Assim terminou uma vídeoconferência em que o comandante do Exército Brasileiro afirmou que o quadro político atual pode levar a uma crise social e que isso “diz respeito aos militares”.
Por Edson Rodrigues
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, participou de uma videoconferência no último dia nove de outubro, em que conversou com mais de 2.000 oficiais temporários da reserva, os chamados R2, que se prepararam para o serviço militar, mas não seguiram carreira. Trechos dessa conversa circulam pelas redes sociais, em páginas voltadas aos militares.
O alto teor explosivo de algumas declarações contidas nas conversas, levou o jornal Folha de São Paulo a procurar o comandante do Exército para esclarecer alguns pontos.
O PARALELO 13 SE ANTECIPA
Há alguns dias, O Parelelo 13 publico em seu site um artigo que tratava das declarações do mesmo general, comandante do Exército, sobre a situação que as tropas enfrentam. Na ocasião, Eduardo Villa Bôas afirmou que “lamentamos a defasagem dos rendimentos da tropa, principalmente se comparados aos de outras carreiras. Temo que todos os projetos estratégicos — que incluem defesa antiaérea e cibernética, proteção das fronteiras, renovação da frota de veículos — se percam por falta de dinheiro”.
Ao longo de 90 minutos, no gabinete principal do Quartel-General do Exército, Villas Bôas falou pela primeira vez com um veículo de imprensa. Ele disse não acreditar na necessidade de os militares retomarem o poder no Brasil, e disse que o país precisa de uma liderança efetiva no futuro. “Alguém com um discurso que não tenha um caráter messiânico — e é até um perigo nessas circunstâncias. Alguém que as pessoas identifiquem como uma referência.”
Desta vez o general foi bem mais contundente em suas declarações: "estamos vivendo situação extremamente difícil, crítica, uma crise de natureza política, econômica, ética muito séria e com preocupação que, se ela prosseguir, poderá se transformar numa crise social com efeitos negativos sobre a estabilidade", afirmou.
A conversa foi transmitida para oito comandos pelo país, foi aberta a perguntas e teve a presença, por exemplo, do ex-governador Roberto Magalhães (DEMPE), saudado pelo general.
Questionado sobre o significado de eventual crise social dizer respeito ao Exército, a instituição citou artigo da Constituição que afirma que as Forças Armadas "destinamse à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem", sob autoridade presidencial.
NOSSO PONTO DE VISTA
Mesmo o Exército tendo soltado uma nota afirmando que "a única intenção da videoconferência foi manter o contato com ex-companheiros", as declarações, desta vez, são bem mais fortes e bem mais eloqüentes que as da entrevista anterior do comandante do Exército. Se, antes, aconselhamos aos políticos com problemas com a Justiça colocarem “as barbas de molho”, agora vemos as Forças Armadas realmente se movimentando, antevendo uma situação que só o desgoverno político pode gerar.
A determinação do governo Dilma, que tirou o poder dos militares em nomear, definir e concretizar ações referentes à tropa, também foi um “balde de água gelada” no bom-humor dos comandantes das três forças, pois tirou deles a autonomia tão importante e emblemática que os governos civis vinham mantendo “no fio da navalha”.
Analistas políticos não descartam a possibilidade de uma “insurgência branca” das Forças Armadas, que poderia começar por uma falta de posicionamento em relação á manutenção do estado democrático, até uma atitude de não subserviência, de desobediência aos desmandos governamentais para que a tropa seja respeitada e tenha suas necessidades e demandas, pelo menos, respeitadas.
Essa possibilidade pode ser facilmente notada nos últimos pronunciamentos e postagens dos militares.
A declaração que dá título a este artigo é um exemplo disso e mostra que os reservistas, os R2, estão ávidos por “ação”.
Recomenda-se que o governo do PT preste bem atenção a esses avisos que, agora, ganham os mares da Internet e chegam a mais e mais militares, pois uma democracia só é interessante e duradoura a partir do momento em que se trate democraticamente das instituições e do povo e que se mantenha um grau de respeitabilidade à todas as instituições.
Em momentos de crise, o povo tende a apoiar tudo ou todos os que se mostrem dispostos a reaver seus direitos.
Quem viver verá!