Depois de o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) começar uma cruzada contra o governo e ameaçar criar dificuldades para que a reforma trabalhista avance no Senado, aliados do presidente Michel Temer começam a discutir maneiras de tirá-lo da liderança do PMDB na Casa
Da Redação
De acordo com a jornalista Andrea Sadi, do portal G1 e do canal GloboNews, a principal insatisfação é com o tom belicoso que Renan tem usado em relação às matérias de ajuste fiscal do governo.
“A ideia é que os senadores possam se reunir, façam uma auto convocação e, por maioria, destituir Renan e eleger um novo líder”, defende um aliado de Temer.
Segundo a jornalista, assessores do governo dizem estar cientes do movimento. Eles inclusive têm recebido queixas de senadores do PMDB insatisfeitos com a atuação de Renan à frente da bancada de 22 senadores.
Apesar disso, assessores de Michel Temer acreditam que não há apoio suficiente para implementar a mudança. Sem a certeza do sucesso da empreitada, seria muito arriscado pressionar ainda mais Renan Calheiros.
Diversos são os motivos apontados no PMDB para a rebelião do ex-presidente do Senado. O mais importante, na avaliação de assessores de Temer, é o fato de Renan está sofrendo com o risco de não ser reeleito para o cargo. Em Alagoas, o peemedebista aparece em quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Senado. Como Temer tem uma reprovação grande e crescente no Estado, descolar-se do governo seria uma estratégia para tentar ganhar pontos com seu eleitorado.
A insatisfação de Renan não para por aí. Ele considera que o PMDB da Câmara tem muito espaço no governo, enquanto o do Senado é preterido. Por diversas vezes o alagoano apontou que o deputado federal cassado e hoje preso Eduardo Cunha tem influência exagerada no Palácio do Planalto. Renan e Cunha são inimigos históricos no PMDB. A relação com Temer também nunca foi boa e Renan já tentou, por mais de uma vez, tomar o poder do partido das mãos do hoje presidente da República.
Por fim, avalia-se que o senador busca ficar em evidência. Ele estaria sofrendo com o que se chama de “síndrome de planície”. É o termo pejorativo usado por políticos para aqueles que largam cargos de expressão e voltam para o meio dos parlamentares comuns. Desde que deixou a presidência do Senado, Renan só tem conseguido espaço na imprensa em brigas com Temer.
Enquanto tenta conter as insatisfações em sua própria base, o presidente começou nessa sexta-feira, 28, a exonerar indicados por políticos que votaram contra as matérias de interesse do governo no Congresso, como a reforma trabalhista. Para isso, importantes figuras do Palácio do Planalto mapearam os votos infiéis. Com os cargos livres eles ainda terão mais espaço para abrigar quem pode ser um voto garantido a favor das medidas consideradas impopulares.