Duque surpreende ao colocar Lula no centro do esquema da Petrobras
Integrantes do PT foram pegos de surpresa com o depoimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque ao juiz federal Sérgio Moro.
Inicialmente, a expectativa é que Duque deixaria em situação delicada o ex-ministro José Dirceu. Mas no depoimento, o ex-diretor colocou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no centro do esquema da Petrobras.
Um parlamentar petista demonstrou preocupação com o fato de Duque ter revelado três encontros com Lula depois de já depois de ter deixado a Petrobras, inclusive, um deles, em 2014, com a Lava Jato em pleno funcionamento.
O maior temor é que exista algum registro desse encontro, já que Duque afirmou que aconteceu no Aeroporto de Congonhas.
Há o reconhecimento no PT de que o depoimento de Duque causou estrago maior na situação de Lula do que na do próprio Dirceu.
Isso porque o ex-diretor afirma que Lula tinha conhecimento de toda a situação da Petrobras, como também estava no comando, chegando a perguntar por que não houve pagamento das empresas responsáveis pelas sondas.
Em outro momento, segundo Duque, Lula repassa uma preocupação de Dilma com as contas na Suíça de um diretor da Petrobras. Apesar das negativas, Duque tinha dinheiro em contas bancárias na Suíça.
Por ironia do destino, Duque foi preso pela segunda vez no início de 2015 na 10ª fase da Lava Jato, intitulada “Que país é este?”.
A investigação identificou que o ex-diretor da Petrobras havia transferido recursos da Suíça para Mônaco.
Na ocasião, o juiz federal Sérgio Moro afirmou na decisão que o ex-diretor de Serviços da Petrobras "esvaziou" suas contas na Suíça e enviou 20 milhões de euros para contas secretas no principado de Mônaco.
O dinheiro, que não havia sido declarado à Receita Federal, acabou bloqueado pelas autoridades do país europeu.
Realidade invade reino da bolha, habitat de Lula
Representante do PT na diretoria corrupta da Petrobras, Renato Duque arrastou Lula da margem para o centro do mar de lama. No depoimento que prestou a Sergio Moro, Duque rendeu homenagens à inteligência de Lula, destruindo aquele personagem fictício que não sabia de nada. Duque disse ter encontrado Lula secretamente. Contou que o grão-mestre do PT não só sabia do lamaçal como monitorava o fluxo da lama. Pior: com a Lava Jato a pino, Lula orientou o operador do PT a apagar rastros no exterior. Fez isso a pedido de Dilma Rousseff, contou Duque.
Lula encontrou uma maneira surreal de se proteger do terremoto que destroi sua biografia. Como um paciente terminal, que não pode respirar o ar impuro, Lula vive numa bolha. Isolado do ambiente exterior, Lula respira alienação, sua substância vital. Comporta-se como se nada tivesse sido descoberto sobre ele.
Tudo isso ocorre a cinco dias do encontro de Lula com Sergio Moro. Enquanto sua reputação é soterrada pelos fatos, Lula pede ao juiz da Lava Jato para mudar o modelo de filmagem do seu depoimento. Ele quer que a câmera passeie pelo ambiente, em vez de ficar focalizada apenas no seu rosto. Lula finge não notar que a realidade invadiu a sua ficção. São cada vez mais reais as chances de Lula ser transferido do reino da bolha, onde vive, para a cadeia. É questão de tempo.
Redução da quantidade de partidos avança na Câmara dos Deputados
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dificultará a existência de partidos nanicos. O texto estabelece cláusula de desempenho para as legendas que vão disputar as eleições de 2018 e põe fim às coligações proporcionais, mecanismo que permite que deputados sejam eleitos pelos votos da coligação. A Câmara criará agora uma comissão especial para discutir o mérito da proposta.
Há um mês tramitando na CCJ, a análise da PEC sofreu obstrução de partidos como PCdoB e PSOL, que consideram a matéria uma "espada" que coloca em risco a existência dos partidos com pouca representatividade no Parlamento. Um dos principais opositores foi o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), que argumentou que o projeto não respeita a isonomia e o pluripartidarismo político brasileiro. "A crise brasileira não é dos partidos pequenos", acusou o deputado. Foram 37 votos a favor e 14 contrários.
A PEC é de autoria dos senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Ricardo Ferraço (ES) e foi aprovada no Senado em novembro. Na CCJ, a proposta é relatada pelo deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que defendeu a cláusula de desempenho.
Jucá ignora Renan e convoca reunião da bancada do PMDB com Temer
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), convidou os senadores peemedebistas para uma reunião com o presidente Michel Temer na próxima terça-feira (9/5) às 11h, no Palácio do Planalto. Na prática, a iniciativa ignora o líder da bancada, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem se posicionado contra as principais medidas econômicas do governo.
O objetivo da reunião é justamente defender o apoio dos peemedebistas às reformas trabalhista e previdenciária independentemente da postura de Renan. A proposta que modifica a CLT chegou esta semana ao Senado. Aliados de Temer afirmam que a ideia é evitar o confronto com o líder da bancada, mas também "não supervalorizá-lo" e dar seguimento à proposta na Casa.
Interlocutores de Temer dizem ainda que ele está buscando "abrir espaço" para ouvir senadores descontentes com Renan. O presidente tem criado um canal direto com senadores do PMDB, já que não conta com a interlocução de Renan a seu favor para a aprovação das reformas. Ontem, por exemplo, ele recebeu a senadora Rose de Freitas (ES) no Planalto.
O movimento contra Renan se intensificou após ele atuar para que a reforma trabalhista também passe pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), além das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Assuntos Sociais (CAS), o que atrasará a tramitação em cerca de 30 dias. Na mesma semana, Renan se reuniu com a oposição e líderes sindicais para defender mudanças no texto.
Apesar disso, o presidente da CCJ, Edison Lobão (MA), tido como aliado de Renan, escolheu Jucá para a relatoria do texto. A escolha do líder do governo foi vista como uma vitória para integrantes do Palácio. A visão é de que Renan, apesar de não estar totalmente isolado na bancada, não tem mais "a força de antes".