Depois de uma denúncia no mínimo duvidosa, que cassou seus direitos políticos, ex-prefeito de Palmas finalmente é inocentado pela Justiça
Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira
Se a Justiça é cega, há, certamente, casos em que ela é cega, surda, muda e, às vezes, manca, como foi o caso que interrompeu a carreira do Dr. Odir Rocha, um dos melhores políticos que o Tocantins já conheceu.
Ex-prefeito de Colinas do Tocantins, Odir Rocha chegou à prefeitura da Capital, Palmas, alicerçado por uma das mais brilhantes e límpidas trajetórias que um político pode ostentar.
Sua administração na Capital, como ele próprio afirmou, deixou como maiores legados a estruturação da saúde pública, que era praticamente inexistente, drenagem pluvial e asfaltamento, a promoção de concursos públicos, o Parque Cesamar e uma eficiente rede de assistência social.
Mesmo com tantas realizações e contra a opinião pública, totalmente favorável a Odir Rocha e conhecedora dos reais autores das falcatruas, a Justiça resolveu cegar-se, emudecer e não escutar o clamor popular, tocando em frente o processo que acabou por condenar o ex-prefeito e cassar-lhe os direitos políticos.
Acabava ali, em 1998, a carreira política de Odir Rocha e iniciava-se um périplo de recursos e tentativas judiciais para que, finalmente, sua inocência fosse comprovada. 14 anos depois....
14 anos de “vergonha e sofrimento” como o próprio Odir ressaltou em entrevista, que o fizeram se decepcionar e se afastar da política: “Eu tenho a maior decepção com a política do Tocantins a coisa aqui é muito diferente, muita perseguição muita traição. Não quero nem passar perto, não quero cargo não quero nada”, desabafou.
Odir Rocha nunca comemorou sua absolvição pois, como afirmou, não sabia por qual motivo estava sendo julgado, uma vez que não havia feito nada de errado.
JUSTIÇA X INJUSTIÇA
E, eis que quando, finalmente, a Justiça faz justiça, inocentando Odir Rocha, ninguém, nenhum dos veículos de comunicação que expuseram sua condição de réu, sua condenação e os motivos que levaram a ela, se digna a publicar uma linha sequer para desfazer os malefícios do pré-julgamento.
O Odir Rocha apresentado pela imprensa na época das acusações, todos sabiam, era bem diferente da pessoa, do ser humano, mas, como dizem hoje, “se saiu na internet, é verdade”, naquela época era”se saiu na imprensa, é verdade”. E agora, a inocência de Odir Rocha não vair “sair na iternet”?
Dizem que a “justiça tarda, mas não falha”, mas para muitas pessoas que estiveram no banco contrário dos réus a história é bem outra. É muito comum no Brasil se ouvir falar de casos de julgamentos que não deixaram nem um pouco os inocentes ou vítimas contentes com os resultados. Dos julgamentos de crimes aos de políticos corruptos, o que todos esperam é sempre uma punição que sirva de exemplo, mas nem sempre é assim, e boa parte do “bom resultado” para quem cometeu o crime é devido as leis arcaicas do nosso país ou as famosas “brechas”, bem exploradas por brilhantes advogados.
Nem sempre o réu sai ileso ou é favorecido com decisão da justiça. Em alguns casos o réu é na verdade inocente, mas antes que isso fique claro, ele paga muito caro e isso também é injustiça.
Um caso muito famoso de injustiça no Brasil é o chamado da Escola Base, que teve a rua reta final desenhada em fevereiro de 2014, com a decisão do Supremo Tribunal de Justiça, a última instância que poderia recorrer o réu.
Tudo aconteceu em 1994, em um colégio de São Paulo chamado Escola Base, “a vítima” posteriormente favorecida pela recente decisão do STJ. Duas mães fizeram denúncias contra a escola afirmando que as crianças que lá estudavam sofriam abusos sexuais por parte dos donos da instituição de ensino. As crianças tinham 4 anos de idade. O caso ganhou repercussão muito rápido porque passou a ser relatado pela imprensa. Porém, o inquérito que foi aberto para apurar os fatos terminou arquivado por falta de provas.
Sendo assim, os ex-donos da escola buscaram a justiça contra os meios de comunicação pelas falsas acusações sofridas. Até porque a escola foi completamente destruída por pessoas revoltadas com a suposta atitude dos donos. Todo esse processo, ao ver da justiça foi provocado pelas inúmeras matérias que os meios de comunicação publicavam antes mesmo dos réus serem condenados.
Os donos da escola chegaram até receber ameaças de morte. A última decisão do STJ condenou o SBT a pagar 100 mil reais para cada uma das pessoas envolvidas como vítimas no episódio da Escola Base alegando que a emissora colocou no ar “reportagens de conteúdo inverídico e sensacionalista”.
FAZENDO JUSTIÇA
É por essas e por outras que não podemos fechar o nosso ano de 2017, ano de tantos problemas, tantas más notícias e tantos políticos envolvidos com corrupção de forma pavorosa, sem noticiar ao povo tocantinense que sim, que o ex-prefeito de Colinas do Tocantins e da Capital, Palmas, o médico Dr. Manoel Odir Rocha é INOCENTE, nunca cometeu peculato, nunca se apropriou de dinheiro público e nunca desviou verbas.
O homem, o cidadão Manoel Odir Rocha, já sabíamos da índole e do caráter. O político, Odir Rocha, quem ainda não sabia, podemos afirmar, é probo, lícito, honesto e correto. Que a justiça seja feita!
É com muita vergonha que nos manifestamos desta forma, para poder trazer à tona essa história de uma carreira política destruída por uma denúncia forjada, feita por uma pessoa que hoje sabemos desqualificada – não citaremos a profissão para não ofender quem trabalha honestamente – e que, mesmo contra todas as evidências contrárias, foi acatada pela Justiça e levada à cabo em uma condenação nefasta.
Uma decisão que arruinou a vida política de um cidadão que veio para o Tocantins desde a época de Goiás, salvou vidas como médico, usando dos seus conhecimentos médicos para implantar sistemas de saúde pública eficazes quando foi prefeito de Colinas e de Palmas, dotou nossa Capital de uma infraestrutura que deu o ponta-pé inicial para o seu desenvolvimento e que fez sua família sofrer, seus amigos sofrerem e a imagem do Tocantins sangrar.
O Paralelo 13, que sempre admirou o homem e o político Manoel Odir Rocha, vem, por meio deste editorial, registrar a verdadeira certidão de bons antecedentes, que significa essa absolvição.
Queremos, também, deixar registrado que o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Palmas, Carlos Braga, foi criticado pelos pares da época, por ter usado a tribuna para defender Odir Rocha, numa espécie de tentativa de fazer justiça com as próprias mãos.
Esse mesmo Carlos Braga, este ano, foi também vítima da mesma injustiça, condenado pelo TCE por improbidade administrativa, que acabou revogada, devolvendo-lhe seus direitos políticos, mas deixando uma enorme ferida em sua integridade.
É para que casos como estes não aconteçam mais que precisamos estar atentos, antes de fazer qualquer pré-julgamento, ao que as evidências falam e deixam de pistas sobre pessoas acusadas que qualquer crime.
Ninguém vira desonesto do dia para a noite. Uma reputação não é construída sem uma vida reta e honesta, mas carreiras podem ser destruídas com meia dúzia de palavras.
Hoje, Dr. Manoel Odir Rocha encontra-se internado em uma UTI, em Palmas, acometido por uma grave doença.
Esperamos que esta expiação pública, este pedido de desculpa que fazemos em nome de todos, possa chegar até ele como um elixir revigorante, para que ao menos volte a acreditar que o mundo é justo e, mais que merecedor da sua presença, necessita de reservas morais como ele, raras hoje em dia, para poder fazer-se um mundo melhor.
Melhoras, Dr. Odir. Nossas sinceras desculpas e nosso muito obrigado!