Lojas e outros comércios também ficarão às moscas.
Quantos agüentarão de portas abertas? E até quando?
A greve não paralisa apenas o governo. Paralisa todo o Estado, toda a economia e quem mais vai sofrer é quem não tem nada com isso. É o povo, as crianças, os idosos e os enfermos.
É HORA DE ATITUDE
O governo Marcelo Miranda passa por um momento turbulento de sua gestão, talvez o mais terrível deles, pois está sozinho, sem deputados estaduais, sem congressistas, à exceção de sua esposa, deputada federal Dulce Miranda e a presidente do PMDB Mulher, também deputada federal, Josi Nunes.
Com maioria dos seus secretários inoperante, principalmente os “importados”, o governador Marcelo Miranda tem que tomar uma atitude com uma força compatível ao cargo que ocupa, talvez até usando uma cadeia de rádio, TV e jornais impressos, para expor à população – e aos secretários, pra ver se “acordam” – a real situação do Estado, mostrando o quão urgente se faz necessário agir de forma dura e implacável, sob pena de perder de vez o controle da situação, dar sinais de ingovernabilidade.
O silêncio do governo, até agora, está sendo interpretado por muitos como uma confissão de culpa, de omissão. Faz-se, portanto, mais que necessário que a versão do governo sobre os últimos acontecimentos seja explicitada, levada ao conhecimento da população, para que fique claro quem é mocinho e quem é vilão nessa história.
O SECRETÁRIO “GASPARZINHO”
De que vale um secretário estadual que é desconhecido até mesmo pelos servidores de sua Pasta? O Tocantins vive um momento assim, com o atual secretário de Indústria e Comércio impressionando pelo “jeito oculto de ser”.
Importado do estado de Goiás, o titular da Pasta da Indústria e Comércio do Tocantins é desconhecido pelos que deveriam ser seus principais interlocutores, os superintendentes dos agentes financiadores sediados no Estado, como Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, além de SEBRAE, Fieto e outras entidades. Seu apelido carinhoso no meio é “Gasparzinho”, numa alusão ao “fantasminha legal”
O secretário é uma incógnita até para a maioria de seus pares, demais secretários, inclusive para os servidores da sua própria secretaria. Pouca gente o conhece, logo, pouca gente o vê trabalhar.
O governador Marcelo Miranda deveria aproveitar o momento de exposição das entranhas do seu governo e fazer uma assepsia, um limpa, nos membros inoperantes da equipe e colocar companheiros dispostos a trabalhar com afinco, a dar o sangue para que o Tocantins vença mais esta batalha.
Gente para isso não falta. Basta o governador olhar para suas fotos de campanha e ver quem gastou sola de sapato, credibilidade e tempo para elegê-lo, mas que, até agora, não tiveram oportunidades na atual gestão.
Fica a dica!