Presidente está com ‘escolha feita’ e deve anunciar Jorge Messias para a vaga na Corte, apesar de pressão por indicação de Pacheco
Por Ana Isabel Mansur
Após 10 dias fora de Brasília (DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta à capital federal com a “missão” de indicar o novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). O favorito à vaga é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias. Como o R7 mostrou, o petista decidiu-se há algumas semanas, e o anúncio deve ser feito nos próximos dias.
Lula retorna a Brasília após participação na COP30, a cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas) que discute as mudanças climáticas, em Belém (PA). O presidente chegou à capital no início da noite dessa segunda (10).
A princípio, a indicação ao STF seria feita até o fim de outubro, mas Lula optou por deixar o anúncio para depois da COP30.
Pesou na decisão de “adiamento” a pressão pela escolha do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A “candidatura” de Pacheco é capitaneada pelo atual dirigente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
A vaga no STF foi aberta em função da aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso.
‘Escolha feita’
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou nessa segunda acreditar que Lula já tomou a decisão de indicar Messias, apesar de ainda não ter anunciado a escolha.
“Tenho de trabalhar com o dado que tenho. E o dado que tenho é que há uma escolha feita pelo presidente, apesar de não anunciada formalmente”, destacou Wagner, ao referir-se à indicação de Messias.
O senador afirmou ser natural que a “torcida” de Pacheco para a vaga fique “triste”, mas não vislumbra dificuldades de Messias ser aprovado no Senado. Indicações do presidente da República ao STF precisam ser referendadas pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e pelo plenário da Casa.
Segundo Wagner, a demora para o anúncio formal se justifica pela necessidade de Lula de promover conversas em Brasília — inclusive com o próprio Pacheco.
Cenário político
O petista prefere que o ex-presidente do Senado concorra ao governo de Minas Gerais no próximo ano. Pacheco deve ser o nome apoiado por Lula para disputar com o atual governador mineiro, Romeu Zema (Novo).
Na visão de aliados, a oposição ao petista pode dificultar o aval do Senado a Messias. Além de ser visto como próximo a Lula, o atual advogado-geral da União foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff — ele atuou como subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil durante a gestão de Dilma.
Lula optou por Messias apesar da ponderação de interlocutores próximos. O cálculo do presidente envolve as eleições do próximo ano — Messias é evangélico, e a indicação ao Supremo pode aproximar o petista do grupo, majoritariamente contrário ao presidente.