Principais revistas semanais do País trazem assuntos diversos, mas com grande repercussão no governo de Michel Temer e sua equipe
Por Edson Rodrigues
A revista Veja traz na capa as armadilhas e o descalabro administrativo dos últimos dias do governo de Dilma Rousseff, que terão reflexos significativos na governabilidade de Michel temer.
Já a revista época aborda as denúncias de corrupção envolvendo o BNDES.
Outro assunto levantado neste início de semana é o envolvimento do ministro do Planejamento em diversas denúncias, fato que pode trazer problemas para o novo governo.
Na revista Istoé, o destaque é dado para reportagem sobre a volta dos “arapongas”, após a descoberta de escutas no gabinete do ministro Barroso, do STF.
VEJA
Como se não bastassem o rombo bilionário nas contas públicas e a desordem na economia, o governo Dilma ainda promoveu uma baderna administrativa com o objetivo de constranger o sucessor e animar a militância
No momento em que o ministro Henrique Meirelles anunciava os nomes de sua equipe, na última terça-feira, em Brasília, a economia real expunha uma de suas facetas mais cruéis a uns poucos quilômetros da sede do Ministério da Fazenda. Desde as 6 horas da manhã, jovens, muitos deles com diploma universitário, formavam uma fila quilométrica para candidatar-se a uma vaga de trabalho numa rede de restaurantes. Foram mais de doze horas de espera debaixo de sol, depois de chuva, apenas para entregar um currículo que os habilitaria a um salário que varia de 800 a 1 500 reais, dependendo da qualificação, mais plano de saúde. É um microexemplo da grave situação que o Brasil atravessa. Os jovens são parte de um contingente de 11 milhões de desempregados, vítimas de erros em série na economia, uma dose cavalar de incompetência e muita corrupção nos governos comandados pelo Partido dos Trabalhadores. Na cerimônia, o novo ministro disse que tem pressa. Há realmente muito que fazer e, antes disso, muito a ser desfeito. As primeiras auditorias oficiais mostram que o descontrole e a falta de transparência na governança da presidente afastada Dilma Rousseff não eram lendas criadas pela oposição, mas realidades amargas.
O exemplo mais evidente é o tamanho do rombo previsto para este ano nas contas públicas. Em apenas uma semana de inspeção, o buraco dobrou de tamanho. O governo Dilma pediu autorização ao Congresso para fechar o ano de 2016 com um rombo de 97 bilhões de reais. Esse descompasso assustador está na origem do caos econômico. A situação, porém, é muito pior. Primeiro, o governo estimou o rombo em 160 bilhões de reais (veja a tabela na pág. 53). Na sexta-feira, depois de novo cálculo, o rombo subiu para 170 bilhões de reais. Como se vê, Meirelles e sua equipe terão pela frente um desafio maiúsculo. O ministro já anunciou que pretende sanear as contas enfrentando as resistências a reformas importantes, como a da Previdência. As projeções do próprio governo mostram que, em trinta anos, o rombo do INSS, hoje de 133 bilhões de reais, vai aumentar quase vinte vezes, e deve superar a barreira dos 200 bilhões de reais já em 2020. Se nada for feito, os jovens de hoje, incluindo os 3 000 que disputam o emprego no restaurante em Brasília, poderão ficar sem os benefícios num futuro próximo.
Exemplos de má gestão estão emergindo em praticamente todos os órgãos federais. No Ministério das Relações Exteriores, a dívida ultrapassa os 800 milhões de reais. A conta inclui os repasses aos consulados, a ajuda de custo dos diplomatas (muitos tiveram de contrair dívidas para pagar aluguéis) e os pagamentos de organismos internacionais aos quais o Brasil é associado. Nos ministérios dos Transportes e das Cidades há bilhões de reais em despesas autorizadas sem os recursos em caixa para quitá-las. O governo petista também deixou bombas armadas nas principais empresas estatais. Dá-se como certo entre os analistas do mercado financeiro que as estatais precisarão receber uma injeção de dinheiro público. Do contrário, não terão condições de honrar suas dívidas. A agência de classificação de risco Moody's calcula que será necessário cobrir um rombo monumental, de valor estimado entre 300 bilhões e 600 bilhões de reais. Na semana passada, já como consequência do descontrole, a Bolsa de Valores de Nova York impediu a negociação de ações da Eletrobras. O balanço da estatal é tão nebuloso que a empresa contratada para auditá-lo se recusou a fazê-lo.
ÉPOCA
Após prender Marcelo Odebrecht na Lava Jato, PF suspeita de encontro do empreiteiro com Fernando Pimentel (Foto: Rodolfo Buhrer/REUTERS)
No papel, os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, são exemplares. As propostas passam por comitês, avaliações técnicas e tornam-se contratos com dezenas de cláusulas que detalham as condições dos empréstimos.
Na prática, porém, o que muitos financiamentos do BNDES têm em comum é a combinação de juros camaradas para empreiteiras beneficiadas realizarem obras no exterior, em nações alinhadas com o PT.
Conforme ÉPOCA revelou em fevereiro, procuradores em Brasília já vêm apurando tráfico de influência internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor de empreiteiras, especialmente a Odebrecht, com a participação do BNDES. Agora, ÉPOCA obteve relatórios da Polícia Federal que revelam como se dá a concessão desses financiamentos. É a primeira vez que uma investigação reúne provas de como se dá a negociação, com informações privilegiadas de reuniões, encontros secretos e pagamentos de propina.
Os documentos, levantados na Operação Acrônimo, trazem evidências de propina em dois contratos do BNDES com a Odebrecht, para obras na Argentina e em Moçambique, ao custo de US$ 90 milhões, cerca de R$ 320 milhões.
A Odebrecht passa a ser o alvo central das duas maiores investigações em curso no país. Na Lava Jato, pelo cartel formado para conseguir obras na Petrobras. Agora, na Acrônimo, por suas relações com o BNDES.
MINISTRO INVESTIGADO
Romero Jucá, ministro do Planejamento, está sendo investigado pelo procurador Rodrigo Janot.Romero Jucá é citado em possível esquema de propina da Andrade Gutierrez Romero Jucá é citado em possível esquema de propina da Andrade Gutierrez
Mesmo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, e a posse de Michel Temer, o trabalho de apuração da Lava Jato continua a todo vapor. Na última quinta, Otavio Azevedo e Flavio Barra, representantes da Andrade Gutierrez, em nova delação premiada, acusaram o atual ministro do planejamento, Romero Jucá, de também fazer parte de um suposto esquema de propina.
Segundo os membros da empresa ligada ao ramo da infraestrutura, presente no mercado nacional há mais de 60 anos, o político do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) teria embolsado cerca de R$ 1 milhão como parte do acordo para que a empreiteira liderasse o consórcio da construção da Belo Monte, usina hidrelétrica em construção no município de Altamira, no norte do estado do Pará.
Procurada, a assessoria de imprensa de Jucá disse que todo o dinheiro recebido faz parte de doações relativas à sua campanha para ocupar uma cadeira no Senado Federal. Além disso, os jornalistas ligados ao ministro disseram que ele jamais teve encontro com qualquer representante da Andrade Gutierrez, nem autorizou tratativas de terceiros usando o seu nome.
ISTOÉ
Tanto no Palácio do Planalto como entre ministros do Supremo Tribunal Federal existe a certeza de que nos últimos seis meses agentes da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência, teriam espionado o presidente Michel Temer, líderes do PMDB, o juiz Sérgio Moro e até ministros do STF.
A descoberta, há cerca de duas semanas, de um grampo ambiental instalado sob a mesa do gabinete do ministro Luís Roberto Barroso confirmou as suspeitas que a equipe do presidente Michel Temer e membros da força tarefa da operação Lava Jato têm desde dezembro. “Foi a Abin que grampeou o gabinete do ministro”, revelou a dois senadores o tenente coronel André Soares, ex-agente da Abin ainda lotado na Presidência da República.
No final de março, uma empresa internacional de informações que atua no Brasil há mais de dez anos foi contratada para varreduras e detectou a arapongagem. Os espiões, segundo o levantamento feito pela empresa, seriam agentes da Abin trabalhando a pedido do ex-ministro Ricardo Berzoini, a quem a agência se reportava desde outubro do ano, por determinação da presidente afastada, Dilma Rousseff. Os episódios de bisbilhotagem descobertos a partir de dezembro foram tratados com absoluta discrição pelos auxiliares de Temer e pela equipe de segurança do STF e se mostraram determinantes para o presidente recriar o GSI (Gabinete de Segurança Institucional). A equipe de Temer acredita que sob a tutela do general Sérgio Etchegoyen a Abin possa ser melhor controlada.