NA HORA DA UNIÃO E DA FRATERNIDADE, UMA APOSTA NO “QUANTO PIOR, MELHOR” CHOCA E DEMONSTRA MENTALIDADE TACANHA DE PESSOAS SEM DEUS NO CORAÇÃO
No momento em que o mundo clama por paz, fraternidade e harmonia, empresário tocantinense revela que aposta na quebradeira geral e no fracasso do governo
Por Edson Rodrigues
As tragédias em Paris, capital francesa, palco de atentados terroristas, e em Mariana, cidade mineira que teve um distrito completamente devastado pela lama de uma barragem de detritos de mineração que se rompeu, deixaram a mim e a todos os cidadãos do mundo que têm deus no coração, chocados. Chocados pela fatalidade e pela falta de amor ao próximo.
Mas, em um curto intervalo de tempo, em uma conversa banal, corriqueira, uma revelação me chocou ainda mais que os dois fatos citados anteriormente.
Um empresário tocantinense, que cresceu na esteira do crescimento do Estado, usufruindo da benevolência e da convivência próxima com todos os governos, um dos maiores latifundiários urbanos de Palmas e da cidade em que mora e, hoje é um homem rico, com muitas propriedades e investimentos, me revelou, em tom de ironia, mas com uma sinceridade e espontaneidade inquietantes, que estava preocupado, pois havia apostado três caixas de cerveja e um carneiro com outro empresário, que o governo Marcelo Miranda não conseguiria pagar o 13º salário aos seus servidores.
Sinceramente, fiquei assustado, incomodado, com tamanha falta de sensibilidade, de humanidade, de fraternidade, enfim, de Deus no coração dessa pessoa. Um homem maduro, com muita vida pela frente, pai de família e que deveria se preocupar com o bem-estar de todos e não só na fartura para os seus.
O grau do meu espanto foi ainda maior, ao me lembrar – e comparar – que há poucos dias, em uma roda de prosa com o ex-governador Siqueira Campos, um homem de 87 anos, que se aposentou do que mais gosta de fazer, que é a boa política, sonhava, com os olhos brilhando, com mais uma usina hidrelétrica no Tocantins, em Ipueiras, em mais estrada ligando o nosso Estados ao Piauí, à Bahia, em novas indústrias, novas empresas chegando, tudo para melhorar a qualidade de vida do povo do Tocantins.
Como um homem que vive no mesmo mundo conturbado, açoitado pelo terrorismo, palco de tragédias humanas e ambientais como a de Minas Gerais pode ter uma mente tão tacanha e um coração tão duro para apostar que “quanto pior, melhor”?
Será que esse empresário pensou nos milhares de famílias de servidores que, sem o 13º salário, vão passar dificuldades sérias? Como vão quitar suas contas, pagar seus impostos, proporcionar um natal digno aos seus entes queridos?
Acho que a ostentação e a opulência conquistadas por esse senhor acabaram turvando a sua mente, pois uma pessoa que dependeu do bom andamento da economia do Tocantins para construir seu patrimônio, contando com a amizade e a benevolência de poderosos, não pode, assim, de uma hora para a outra, esquecer que essas mesmas pessoas que ele aposta que ficarão sem seus 13ºs salários, são as que compram de seus empreendimentos, alugam seus imóveis, contratam seus serviços e enchem seus bolsos de dinheiro.
Ele está tão cego que não vê que sem dinheiro circulando, a coisa fica feia pra ele também!
Essa cegueira pode ser fatal, pois o povo – e Deus – nessas horas não é cego, e o castigo pode vir a galope!
Convoco e aconselho esse moço a aproveitar que o Natal se aproxima, uma época de solidariedade e confraternização, e faça uma reflexão profunda no seu modo de pensar, de agir e de analisar os fatos.
Esse conselho vai também para outras pessoas que, como ele, querem que tudo dê errado para poder tirar algum proveito disso. Alguns querem ganhar, bem mais que as meras três caixas de cerveja e um carneiro como no caso do nosso “amigo”, mas são tão desumanos e insensíveis quanto.
Não vou revelar o nome do sujeito deste artigo por pura pena, pois eu posso não ser perfeito, mas, pelo menos, sei a hora de ficar com a boca fechada, a hora de sair de cena e, principalmente, a hora de dar a mão aos que precisam de ajuda, mesmo que isso signifique, apenas, torcer para que tudo dê certo.
Sei que o momento econômico do mundo, do país, do Tocantins e de seus municípios é bastante delicado, mas confio em Deus e na força do povo tocantinense para reverter essa situação, ao contrário desse pobre homem rico.
É o que queria dizer e desabafar.
Fiquem com Deus!