“Está definitivamente criada a última fronteira agrícola do Brasil e do mundo”. Foi com essas palavras que a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu, iniciou a solenidade de lançamento do Matopiba, região estratégica para a produçãobrasileira de grãos e o desenvolvimento sócio econômico dos estados envolvidos Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Por Edson Rodrigues
O evento foi realizado na manhã de ONTEM, no auditório do Tribunal de Justiça, em Palmas, e contou com a presença do governador Marcelo Miranda, do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, da Federação das Indústrias do Tocantins, Roberto Pires, representantes de órgãos governamentais ligados ao MAPA, assessores do governo estadual, prefeitos de vários municípios, políticos e empresários do agronegócio.
Em seu discurso, Kátia Abreu destacou que um dos objetivos do Matopiba é promover o desenvolvimento visando a elevação da qualidade de vida da população atingida pelo projeto. “Queremos que os produtores nativos também tenham a oportunidade de participar dessa riqueza, daremos condições para que isso ocorra”, disse ela, acrescentando que 12 mil produtores da Região receberão assistência técnica do Ministério da Agricultura.
Ao fazer uso da palavra, o governador Marcelo Miranda disse estar certo que o projeto Matopiba é irreversível, altamente sustentável e que se propõe integrar um novo eixo econômico do Brasil. “O agronegócio brasileiro é um desafio que nos une, e o meu maior desejo e ver essa região próspera nos números”, afirmou. Roberto Pires, que participou de reunião em Brasília para tratar da elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional do Matopiba, diz que vê a demarcação da Região com bons olhos. “O território do Tocantins está praticamente todo dentro do Matopiba, representa algo em torno de 38% da área, e isso é muito importante para o estado. “Precisamos inserir na agenda do Matopiba a indústria da transformação, que seria a redenção dos estados envolvidos. Já que temos grande potencial para o agronegócio temos agora que pensar em transformar a produção, pois dessa forma vamos gerar mais empregos e melhorar a qualidade de vida das pessoas”, defende.
MATOPIBA
A região, conhecida como a nova fronteira agrícola brasileira, abrange os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Na última quartafeira, 06, a presidente Dilma Rousseff criou, por meio de decreto, o plano para alavancar o desenvolvimento dessa região. Dos 73 milhões de hectares, 38% estão no Tocantins. O Matobiba é responsável por 9,7% da produção de grãos prevista para o país na safra 2014/2015 e Estado é grande destaque na capacidade de expansão. O Matopiba é considerado a nova fronteira agrícola brasileira e abrange os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. No último dia 06, a presidente Dilma Rousseff criou, por meio de decreto, o plano para alavancar o desenvolvimento dessa região.
As ações previstas no plano visam desenvolver infraestrutura para redução de custos de armazenagem, de estradas, ferrovias, hidrovias, portos, energia e aumentar a competitividade da região nos mercados nacional e internacional. Além de fortalecer e desenvolver a classe média do campo, promovendo a qualificação profissional, assistência técnica e extensão rural. Os instrumentos dizem respeito às imperfeições de mercado que colocam um limite à ascensão social dos agricultores da região.
A região conta com uma área de cerca de 73 milhões de hectares, 38% pertencentes ao Estado do Tocantins. O Matobiba é responsável por 9,7% da produção de grãos prevista para o país na safra 2014/2015 e o Tocantins é grande destaque na capacidade de expansão.
A produção de grãos, na região, é a mais marcante nos quatro Estados, e deve crescer 4,37% nesta safra em comparação com a safra 2013/2014, saltando de 7,322 milhões de hectares para 7,642 milhões de hectares, conforme as estimativas da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). O salto é de 18,107 milhões para 19,539 milhões de toneladas
O QUE SÓ O PARALELO 13 VIU
A cobertura do evento, feito pela imprensa tocantinense em peso, foi, em si, perfeita, mas alguns detalhes importantes deixaram de ser ou observados ou repassados à sociedade. Detalhes que O Paralelo 13 considera muito significativos para o cenário atual da política tocantinense e que precisam ser trazidos à tona para que o povo, o eleitor, tenha mais embasamentos para entender o que se horizonta no panorama eleitoral para 2016 e 2018.
Comecemos do início.
A senadora e ministra Kátia Abreu desembarcou no aeroporto de Palmas por volta das 9h15 e foi recepcionada pela maioria dos prefeitos municipais, vereadores e pelo secretário estadual da Agricultura, Clemente Barros. O governador Marcelo Miranda não se fez presente, assim como aconteceu na última visita de Kátia ao estado, deixando claro que, se há relacionamento entre os dois, é meramente institucional.
Essa “institucionalidade” no relacionamento entre Marcelo e Kátia, levou um evento de importância relevante para o desenvolvimento dos municípios tocantinenses a ser realizado no auditório do Tribunal de Justiça – superlotado por prefeitos, vereadores e lideranças políticas e classistas – e, não, no Palácio Araguaia, como deveria acontecer.
O pronunciamento de Kátia Abreu foi todo calcado na importância do Matopiba, não havendo nenhuma referência ao seu relacionamento com o governador Marcelo Miranda nem sobre sua participação no governo do Estado.
Por outro lado, Marcelo Miranda fez questão de ressaltar em seu discurso o sucesso da Agrotins que, “independente de qualquer coisa”, bateu recordes de negócios e de movimento, numa alusão clara à ausência de Kátia Abreu na abertura da maior feira agropecuária do Norte do Brasil, sem deixar, no entanto, de salientar a contribuição financeira do ministério da Agricultura para a viabilização do evento.
Enquanto isso, foram sentidas as ausências das deputadas federais Josi Nunes e Dulce Miranda no evento, enquanto que o ex-governador Carlos Gaguim se fez presente, assim como o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos, que ficou até o fim da cerimônia.
Quando terminou seu discurso, Marcelo Miranda se desculpou e deixou o local, alegando ter duas audiências “inadiáveis” no Palácio Araguaia, deixando de prestigiar a celebração de convênios do governo federal – assinados por Kátia Abreu – com 39 prefeituras tocantinenses.
ARESTAS A SEREM APARADAS
Podemos garantir, com tranquilidade, que esses fatos não aconteceram por acaso, muito menos sem premeditação.
Apesar dos esforços das “equipes” de Marcelo Miranda e Kátia Abreu em reaproximar politicamente os dois, ainda esbarram em arestas a serem aparadas, deixadas pela discussão acalorada ocorrida na casa do governador antes mês o de sua posse, em que avisou à própria Kátia Abreu que não prestigiaria suas indicações para cargos no governo.
Essas arestas são as mesmas que exigem um esforço hercúleo da deputada federal Josi Nunes, respaldada pelos “três mosqueteiros” do PMDB, Leomar Quintanilha, Derval de Paiva e Oswaldo Reis e pela também deputada federal Dulce Miranda, em articular e realizar as eleições no Diretório Estadual do partido, colocando frente à frente 35 membros da ala comandada por Kátia e 35 da ala comandada por Marcelo, tendo como ponto de equilíbrio exatamente os articuladores da eleição.
KÁTIA DÁ MOSTRAS DE SUA FORÇA
O que não se pode deixar de salientar é que Kátia Abreu tem demonstrado estar mais amparada e com maior poder de fogo que Marcelo Miranda nessa batalha.
Para início de conversa, ela conseguiu incluir municípios de todos os rincões do Tocantins, principalmente do Bico do Papagaio, nos recursos do Matopiba. A ministra anunciou, também, a compra de uma perfuratriz capaz de abrir cinco poços artesianos por semana, que irá iniciar suas operações na região Sudeste do Estado. O grande trunfo da senadora, é que essa máquina não ficará sob os cuidados do governo do estado e, sim, da Delegacia do Ministério da Agricultura, deixando bem claro quem é a mãe da criança”.
Já nos convênios assinados com os 39 municípios, a ministra deixou claro que os recursos serão repassados diretamente pelo ministério da Agricultura e Agropecuária para as prefeituras, sem nenhuma interferência ou intermediação do governo do estado.
Enquanto isso, o deputado federal Irajá Abreu, juntamente com o ministro Gilberto Kassab, anunciou para 50 prefeitos do Estado, a construção, com recursos federais, de mais de 70 mil casas populares, ao mesmo tempo em que a ministra anunciou já ter recursos garantidos dentro do Matopiba para ligar o Tocantins à Bahia e ao Piauí, incrementando estradas vicinais e o uso da hidrovia Araguaia-Tocantins, mostrando que Kátia já tem o rascunho do seu grupo político para as eleições de 2016 e de 2018, aglutinando o PSD e o PL, e atuando “por terra, mar e ar” para desenhar seu futuro político.
CABEÇA DE POLÍTICO
Dizem que “de bunda de neném e cabeça de político, nunca se sabe o que vem”. Logo, os analistas políticos de plantão não descartam uma reaproximação – até com certa rapidez – entre Kátia e Marcelo, mas, para nós, de O Paralelo 13, os temperamentos fortes – principalmente o da ministra – são os principais empecilhos dessa que não passaria de uma “briga de família”, onde cada um demarca seu território e depois todos se sentam á mesa – juntos – para comer o jantar.
E, como fazemos questão de enfatizar, o tempo é o senhor da razão e só quem viver, verá!