O cenário político do Tocantins começa a ganhar contornos decisivos para 2026. Em meio a movimentações intensas e disputas internas, um nome chama atenção pelo contraste entre potencial e hesitação, a senadora Professora Dorinha. Reconhecida por sua trajetória técnica e política consistente, ela corre o risco de desperdiçar o capital acumulado caso não assuma de forma clara, imediata e determinada sua pré-candidatura ao governo do estado
Por Por Edson Rodrigues e
Edivaldo Rodrigues
Aliados atentos ao xadrez sucessório relembram o erro do ex-deputado federal Ronaldo Dimas, que manteve-se em cima do muro por tempo demais, esperando que o tabuleiro se ajustasse em torno dele. A falta de atitude, de articulação e de humildade custou-lhe caro. Dorinha, segundo apoiadores, começa a repetir esse enredo. Ainda dá tempo de virar o jogo, mas o relógio político não perdoa indecisões prolongadas.
Silêncio que inquieta
Deputado Amélio Cayres, senadora Dorinha Seabra e Laurez Moreira
Eleitores, aliados e simpatizantes da senadora vivem um momento de apreensão. Enquanto outros pré-candidatos como o vice-governador Laurez Moreira, o deputado Amélio Cayres, o empresário Ataídes Oliveira e o ex-governador Mauro Carlesse percorrem o estado em ritmo de campanha, Dorinha segue em silêncio. A ausência de gestos mais firmes e simbólicos preocupa.
O favoritismo de Amélio
Governador Wanderlei Barbosa e Amélio Cayres
Nos bastidores do governo Wanderlei Barbosa, a proximidade crescente entre o governador e Amélio Cayres é vista como um sinal de que o presidente da Assembleia Legislativa pode ser o escolhido oficial. São 20 deputados estaduais ao seu lado, além de uma ampla base de prefeitos e apoio da máquina estadual. Se Dorinha quiser ser a candidata do grupo, precisa se movimentar agora. Em agosto, programas robustos de governo entrarão em execução com a chancela do governador. Esse momento exigirá uma candidatura à altura do projeto político de continuidade.
União Brasil e Progressistas
Outro alerta importante é uma candidatura pura de União Brasil e Progressistas, com Dorinha ao governo e Carlos Gaguim e Vicentinho Júnior ao Senado, é considerada insustentável. Falta espaço para composição, diálogo com outras forças, diversidade política. Sem agregar nomes de fora da bolha partidária, a candidatura tende ao isolamento.
O perigo de perder o bonde da história
Está marcado para julho uma reunião decisiva em Brasília entre União Brasil e Progressistas para tratar do desembarque do governo Lula. Desta forma, tanto Dorinha quanto Laurez Moreira, podem atrair o eleitorado descontente com o Planalto. Laurez por sua vez dialoga com setores do agro e do empresariado. Aliás, Laurez vem costurando alianças sólidas em Araguaína, na região central e em Palmas.
Eduardo Gomes
Vice-presidente do Senado, presidente estadual do PL e candidato à reeleição, Eduardo Gomes é um dos aliados mais próximos do governador Wanderlei Barbosa. Embora já tenha manifestado publicamente simpatia pela eventual candidatura da senadora Professora Dorinha ao governo do Tocantins, é evidente que Gomes torce por um entendimento entre Dorinha e Wanderlei. No entanto, o próprio senador terá que definir, em breve, de que lado estará no tabuleiro sucessório. Uma coisa, porém, já está clara: Eduardo Gomes não abre mão de sua aliança com Wanderlei Barbosa. Já o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres, não deixa margem para dúvidas e tem reafirmado com firmeza que é “soldado do governador” e seguirá sua liderança até o fim.
Carlesse no retrovisor político
Nos últimos 45 dias, Mauro Carlesse vem recebendo caravanas de vereadores, prefeitos, lideranças e até potenciais candidatos majoritários que não se sentem representados por nenhuma das pré-candidaturas postas. A candidatura de Carlesse hoje pode parecer discreta, mas sua construção lembra a trajetória do atual prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, que começou como coadjuvante e virou protagonista.
A família Abreu
No campo das mágoas políticas, pesa o sentimento de exclusão da ex-senadora Kátia Abreu, do senador Irajá e do ex-vereador Iratã Abreu. Preteridos na eleição de 2022 em favor de Dorinha, há um desejo não declarado de revanche. Esse grupo, historicamente influente, poderá ter papel relevante em 2026, mesmo que apenas nos bastidores.
Brasília não elege governador, a Assembleia sim
O empoderamento da Assembleia Legislativa, com as emendas impositivas e apoio do governo, tornou a Casa uma das instituições mais influentes do estado. Historicamente, candidatos oriundos da AL conquistaram o governo: Marcelo Miranda, Mauro Carlesse, Wanderlei Barbosa e, indiretamente, Carlos Gaguim e Sandoval Cardoso. A história pode se repetir com Amélio Cayres.
Programas de governo
A partir de agosto, a gestão estadual vai colocar em prática três grandes programas:
Coordenado pela primeira-dama Karynne Sotero, o pacote social fortalecerá a imagem do governo e será um ativo importante para o candidato apoiado pelo Palácio Araguaia.
A hora da virada é agora
A senadora Professora Dorinha é qualificada, tem serviços prestados, respeito institucional e força eleitoral. Mas não basta esperar o cenário ideal. É preciso calçar a sandália da humildade, dialogar com outras forças políticas, buscar o apoio do governador e das bases estaduais e, sobretudo, liderar. O tempo é agora. Agosto pode ser tarde demais! No xadrez da sucessão, quem move as peças com firmeza constrói o tabuleiro. Quem espera demais, assiste o jogo da plateia.