Reconhecimento internacional ressalta importância do trabalho do juiz que está derrubando, um por um, os corruptos que sujam a imagem do Brasil para os brasileiros e para o mundo
Por Edson Rodrigues
Em tempos em que o Brasil se envergonha da sua classe política e empresarial, flagradas de mãos dadas em escutas e filmagens cuidando de encher seus próprios bolsos com dinheiro que deveria ser aplicado em Saúde, Educação e Segurança Pública, deixando a população à míngua e a economia em frangalhos, pelo menos um brasileiro enche o País de orgulho e esperança.
Esse brasileiro é, justamente, o que está se mostrando implacável e irredutível no trabalho de varrer a corrupção do cotidiano político e empresarial. Estamos, claro, falando do juiz Sérgio Moro que, na verdade, personifica todo um trabalho em equipe, em conjunto com o Ministério Público e Polícia Federal.
Moroé um dos convidados do seminário 'Eles estão a mudar o mundo. Saiba como no Estoril', que começou nesta terça-feira (30/5) na charmosa cidade balneária de Estoril.
Além de Moro, participam personalidades das mais diversas áreas e de vários países, como Madeleine Albright, ex-secretária de Estado americano; o ex-agente da CIA Edward Snowden, asilado na Rússia, que falará por videoconferência; Sofana Dahlan, uma das primeiras juízas sauditas; e Nigel Farage, membro do parlamento britânico e um dos grandes responsáveis pelo Brexit.
Moro participará de painel ao lado de importantes juízes, como Balthazar Garzon, o espanhol que pediu a prisão de Pinochet na Inglaterra; e o português Carlos Alexandre, que conduz processo envolvendo o ex-primeiro-ministro José Sócrates.
Um dos temas que mais interessam os portugueses sobre o qual Moro poderá falar é o instrumento de delação premiada, inexistente na Justiça lusitana por ter sido rejeitado pelo parlamento. Já há grande busca do público e de jornalistas para o painel de que Moro tomará parte. Ao fazerem o credenciamento, os profissionais da mídia são avisados de que o brasileiro não concederá entrevista.
GUINADA DE 180 GRAUS
Moro representa para nós, brasileiros, a única esperança de uma guinada de 180 graus na qualidade da nossa classe política. A chance de ter no comando do país, dos estados e municípios, pessoas honestas, comprometidas com o bem público e com a qualidade de vida da população.
Não que só haja bandidos e corruptos nos poderes executivo, Legislativo e Judiciário, mas, infelizmente, eles são a maioria absoluta.
Moro iniciou um movimento que, espera-se, deve continuar até que o último corrupto seja punido. Desde os líderes partidários até os presidentes da República, passando por vereadores, deputados estaduais, federais, senadores e governadores.
O Brasil não agüenta mais presenciar o mar de lama podre que se transformou a classe política e ver o seu nome associado a tudo o que há de pior em matéria de desonestidade e impunidade.
Se hoje enfrentamos o que é considerada a segunda maior organização de corrupção no mundo, esperemos que, num futuro bem próximo, o povo brasileiro esteja sendo representado em todas as esferas do poder por pessoas à altura de Sérgio Moro. Pessoas que já estão aí, salvando-se do lamaçal da corrupção, mantendo seus nomes puros e solitários a todo custo, esquivando-se e denunciando – coisa que nem Temer fez quando ouviu Joesley – qualquer malfeito com o dinheiro público e com o povo.
Só para que os leitores de O Paralelo 13 não esqueçam, vamos avivar a memória, mostrando os maiores escândalos da nossa corrupção de cada dia...
1 - Petrolão (2014) – O esquema de pagamento de propinas e desvios da Petrobras, descoberto pela investigação Lava Jato, da Polícia Federal, é um dos piores da história e desviou R$ 70 bilhões dos cofres públicos.
2 - Mensalão (2005) – O Mensalão aconteceu durante o governo do então presidente Lula e envolveu diversos parlamentares e lideranças do PT (Partido dos Trabalhadores). O esquema roubou R$ 55 milhões.
3 - Operação Sanguessuga (2006) – Essa operação desvendou um esquema de corrupção que fazia compras superfaturadas de ambulâncias. O rombo foi de R$ 140 milhões.
4 - Sudam (2001) – Esse caso envolveu dirigentes da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, que desviavam dinheiro com falsos documentos fiscais e contratos de bens e serviços. O desvio foi de R$ 214 milhões.
5 - Operação Navalha (2007) – A Operação Navalha resultou na prisão de diversos empresários, políticos e agentes públicos na Bahia, todos envolvidos com desvios de recursos públicos federais. O prejuízo foi de R$ 610 milhões.
6 - Anões do Orçamento (1993) – A operação investigou 37 parlamentares por suposto envolvimento em esquemas de fraudes na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. Os desvios foram de R$ 800 milhões.
7 - Banco Marka (1999) – O escândalo envolveu o alto escalão do Banco Central. Foram desviados R$ 1,8 bilhão.
8 - Vampiros da Saúde (2004) – Esquema realizado no setor de compras do Ministério da Saúde. A fraude durou mais de uma década e desviou R$ 2.4 bilhões.
9 - Banestado (2003) - Esse crime aconteceu no Paraná, entre 1996 e 2000, no Banestado. Foram desviados R$ 42 bilhões.