Por Edson Rodrigues
e Edivaldo Rodrigues
O que parecia ser apenas mais uma confraternização política transformou-se em um verdadeiro terremoto nos bastidores da sucessão estadual de 2026. Nos últimos dias, durante o aniversário do deputado estadual Jair Farias, em Sítio Novo, a senadora Professora Dorinha surpreendeu ao declarar, publicamente, seu apoio à pré-candidatura do deputado federal Carlos Gaguim ao Senado. A fala pegou de surpresa aliados e adversários, sobretudo porque ocorreu diante do senador Eduardo Gomes, seu histórico parceiro político e também pré-candidato à reeleição.
Senadora Dorina Seabra ao lado do senador Eduardo Gomes
A expectativa era de que Dorinha reafirmasse apoio a Gomes, que, por diversas vezes, declarou que a senadora é sua candidata ao governo do Tocantins. Essa declaração, no entanto, não veio. E, pior é que acendeu alertas no grupo político da própria senadora. O deputado federal Vicentinho Júnior, do Progressistas, também pré-candidato ao Senado e aliado de primeira hora da senadora, viu na fala um gesto de desprestígio e, para alguns, até de descarte.
Deputado Amélio Cayres, governador Wanderlei e senador Eduardo Gomes
Analistas políticos do Tocantins ainda tentam decifrar a lógica por trás da movimentação de Dorinha. Há quem veja um xeque-mate lançado ao senador Eduardo Gomes, que nas últimas semanas tem intensificado sua presença em eventos públicos ao lado do governador Wanderlei Barbosa e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres, possível candidato de Wanderlei ao Palácio Araguaia. Em contrapartida, há especulações de que a senadora Dorinha, diante da dificuldade de reunir apoios estratégicos e logísticos, esteja repensando sua pré-candidatura ao governo.
Sem Vicentinho, Dorinha pode sangrar
O Observatório Político de O Paralelo 13 vê com clareza um verdadeiro imbróglio se formando no interior da Federação União Brasil/Progressistas, comandada no Tocantins pela senadora Professora Dorinha (presidente estadual do União Brasil) e pelo deputado federal Vicentinho Júnior (presidente estadual do Progressistas). Ambos partidos, juntos, somam dezenas de prefeitos, vices, vereadores e lideranças com forte presença nos municípios.
Independentemente de compromissos públicos, a pré-candidata Dorinha deve a Vicentinho uma conversa direta e franca. Afinal, o desconforto gerado pela ausência de apoio explícito à sua pré-candidatura ao Senado não pode ser subestimado. O silêncio de Dorinha tem causado um sangramento interno na cúpula da federação, que, se não for estancado com urgência, pode provocar uma hemorragia política de grandes proporções, a ponto de implodir sua própria campanha ao governo estadual.
A situação é grave. E tende a se agravar ainda mais diante da postura firme de Vicentinho Júnior, que já avisou que não há como recuar. Muitos dos colégios eleitorais que ele representava na Câmara dos Deputados agora já têm novos nomes como candidatos a deputado federal, alguns à reeleição, outros estreantes. Recuar seria abrir mão do espaço político que construiu ao longo de vários mandatos.
Dorinha tem cinco meses para reverter a crise
Senadora Dorinha durante aniversário do deputado estadual Jair Farias, em Sítio Novo
O tempo também não joga a favor da senadora. Os próximos cinco meses serão decisivos para que Dorinha consiga reorganizar seu grupo político e recuperar a unidade dentro da federação. Ingressar em 2026 com o União Brasil e o PP rachados poderá ser fatal para sua pré-candidatura.
Porto Nacional, terra natal de Vicentinho Júnior e considerada a caixa de ressonância da política tocantinense, observa com atenção os desdobramentos. A senadora precisa medir com precisão os efeitos da sua rejeição à candidatura ao Senado do deputado portuense. Caso Vicentinho esteja mesmo sendo descartado de sua chapa, o gesto poderá repercutir diretamente nas urnas. Há quem diga que os filhos e filhas da capital cultural do Tocantins podem entender que Dorinha não merece os votos da região.
A sucessão está em aberto, e o mês de agosto promete reviravoltas. Quem já decolou precisa subir mais alto e voar por instrumentos, desviando de trovoadas e fortes turbulências. Já aqueles que ainda não levantaram voo, talvez seja hora de procurar um lugar seguro para estacionar e só decolar quando os ventos políticos se acalmarem.