A residência de Lula em São Paulo foi alvo de buscas nesta sexta-feira pela polícia e o ex-presidente foi levado pela Polícia Federal para depor.
Não há ninguém imune à investigação' diz procurador da Lava Jato.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu "muitos favores" de grandes construtoras acusadas de corrupção na Petrobras, disse nesta sexta-feira (4) a jornalistas o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, responsável pela investigação. "Aproximadamente 30 milhões de reais entre palestras e doações foram colocados por grandes construtoras a disposição" de Lula, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima em uma coletiva de imprensa em Curitiba. "Os favores são muitos e difíceis de quantificar. É mais fácil quantificar as obras no triplex e as obras no sítio", em referência às duas propriedades que o Ministério Público suspeita que foram pagas por construtoras em benefício de Lula, acrescentou. A residência de Lula em São Paulo foi alvo de buscas nesta sexta-feira pela polícia e o ex-presidente foi levado pela Polícia Federal para depor em sua sede do aeroporto de Congonhas no âmbito da investigação de fraude na Petrobras. A notícia mobilizou partidários e opositores do ex-presidente até o terminal. "Estamos analisando evidências de que o ex-presidente e sua família receberam vantagens para consecução de atos dentro do governo. Ainda é uma hipótese investigativa", disse Lima. O procurador afirmou que as grandes construtoras envolvidas no escândalo da Petrobras fizeram 60% das doações recebidas pelo Instituto Lula do ex-presidente, de um valor total de 20 milhões de reais entre 2011 e 2014. Seis construtoras fizeram pagamentos de 10 milhões de reais que representam 47% das receitas da empresa LILS Palestras de Lula. As empresas são Odebrecht, OAS, Camargo Correa, Queiroz Galvao, Andrade Gutierrez e UTC. "Não há ninguém isento de investigação no país (...) Lula não tem foro privilegiado", afirmou Lima. Não há ninguém imune à investigação' diz procurador da Lava Jato Santos Lima afirmou que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba tem limitações legais O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ser o principal responsável pelo esquema de carte e corrupção na Petrobras, comandado por partidos da base aliada e que beneficiou também a oposição. Segundo ele, o esquema beneficiou o "chefe do governo". "Ninguém está imune à investigação, seja aqui em Curitiba, seja em Brasília", disse. "Estamos apurando essa hipótese (de Lula ser o líder). Certamente o governo dele foi um dos grandes beneficiários pela compra desse apoio político-partidário. Investigamos se houve alguma vantagem ao senhor Luiz Inácio", afirmou o procurador, durante entrevista na sede da Polícia Federal, em Curitiba. O procurador afirmou que a Lava Jato em Curitiba não investiga a presidente Dilma Rousseff, por uma questão de competência - a presidente só pode ser investigada pela Procuradoria Geral da República em processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o chefe do Executivo é sempre o principal beneficiado em um esquema de compra de apoio político-partidário. "Já dito pelo procurador geral da República e por nós aqui da Lava Jato, este esquema Petrobras e de outras empresas é um esquema de compra de apoio político-partidário. É somente nesse sentido que há a vinculação de um benefício", explicou Santos Lima. "O beneficiário sempre será o atual chefe do governo. Só nesse aspecto que existe o nome da presidente. Não há nenhum dado ou indício dela investigado na Operação Lava Jato, aqui em Curitiba " Partidos Questionado sobre eventual apuração envolvendo outros governos, Lima explicou que a apuração está focada no esquema sistematizado montado na Petrobras, descoberto a partir da ligação do doleiro Alberto Youssef com o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa - primeiro delator do processo. "Há muita confusão a esse respeito. As investigações da Lava Jato em Curitiba se iniciaram em decorrência da prisão de quatro doleiros e nessas investigações é que chegamos ao nome de Paulo Roberto Costa. Todas as investigações decorrem dessa descoberta " Santos Lima afirmou que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba tem limitações legais. "Nós não somos procuradores de todo o Brasil, de todos os fatos. Há muitos outros procuradores e há muitas outras equipes da Polícia Federal e investigações autônomas. Não me cabe aqui iniciar qualquer investigação que tenha o objeto inicial ou derivado daquele encontro de pagamento feito ao Paulo Roberto Costa na Petrobras." "Não cabe fazer uma analise se eu deva invetigar partido A ou partido B. Mas todos os partidos são investigados em decorrência da fraude na Petrobras", afirmou.