Ao que tudo indica, o cenário político tocantinense começa a partir desta quinta-feira, 17, a desenhar um novo formato, no qual será claro a divisão de grupos aqui e também em Brasília. Isso se deve a expulsão da senadora Kátia Abreu na tarde desta quarta, pela cúpula nacional do PMDB.
Por Edson Rodrigues
Quem estiver com Kátia e Irajá, também estará contra Temer e Marcelo, e vice-versa. “Agora será olho por olho e dente por dente”. Será? Nos foi confidenciado uma por um grande mestre palaciano.
A expulsão da Senadora se adéqua a qualquer outro caso político de membros do PMDB, como deputados, prefeitos, vereadores e lideranças. Dirigentes de Órgãos públicos comissionados.
O Diário Oficial será a receita para os que preferem seguir acompanhando a família Abreu. Ontem foi o dia limite para isso, com a decisão unânime dos nove membros da Comissão Nacional de Ética e Disciplina do PMDB nesta quarta-feira, 16, que já era comentada e muito esperada pelos brasileiros desde setembro de 2016 , mas que tornou-se um dos principais assuntos no cenário político do País nesta quinta-feira, 17.
A senadora Kátia Abreu, eleita pelo Tocantins, foi expulsa da sigla, conforme os membros do colegiado, por ferir a ética, a disciplina partidária com críticas à legenda, a Michel Temer e por ter votado contra matérias defendidas pelo governo.
Na semana passada o governador Marcelo Miranda encontrou-se com o presidente Michel Temer em Brasília para discutir sobre possíveis investimentos no Estado. Conforme nos foi confidenciado, na ocasião o presidente citou sobre a expulsão da senadora da sigla, sem nenhuma oposição do governador.
Em Brasília, ministros foram orientados para que a partir de hoje deem aos aliados de Kátia e Irajá Abreu um tratamento de adversários políticos. O mesmo que desde sempre vem sido feito por eles, tratando adversários como adversários. E o mesmo tratamento será seguido por Marcelo Miranda.
Entenda
Para suspender Kátia, a comissão de ética do PMDB utilizou artigo que prevê a medida em casos na qual “a demora do processo” torne a penalidade ineficaz. É o caso, por exemplo, de uma eventual mudança de legenda.
O PMDB já havia determinado a suspensão das atividades partidárias da senadora que estava impedida de ocupar cargos de direção no partido e podem ser afastados de eventuais posições em comissões, mas mantêm as atividades parlamentares normalmente.
Aliada ao PT, de Dilma Rousseff, a a ida de Kátia para o PMDB em 2014 foi tumultuada e ela é acusada por parte dos peemedebistas de ter usado o Partido apenas para se reeleger Senadora. Kátia nos últimos anos tornou-se quase petista, mas entanto não é aceita pelo grupo do PT. A senadora ainda não divulgou qual será o novo partido da sua filiação, mas ao que tudo indica ela não optará pelo PSD, presidido pelo filho no Tocantins.
Diretório Regional do Tocantins
A expulsão de Kátia Abreu atendeu a uma representação do diretório regional do Tocantins. Ao discursar contra a aprovação da Reforma Trabalhista e criticar peemedebistas como o governador do Tocantins, Marcelo Miranda, Temer e Romero Jucá, a parlamentar praticou atos "nocivos, provocativos e desrespeitosos" e promoveu "inequívoca afronta ao partido".
Em sua defesa, a senadora aponta “vícios processuais” no pedido de expulsão e pede que sejam ouvidos 24 testemunhas, incluindo o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e os ministros Leonardo Picciani (Esportes) e Gilberto Kassab (Comunicações), os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O PMDB ainda não se posicionou sobre a solicitação da senadora.
Retrospectiva
O Portal CT, trouxe uma retrospectiva sobre o ingresso da senadora ao PMDB. A breve história de Kátia Abreu nos faz compreender muito sobre o atual cenário. Conforme retratado no Portal, a senadora Kátia Abreu deixou o PSD em setembro de 2013 para ingressar no PMDB. Ela teve importante papel para garantir o comando do partido no Estado ao governador Marcelo Miranda, que disputava a sigla com o então deputado federal Júnior Coimbra. Para isso, Kátia usou a influência que tinha junto ao então presidente nacional da sigla, Valdir Raupp, e ao então vice-presidente da República, Michel Temer.
Para dar a legenda a Kátia e Marcelo nas eleições do Tocantins de 2014, a cúpula peemedebista chegou a fazer uma intervenção em diretórios municipais do Estado às vésperas das convenções. Kátia foi colocada como vice-presidente do PMDB estadual na comissão provisória criada e assumiu a presidência com a saída do senador Waldemir Moka (MS).
Após a vitória de outubro de 2014, Kátia rompeu com Marcelo, numa briga homérica no final de dezembro daquele ano. Depois começou outra batalha pelo comando do PMDB tocantinense com o governador, que só acabou com um acordo na executiva nacional, que dividiu os cargos meio a meio, deixando a presidência com o marcelista Derval de Paiva.