Fatos políticos que marcaram a semana e ganharam destaque na mídia nacional
Por Edson Rodrigues
A semana que passou seguiu os passos do término do ano passado, com o PT e o governo Dilma Rousseff afundando a cada novo depoimento dos envolvidos nos escândalos de corrupção referentes aos últimos 12 anos. Enquanto o governo luta para ganhar uma sobrevida, sob a ameaça do impeachment e da ação no TSE, o ex-presidente Lula insiste em negar sua participação e envolvimento em crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de influência.
CARDOSO ATESTA “LISURA” DE LULA
Tomado por suas últimas declarações, o ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça) considera supérfluas as investigações que correm contra Lula. Superior hierárquico da Polícia Federal, o ministro Cardozo atribui a Lula muito mais do que o benefício da dúvida. Para ele, o ex-presidente petista dispõe do benefício da honestidade presumida.
“Eu tenho o presidente Lula como um grande líder, uma pessoa que eu sempre acompanhei, um líder que age com absoluta lisura nos seus comportamentos, nas suas ações”, disse Cardozo nesta quinta-feira. “Com relação à investigação, não cabe a mim tecer nenhum juízo de valor, ela será feita com autonomia, como todas as investigações. Muitos da oposição se unificam nessa hora para tentar atingir a imagem de um adversário que politicamente é muito forte e sempre foi muito respeitado.”
Mantendo-se nessa toada, o titular da Justiça vai acabar convencendo a plateia de que é absolutamente improvável que a Polícia Federal e a Procuradoria da República concluam pela culpa de Lula e proclamem publicamente que “o grande líder” nomeava e acobertava corruptos para prospectar na Petrobras benefícios para si, para o partido e para os aliados. Afinal, Lula já disse que não sabia de nada. E as notas oficiais do PT sustentam que o tesoureiro João Vaccari é gente boa. Só recebeu doações legais.
A PAUTA É IMPEACHMENT
Líderes partidários se reunirão na próxima semana para decidir sobre a comissão que vai discutir o impeachment de Dilma na Câmara. Deveria ter sido realizada dia 11, mas ninguém deu as caras em Brasília.
SONHO PETISTA
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo Dilma preso por tentar melar a Lava Jato, tem pedido ajuda a correligionários para evitar a expulsão do PT. Quer se segurar na sigla e no mandato.
OPOSIÇÃO FROUXA
A oposição perdeu o apoio de Michel Temer para o impeachment. Os tucanos apostam no Tribunal Superior Eleitoral para derrubar a chapa eleita em 2014. Mas o PMDB prefere que Dilma continue “sangrando”.
ARROCHO, NÃO
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) recebe documento de agentes da Polícia Federal cobrando autonomia e criticando cortes de verba da instituição. Sete entidades de classe assinam o documento.
GOVERNO ABANDONA METAS
O adiamento do anúncio no corte do Orçamento e as notícias de que o governo pretende adotar regras mais flexíveis para cumprir a meta de superavit primário prejudicaram ainda mais a credibilidade da equipe econômica.
Na quinta (11), o governo decidiu postergar para março o corte que pretende fazer nos gastos para tentar cumprir a meta de economia de 0,5% do PIB. O anúncio era esperado para ontem.
"Esse atraso é muito ruim. A presidente já deveria ter apresentado coisas pontuais nesse sentido em sua mensagem ao Congresso, na semana passada", diz o economistachefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. "Mas o clima já está tão ruim que não será isso o que vai mudar as expectativas do mercado."
Para José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, o governo tenta ganhar tempo para negociar com parlamentares cortes nos gastos ou aumento de impostos para definir o Orçamento.
Marcelo Giufrida, sócio da Garde Asset Management, diz que o que mais preocupa não é o governo postergar a decisão, mas a intenção de adotar bandas de flutuação do superavit. Para ele, na prática, o governo está abandonando a meta fiscal para este ano.
"No curto prazo só tem um jeito de resolver o problema fiscal: aumentar imposto, o que é inviável por causa do Congresso", diz Perfeito.
SEM CORTES, CPMF NÃO PASSA
O Congresso não vai aprovar aumento de impostos se o governo não apresentar um plano concreto de controle de gastos futuros. Essa é a avaliação do senador Romero Jucá (PMDB RR) após encontro com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
"O Congresso não irá votar, na minha avaliação, aumento de receita sem antes ter efetivamente uma discussão das despesas e do que vai ocorrer no futuro."
"Um aumento de impostos isolado é algo difícil de ocorrer no Congresso se não vier acompanhado de outras ações que demonstrem que governo fez o dever de casa", disse o senador, referindose à recriação da CPMF, na qual o governo aposta suas fichas em ano de recessão e receitas magras para tirar as contas do vermelho.
CASO DE SÍTIO DE ATIBAIS RECEBE ADVOGADOS DE PESO
A equipe que assessora o ex-presidente Lula está consultando advogados de peso para se incorporarem ao caso do sítio que ele frequenta, em Atibaia. A ideia formar um grupo sênior, com profissionais tarimbados e que estão acostumados a fazer no apenas o enfrentamento jurídico, mas também midiático e político de casos de grande repercussão.
O advogado José Roberto Batocchio, que defende, entre outros, os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, foi consultado para assumir a defesa de Jonas Suassuna, um dos donos do sítio. Fernando Bittar, sócio dele, já tinha contratado Alberto Toron, que teve atuação destacada, entre outros, no caso do mensalão. Os dois proprietários estão até agora calados sobre a reforma do sítio, que teria sido paga por empreiteiras.
Fernando Bittar deve apresentar documentos que mostram que ele recebeu como doação do pai, Jacó Bittar (que hoje sofre do mal de Parkinson), os R$ 500 mil que usou para comprar a terra em Atibaia.
SUPOSTO REPASSE DA ODEBRECHT A MARQUETEIRO É INVESTIGADO
A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga repasses atribuídos a subsidiárias da Odebrecht em contas no exterior controladas pelo marqueteiro João Santana, com a colaboração da promotoria suíça.
O publicitário comandou todas as campanhas presidenciais do partido desde a reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Segundo reportagem da ‘Folha de S. Paulo’, o inquérito foi aberto em novembro do ano passado após a Polícia Federal encontrar na casa do lobista Zwi Skornicki, uma carta de Mônica Moura, mulher e sócia de Santana, com números de contas.
Santana não nega o recebimento de dinheiro no exterior por campanhas realizadas, mas diz que tudo é declarado. Seu advogado, Fábio Tofic, disse que o publicitário desconhece qualquer apuração que envolva seu nome e que questionou formalmente o juiz Sergio Moro, que conduz a investigação em Curitiba, sobre a existência de um inquérito contra seu cliente.
"Indagado há mais de 20 dias, o juiz não respondeu. Tudo leva a crer que essa investigação não existe ou temos que admitir que há abuso de autoridade, já que ele não foi informado", disse Tofic.
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