Em um cenário de poucas verbas e muitas promessas, prefeitos, escaldados pela última gestão, pensam em mudar de partidos e até de “padrinhos” políticos para não ficarem mal frente aos eleitores
Por Edson Rodrigues
O velho ditado que diz que “gato escaldado tem medo de água fria” nunca esteve tão em voga quanto nos dias de hoje para os atuais prefeitos brasileiros. No Tocantins, então, parece ladainha.
Ao analisar pesquisa interna realizada pelo jornal O Paralelo 13 com 28 prefeitos eleitos e dois reeleitos, pouquíssimos são os atuais gestores municipais que se acham na obrigação e no dever de apoiar o candidato X ou Y a deputado federal ou a senador, simplesmente porque ele faz parte do mesmo partido.
Cinco admitem que irão mudar de partido, pura e simplesmente, enquanto outros nove pelo menos estudam em ir para um partido que tenha um bom representante na Câmara Federal – deputado federal ou senador – capaz de efetivamente viabilizar recursos para seus municípios. O prazo para que tomem essa decisão, ou seja, a “paciência”, termina em agosto deste ano.
Por conta da forma com que foram tratados nos últimos tempos, são poucos os prefeitos fiéis aos próprios partidos e, sem pensar duas vezes, marcam a campanha eleitoral de 2018 para poder soltar a língua e dizer em alto e bom som tudo o que lhes está agarrado na garganta: “isso se eles (candidatos a deputado federal e a senador) tiverem a cara de pau de vir pedir o nosso apoio. E falamos de, pelo menos, 80% dos atuais detentores de mandato na Câmara Federal”, enfatiza.
Já em relação aos deputados estaduais e líderes partidários a bronca não é tão grande e são poucos os que têm alguma reclamação.
Trocando em miúdos, o que os atuais prefeitos querem é dinheiro em caixa. Emendas parlamentares e convênios que demoram uma eternidade para virar realidade, ou seja, se converterem em verbas, já não servem para aplacar as necessidades dos municípios. Tem prefeito reeleito que participou de celebrações, em Brasília, ainda no governo Dilma Rousseff, em que foram prometidas 70 mil casas populares, não receberam sequer um centavo e passaram vergonha junto aos cidadãos de seus municípios.
A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
Esse sentimento comum entre os prefeitos não pode – nem deve – ser colocado apenas nas contas dos deputados federais e senadores. Muitos deles fizeram direitinho a sua parte nesse processo, mas, por motivos além de suas possibilidades, como falta de prestígio junto aos respectivos partidos, ou por serem de partidos de oposição ao governo federal.
Os parlamentares que entram na parte negativa desta pesquisa são os que demonstraram estar alheios aos problemas dos municípios, principalmente daqueles que “representam” e se preocuparam apenas com suas imagens junto aos colegas congressistas e na mídia e, principalmente aqueles que deixaram os prefeitos a ver navios durante as campanhas no ano passado, deixando de comparecer a palanques e, principalmente, com recursos para as despesas.
O que os prefeitos querem é menos blábláblá e mais, muito mais ação em favor dos municípios que, como pontas mais fracas da corda sempre acabam prejudicados.
Felizes são os municípios que têm à frente de suas administrações prefeitos que sabem andar com as próprias pernas, sabem em quais portas devem bater em Brasília e, principalmente, sabem que têm, em sua equipe de auxiliares, pessoas capazes de elaborar e aprovar projetos de forma correta nos ministérios.
Infelizmente, essa não é uma regra entre os municípios tocantinenses...
Com a palavra – e o trabalho – nossa bancada federal!