A senadora Kátia Abreu vem, nos últimos tempos, se readequando aos moldes dos seus interesses pessoais, redesenhando, conforme suas conveniências, uma postura beligerante diante de adversários, companheiros partidários, jornalistas e desafetos, e principalmente se refazendo inteira, ela mesma, Kátia Abreu, como sempre foi, é e será. Apegada umbilicalmente às artimanhas políticas, ela usa da verborragia para apequenar os feitos daqueles que não atendem, como vassalos, seus desejos, quase sempre particularizados. Foi este o “crime” cometido pelo governador Marcelo Miranda, e aí então, focada no pleito de 2018, ela abriu seu “caixão de maldades” e apontou a já conhecida metralhadora giratória para o chefe do executivo tocantinense, seu aliado em várias eleições. Abraçada, até então, à “lei da impunidade”, se sentia intocável, “blindada” por um universo próprio, moradia dos que vivem apartados do povo, isso até que a Operação Lava Jato registrou seu “santo” nome no “Clube dos Malfeitores”.
Por Edivaldo Rodrigues
Esta senhora, que se comportava como “amiga do mundo” e “mãe dos políticos tocantinenses”, agindo impunimente como feitora de histórias equivocadas e de esperanças represadas, por anos pousou de “paladina da moral e da ética”, e que, por suas ações, atos e feitos, como representante do agronegócio brasileiro, recebeu dos ambientalistas brasileiros e internacionais a alcunha de “miss desmatamento” e de “rainha da motossera”, e agora, por força de sua postura, à margem da lei, foi rebatizada por seus financiadores em atos condenáveis como “Machado”, o que nos parece um sinal de decadência, dada as identificações anteriores, mesmo que rasteiras. A congressista tocantinense, a única da Bancada Federal do Estado na lista do Procurador Geral da Republica, Rodrigo Janot, e confirmada nos procedimentos avassaladores expostos pelo ministro Edson Fachin, do STF – Supremo Tribunal Federal, nos revela por meio de farta documentação, que ela era usuária do “Departamento de Propinas” da construtora Odebrecht, de onde, segundo a PGR e STF, recebeu incontáveis recursos ilícitos na tentativa de se eternizar no poder.
Conforme organizadas planilhas, além de outras importantes provas documentais apresentadas pelos delatores da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, José de Carvalho Filho, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Mário Amaro da Silveira, que foi Diretor Superintendente da empreiteira no Tocantins, a congressista recebeu recursos ilícitos da empresa, via “Departamento de Propinas”. Estes depoimentos embasaram pedido de inquérito da PGR – Procuradoria-Geral da República, autorizado pelo ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin, para investigar a até então “paladina da moral e da ética”, já em campanha antecipada para o Governo do Tocantins..
Os delatores, amparados por registros de controle do “Departamento de Propina” da Odebrecht revelaram que, foram feitos pagamentos de vantagens indevidas e não contabilizadas para a campanha eleitoral de Kátia Abreu ao Senado Federal no ano de 2014. Eles adiantaram ainda que o representante da senadora nestas articulações ilegais era seu então assessor Moisés Pinto Gomes, hoje seu marido. O ministro do STF, Edson Fachin validou estes depoimentos e convicto, apontou no processo que o pagamento de R$ 500 mil, dividido em duas parcelas de R$ 250 mil, foi repassado ao único integrante da Bancada Federal do Tocantins envolvido na maracutaia do “petrólão”. Conforme farta documentação, ela recebeu a propina nos meses de setembro e outubro de 2014, em ocultos e camuflados encontros, na calada da noite, no Hotel Meliá, no Jardim Europa, em São Paulo.
Protegida por sua visão tosca, retrógada e equivocada, arma de quem entende poder tudo na “Republica do Primeiro o Meu Pirão”, a senadora Kátia Abreu se sentia intocável e temida, e assim todos os defeitos e incompetências revelavam-se carimbadas nos que ela sempre elegeu como descarte. Foi esta postura que a congressista recentemente usou para desmerecer o governador Marcelo Miranda. A reação a este destempero da senadora foi à altura. Na Câmara dos Deputados, a deputada federal Josi Nunes se portou contundente ao dissecar a trajetória política da senadora e da tribuna daquela Casa de Leis destacou que Kátia Abreu faz uso da mesma cartilha de sempre, passando por vários partidos, apoiando vários candidatos a governo e, logo em seguida, abandona-os, por não conseguir ver os seus interesses individuais e familiares atendidos, e em seguida reaparece soltando a sua fúria peculiar contra o governo que ela defendeu e ajudou a eleger pela terceira vez. A parlamentar disse ainda que a tática dela é a mesma: hoje assume uma posição, amanhã assume outra totalmente contrária, consolidando uma postura demagógica e populista de quem está com os olhos voltados para 2018.
Foi nesta mesma linha que seguiu o também deputado federal Cesar Halum, que da tribuna do parlamento federal, disse de alto e bom som, que a Kátia Abreu é oportunista, pois foi eleita duas vezes às custas do governador Marcelo Miranda, porque sozinha não ganharia a eleição, e mesmo com muito esforço dos peemedebistas, só consegui com 0,7% de diferença. Ele disse ainda que, a senadora aproveita a imprensa para ganhar visibilidade, com pretensões eleitoreiras, apesar da falta de apoio. Segundo o mesmo, é por esta dura realidade que ela está articulando a candidatura ex-presidente Dilma Rousseff, que comporia a sua chapa, disputando uma vaga de senadora pelo Tocantins. Na oportunidade o deputado garantiu que este desespero é porque Kátia Abreu não encontra um líder tocantinense que queira fazer parte de seu projeto politico.
Uma trajetória inconveniente
A trajetória da senadora Kátia Abreu se confunde com noticiários de rodapé de impressos de periferias, basta observar que no cenário nacional a congressista só ganhou notoriedade devido o enfrentamento com o Governo Lula, momento em que contribui significativamente para enterrar a CPMF, fato que foi esquecido pelos petistas quando ela, novamente, por pura conveniência politica, virou “amiguinha de infância” da presidente Dilma Rousseff que, sensibilizada pelos atos solidários da parlamentar, a presenteou com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e ali, também por conveniência, abandonou a pauta do agronegócio, que muito bem defendia como presidente da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, onde hoje os atuais dirigentes não aceitam seu regresso, e como recado determinaram que, sua foto oficial como indesejada mandatária da instituição, fosse alojada na gaveta do arquivo morto.
Como dilmista para todas as horas, Kátia Abreu, abraçada novamente às conveniência politicas, não engoliu, não engole e não engolirá o presidente Michel Temer, estrela principal do seu partido, o PMDB. Buscando forças para desestabilizar o a atual ocupante do Palácio do Planalto, a senadora aliou-se a uma das figuras públicas mais contestadas do Brasil, Renan Calheiros. Juntos, inauguraram em Brasília, uma “parceria de interesses particularizados”, iniciativa vigiada de perto pela Força Tarefa da Lava Jato. Com a desfaçatez de uma união com viés voltado para ações à margem da legalidade, a dupla então armou, na residência da senadora, um jantar com o único proposito de consolidar a voz caolha e desmerecida dos dois senadores. Ela, por conveniência, crente no silêncio conivente das autoridades fiscalizadoras, certa da morosidade da Justiça e amparada por milhões de eleitores, todos hipnotizados e contaminados pelos recursos oriundos dos cofres do “Departamento de Propina” da Odebrecht, sassaricava luminosa pelas redações da grande imprensa, se vendendo diferente. A casa caiu!!!
Aliança sem povo
Esta recém inaugurada aliança entre Kátia Abreu e Renan Calheiros, certamente não foca a defesa dos interesses públicos. Por um lado, a congressista tocantinense investia na visibilidade conveniente para disputar o Palácio Araguaia em 2018, a seu modo, acreditando que sua luminosidade de “paladia da moral e da ética” nuca seria apagada pela Operação Lava jato. Por sua vez, o senador alagoano está muitíssimo preocupado com sua situação, complicadíssima, pois ele 13 investigações na Lava Jato. O líder do PMDB também reage à perda de força política. Além disso, ele tenta reverter o sentimento popular em seu Estado, que não lhe é favorável. O mais recente levantamento do Paraná Pesquisa indica que, se a eleição fosse hoje, Renan Calheiros seria 3º ou 4º mais votado para senador. O Resultado aponta Ronaldo Lessa (PDT) e Teo Vilela (PSDB) favoritos ao Senado, enquanto ele está empatado com Benedito de Lira (PP).
Recentemente, em ato de consolidação dos interesses destes dois malfeitores, o senador Renan Calheiro reclamou para Kátia Abreu, que tem menos espaço no Governo de Michel Temer do que tinha na gestão de Dilma Rousseff. Afirmamos aqui, pelos que já lemos e pesquisamos, que esta queixa é verdadeira. No Governo do PT, ele controlava a bilionária Transpetro, e dali canalizou ilicitamente milhões de reais para suas campanhas politicas e de seus apaniguados. Este currículo do senador alagoano, em forma de ficha policial, deve ter cimentado novas perspectivas políticas na alma de sua nova aliada, que novamente com os olhos voltados para o Tocantins, anunciou uma iniciativa que beira a irresponsabilidade. Em apoio à criação de uma associação de ex-prefeitos, ela quer que defensores públicos, pagos com recursos do Tesouro Estadual, atuem nas defensas destes ex-gestores que, enquanto administravam seus municípios, praticaram os mais variados atos de corrupção, e agora, tendo a senadora Kátia Abreu como aliada, conhecedora dos caminhos opostos à legalidade que é, querem fugir de suas responsabilidades, burlando as normas na tentativa de escapar das garras da justiça.
Adjetivos ofensivos
Esta senadora, que durante anos rabiscou invencionices coloridas na mente do povo tocantinense, fazendo crença de sua respeitabilidade para com a coisa pública, se mostra agora desnuda de moral e ética, e assim é retratada nos mais importantes veículos de comunicação do Brasil. Ela agora está despida da áurea da seriedade, pois a delação do executivo Cláudio Melo Filho, a destacou como um exemplo da arrogância e truculência para receber a propina da Odebrecht. Segundo o delator em questão, por força do oficio, foi obrigado a atender uma ligação telefônica, e do outro lado se identificou a parlamentar tocantinense, dizendo que já tinha acertado com o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que queria ajudá-la e por isso ela estava ligando para receber os recursos ilícitos, imediatamente. Ele garante que não acreditou nela e então foi destratado com inúmeros adjetivos ofensivos, o que para o povo tocantinense é próprio da congressista em questão. Esta é a Kátia Abreu que temos. Alguns desavisados querem outra, mas é essa a única disponível, e provavelmente, por suas conveniências políticas, será descartada pela maioria dos eleitores, em qualquer eleição.