DILMA PODE SER CANDIDATA AO SENADO PELO TOCANTINS
Por Edson Rodrigues
Poderíamos começar este artigo usando um dos mais velhos ditados populares conhecidos no folclore brasileiro, aquele que diz que “onde há fumaça, há fogo”. Mas, conhecendo nossa política como conhecemos, nem precisamos usar desses subterfúgios para alertar aos eleitores tocantinenses que há, sim, fundamentos, bases lógicas e, principalmente, conversações que confirmam as informações de que a ex-presidente Dilma Vana Rousseff pode vir a se candidatar ao Senado pelo Estado do Tocantins, a convite da sua “amiga para sempre”, senadora Kátia Abreu (PMDB).
A informação que surgiu dos bastidores há dois dias já foi veementemente negada por Kátia Abreu, que chegou a utilizar o fato para capitalizar sobre as eleições de 2018, afirmando que “a hora é de buscar projetos e soluções para o Tocantins e, não para campanha antecipada”.
Já Dilma Rousseff saiu pela tangente, afirmando que não é candidata a nada.
Mas, de todo esse burburinho, fica o grande questionamento: o povo tocantinense, o eleitor tocantinense, foi sequer consultado quanto à essa possibilidade?
Porque do jeito que as coisas acontecem por aqui (de radialista pára-quedista a Wanderlei Luxemburgo), parece que o estômago de nossos eleitores é similar ao de avestruz, e aceita qualquer rejeito.
Com mandato cassado, devido ao processo de impeachment sofrido em 2016, no qual foi impedida de continuar na presidência, mas não perdeu os direitos políticos, Dilma Roussseff pode se candidatar a qualquer cargo eletivo já no ano que vem.
A candidatura de Dilma, segundo a Legislação vigente no País, é legal. Mas, para o povo tocantinense – não por ser melhor que nenhum outro eleitor brasileiro, mas por não ter sequer sido consultado sobre se isso seria uma votade ou até uma tendência do eleitorado – no entanto, é considerada desmoralizante justamente pelo caráter de “goela abaixo” que passa a configurar. Sem contar que a classe política do Tocantins passaria, de vez, o atestado de “barriga de aluguel” de gestações políticas alheias à sua vontade.
ATÉ TU, SIQUEIRA?
E essa história de Dilma Rousseff vir a ser candidata ao Senado em uma chapa encabeçada e liderada pela senadora Kátia Abreu ao cargo de governadora, não para por aí. Segundo a origem da história, existe ainda a possibilidade de a outra vaga a senador ser disputada pelo ex-governador Siqueira Campos.
Com sua vasta história política, incluindo quatro passagens como governador do Tocantins, além de vereador e deputado Constituinte, é muito pouco provável que o maior estadista que a história do Tocantins jamais teve vá deixar sua história de lado e se sujeitar a fazer parte de uma estória tão esdrúxula.
De tudo o que já foi dito até agora, a única certeza dessa, digamos, possibilidade, é que Siqueira Campos, com Dilma ou sem Dilma, com Kátia ou sem Kátia, se realmente sentir-se capaz e saudável para um novo mandato, consegue sua eleição. O resto é apenas especulação.
E pensar que a chapa Kátia governadora, Dilma e Siqueira senadores, segundo os boatos, seria encabeçada por ninguém menos que Luiz Inácio Lula da Silva como o candidato a presidente. De acordo com seus idealizadores, essa possível chapa corre o risco de fazer “cabelo, barba e bigode”, eleger do presidente da república à maioria dos senadores e deputados federais e, porque não, os governadores!
Só esqueceram de combinar com a Lava Jato!
NOSSO PONTO DEVISTA
Mais uma vez parece que o povo tocantinense está sendo tratado como mera “massa de manobra”, nosso Estado e nossas leis comparados a uma republiqueta populista e totalitária, onde quem estiver no poder manda e que for comandado, baixa a cabeça e cumpre.
O Tocantins não pode retroceder, mergulhar em um passado nefasto, do qual não temos saudades, quando fomos, em outras palavras, estuprados politicamente quando trouxeram pessoas de outros estados da federação para serem candidatos principais e candidatos a suplentes, que se elegeram e escafederam, como nos casos Mascarenhas de Morais e Maurício Rabelo, e só não emplacaram com o técnico de futebol Luxemburgo porque foram primários na estratégia e o próprio Luxemburgo, num rasgo de dignidade, não embarcou na ideia, segundo ele mesmo, por respeito .
Sabemos da seriedade e do histórico político da senadora Kátia Abreu. Sem dúvida uma política das mais bem preparadas do Congresso Nacional e do Brasil que temos que, além de respeitar, reconhecer sua ascensão política. Uma mulher que claramente tem discurso, conhecimento, laços de respeito com a mídia nacional e é muito bem preparada para a missão a que se propôs.
Mas, isso, por si só, não a gabarita, caso os boatos se confirmem por ela mesma, a achar que tem cacife suficiente para eleger a ex-presidente Dilma senadora pelo Tocantins.
Casos anteriores que deram certo envolveram políticos de muito mais peso e prestígio – e passado – que a própria Dilma Rousseff, como o ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, que foi candidato por Goiás a uma vaga a senador, e o ex-presidente José Sarney, que transferiu seu domicílio eleitoral do Maranhão para Amapá, no qual assumiu mandato no senado, eleito pelo Estado.
Será uma vergonha, desmoralização para classe e para os partidos políticos – para não dizer do Estado e sua boa gente.
Se a informação se confirmar, será, em meu ponto de vista, uma “patifaria política que não me surpreende, pois pode ser só o começo. É importante ressaltar que será uma jogada de mestre da senadora Kátia Abreu, independente de ser ético, moral, imoral, não há dúvidas quanto a isso. Vale ressaltar que outro político dado a jogadas ousadas já se manifestou positivamente a respeito. Falamos de Carlos Amastha, prefeito de Palmas, que em entrevista a uma emissora de rádio e em outras oportunidades já deu a entender que vai fazer de tudo para mudar o quadro político do Tocantins a partir do ano que vem, a começar pelos atuais ocupantes de cargos eletivos, a quem considera despreparados ou que perderam a oportunidade que tiveram de fazer alguma coisa pelo Tocantins e pelo povo.
Esperemos que, cada um em suas pretensões e acessos de megalomania, se for para prejudicar, que prejudiquem o menos possível esse nosso Estado tão querido, que precisa de coisas novas e boas, certamente. Mas por vias legais e, principalmente, por meio do diálogo.
Tem que ser combinado e bom para todos. Senão, é estelionato eleitoral!
Este artigo é nossa humilde contribuição para que a classe política tocantinense tenha, em mãos, subsídios suficientes a uma reflexão profunda durante seus dias de carnaval e lembrem-se de suas raízes, tradições e origens!!!