OLHO NO OLHO
Os números da mais recente pesquisa não mentem e apontam que 71% do eleitorado tocantinense ainda não sabe em quem votar para governador, e 5,2% já avisaram que pretendem anular ou votar em branco. São dados que gritam mais alto que qualquer discurso de palanque.
Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
Aqui cabe o questionamento do Observatório Político de O Paralelo 13. Os partidos e federações, não enxergam a gravidade deste cenário?
O eleitor não está desinformado. Muito pelo contrário: nunca esteve tão atento. O tocantinense acompanha o noticiário, cruza informações nas redes sociais e percebe, com nitidez, o movimento dos pré-candidatos. Eles estão nas praias, nas vaquejadas, nas festas religiosas, nos aniversários de cidades, nas festas juninas, nos jogos de futebol. Estão nos microfones das rádios, nas lives de internet ou nas entrevistas dos portais de comunicação. Ou seja, o eleitor sabe quem está no páreo.
E, no entanto, não decide.
O silêncio das propostas
A única explicação neste cenário é a falta de “substância”. As pré-candidaturas até agora não apresentaram, de forma clara e pública, projetos que justifiquem sua chegada ao Palácio Araguaia. No lugar de propostas, há releases; no lugar de planos, improvisos. Muitos ainda confundem emendas impositivas com mérito pessoal, como se recursos já garantidos pelo orçamento fossem conquistas de deputado ou senador. Esse tipo de retórica não engana mais.
Some-se a isso o cansaço com escândalos de rachadinhas, operações policiais quase diárias, enriquecimentos mal explicados e promessas recicladas. O resultado está em um eleitorado que conhece os nomes, mas não enxerga motivos para escolher nenhum deles.
Os dados que falam
A pesquisa é contundente. Entre os homens, 38,1% não sabem em quem votar; entre as mulheres, quase metade — 49,3% — permanece indecisa. A juventude é ainda mais cética: 52,1% dos eleitores entre 16 e 24 anos não definiram o voto. Entre 25 e 34 anos, o índice é de 49%; entre 35 e 44, 35,5%; entre 45 e 59, 39,6%; e entre os que têm 60 anos ou mais, 45,9% ainda não escolheram.
O recorte por escolaridade repete o mesmo quadro: 48,5% dos eleitores com ensino fundamental, 41,6% dos que têm ensino médio e 40,7% dos com nível superior continuam indecisos. Em todos os segmentos, a maioria ainda espera.
O paradoxo Barbosa
Enquanto isso, o governador Wanderlei Barbosa surfa em altos índices de aprovação quase 80% dos entrevistados avaliam positivamente sua gestão. Surge então a pergunta inevitável: será que o eleitor aguarda o posicionamento do governador para seguir? Ou será que nenhuma das pré-candidaturas alternativas conseguiu empolgar a maioria, abrindo espaço para um novo personagem na disputa?
O jogo em aberto
O que se vê é um cenário de sucessão política sem dono, sem imposição, sem favoritismo consolidado. O eleitor aguarda algo mais. Se os atuais pré-candidatos continuarem disputando apenas “o poder pelo poder”, sem propostas confiáveis e sem visão de futuro, correm o risco de assistir a um fenômeno comum na política, a ascensão de alguém de fora do circuito tradicional, que surja como alternativa para preencher o vazio.
Neste cenário é importante evidenciar ainda que nada está definido. Podendo a oposição unir-se à base governista em busca da vaga para governar no Palácio Araguaia. O tempo urge. Agosto é mês de reflexão. Setembro precisa ser o mês das propostas. Se não houver mudança de rumo, a maioria indecisa pode continuar esperando… até que outro nome apareça.
O jogo sucessório está em aberto.
Até o próximo capítulo.